Na disputa entre fintechs (financeiras digitais) e os “bancões” tradicionais, quem sai no maior prejuízo são os bancos locais, instituições menores que estão correndo atrás e querem mostrar que também estão surfando na onda de modernização do atendimento que prestam aos seus clientes.
No final do último semestre, instituições tradicionais como o Paraná Banco e o Banco Bari, por exemplo, anunciaram mudanças significativas em suas estratégias para se adaptar a forte concorrência.
Renovação e investimentos
Com sede em Curitiba, o Paraná Banco anunciou em julho, quando completou 40 anos, um investimento de R$ 20 milhões em marketing, valor quatro vezes maior do que vinha aplicando até então nessa área. Desse montante, R$ 16 milhões são destinados apenas ao marketing digital.
Prometendo abrir contas online em menos de 10 minutos o banco curitibano também criou as submarcas PB Consignado e Paraná Banco Investimentos. Mirando na contratação de empréstimo consignado pela internet, a instituição está se fiando na credibilidade que tem na praça e na experiência de mercado para convencer os clientes que tradição tem, sim, peso no mercado.
Também pensando em diversificar seus produtos e trazer o banco para o digital, o antigo Banco Barigui, nascido há 24 anos em Curitiba, anunciou no mesmo mês sua transição de marca, alterando o nome para Banco Bari. Olhando para o mercado nacional, a instituição ousou ao lançar um cartão de crédito com limite de R$ 1 milhão. A garantia é um imóvel.
O presidente do Banco Bari, Rodrigo Pinheiro, diz que a modernização está aliada a expertise da instituição no mercado imobiliário. “O grupo securitizou mais de R$ 6 bilhões de crédito imobiliário, originado e de terceiros”, enumera Pinheiro.
“Aproveitamos a nossa ampla experiência na modalidade de empréstimo com garantia de imóvel, junto com a excelência operacional, para trazer os benefícios desse crédito para dentro de um cartão, unindo praticidade, tecnologia e inovação”, justifica.
Novas bases
Na briga pelo mercado local de crédito, as financeiras regionais também estão de olho nas fatias de mercado, uma das outras. O catarinense Banco da Família, por exemplo, que atua no Paraná, em União da Vitória, desde o ano passado, também já anunciou expansão para outras quatro cidades do interior.
Especializada em microfinanças e com uma carteira de 20 mil clientes sulistas, a organização pretende iniciar o atendimento em Bituruna, Cruz Machado, General Carneiro e São Mateus do Sul, até o final desse ano.
A estratégia comercial é simples. Olhando para famílias de menor renda, que não tem acesso ao sistema financeiro tradicional, o banco se estabelece em cidades com os menores índices de desenvolvimento humano, não atendidas pelas instituições financeiras tradicionais. Munidos de celulares, tablets e internet, agentes de crédito da instituição são treinados para ir até a casa das famílias e oferecer, digitalmente, o atendimento bancário.
“Nestes municípios, o nosso plano é fazer uma operação remota. Capacitamos pessoas que buscam, presencialmente, novos clientes e, depois de gerado um volume de negócios expressivo, levamos uma sede física”, explica a presidente da instituição, Isabel Baggio.
“Não queremos de forma alguma perder o nosso DNA que é o contato presencial e personalizado com as famílias, mas não pretendemos ficar atrás quanto ao uso da tecnologia. Nosso desafio é usar esses recursos para acelerar o processo de atendimento e ajudar nossa expansão na região sul do país”, arremata.