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Durante pandemia

Público feminino, startups e FGTS impulsionam empréstimos do BRDE

Wilson Bley Lipski, presidente do Brde (Foto: Gilson Abreu / AEN)

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Os números divulgados pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) mostram que a instituição fechou, em 2021, um valor total de negócios 61,4% maior do que no ano anterior. Os mais de R$ 4 bilhões negociados pelo banco foram comemorados pelo presidente Wilson Bley Lipski, em entrevista à Gazeta do Povo.

Para ele, os bons resultados são fruto da diversificação de fundos de financiamento oferecidos pelo BRDE. Além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já chegou a responder por 99% dos recursos captados pelo BRDE, a instituição agora conta cada vez mais com opções diferentes de financiadores. Entre esses fundos estão oito grandes empréstimos feitos com instituições internacionais e outras opções que antes não estavam disponíveis para o setor privado, como os recursos do FGTS.

“Os recursos oriundos do BNDES estão ficando mais caros. Estamos falando de uma taxa de juros nominal entre 3%, 3,5%, mais uma Selic de 11,75%, já dá mais do que 1% ao mês. Por isso nós fomos diversificar a nossa captação, e conseguimos encontrar no FGTS recursos que antes eram carreados somente para o setor público. Conseguimos trazer esses recursos para o setor privado. O BNDES começou a colocar políticas restritivas, e nós precisamos diversificar as nossas opções. Se não o fizéssemos, provavelmente nossos números não chegariam a R$ 1,7 bilhão em contratação em 2021”, apontou o presidente.

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Comércio e serviços fecharam mais empréstimos do que o agronegócio

A busca por novas fontes de financiamento permitiu ao BRDE oferecer opções mais adequadas às demandas que surgiram durante a pandemia. Assim, o agronegócio, que sempre foi o principal setor a buscar financiamento no BRDE, foi ultrapassado pelas áreas de comércio e serviços no ano passado – praticamente um a cada três financiamentos fechados pelo banco foram para esses setores do mercado.

“O agronegócio e as cooperativas são os nossos maiores parceiros, os nossos grandes clientes do BRDE. Só que nesse ano houve esse movimento diferenciado, e nós conseguimos pulverizar mais os nossos recursos. Isso nos permitiu fechar mais de 9 mil contratos diretos. Se formos contar os indiretos, esses fechados por meio desses parceiros, como as cooperativas e as operações de segundo piso da Fomento Paraná, nós passamos de 70 mil contratos. Isso para um banco de desenvolvimento é um número muito substancial”, comentou Lipski.

Banco contou com novidades para aumentar volume de negócios

O programa BRDE Empreendedoras do Sul foi lançado em março de 2021 e é apontado como uma das novidades que alavancaram os bons números do banco, explica o presidente. O público-alvo são as produtoras rurais e as empresas com mulheres em cargos de comando, ou com no mínimo 40% de sócias. Somente no Paraná este programa movimentou R$ 32,1 milhões – nos quatro estados onde o BRDE atua foram R$ 96,2 milhões financiados por meio dessa iniciativa.

O banco também oferece o BRDE Labs, um programa de aceleração de startups. Só no ano passado cerca de 4 mil pessoas foram impactadas com lives, mentorias e treinamentos. Em parceria com a Hotmilk, da PUC-PR, o programa contou com 177 startups paranaenses cadastradas. Destas, 18 passaram pela fase de pré-aceleração e 9 avançaram para a aceleração. Para 2022 o programa trabalhará projetos dentro do tema ESG – Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança, em português).

Outro destaque importante citado por Lipski foi o Banco do Agricultor Paranaense. O instrumento, criado pelo Governo do Paraná, auxilia produtores rurais, cooperativas, associações de produção, comercialização e reciclagem, além das agroindústrias familiares. Projetos destinados à irrigação e que utilizem fontes renováveis de geração de energia também podem buscar financiamento junto ao BRDE. Somente no ano passado, o Banco do Agricultor negociou R$ 43,7 milhões com mais de 350 agricultores.

Baixa inadimplência e assertividade dos analistas de crédito

A inadimplência nos contratos aumentou de 2020 para 2021, impactada principalmente pela pandemia. Mesmo assim, o índice de atual de contratos não honrados em dia ainda é considerado aceitável pelo presidente do BRDE. “Subimos de 0,32% para 0,58%, reflexo da pandemia. Mas ainda é um número que está longe da média do sistema financeiro nacional, que passa dos 2,70%”, citou.

Na avaliação do presidente, os bons resultados nesse quesito são fruto da assertividade dos analistas de crédito da instituição. O relacionamento entre banco e cliente, exemplificou Lipski, é quase como se os analistas se tornassem padrinhos e madrinhas dos empreendimentos financiados. O foco, garantiu, é ter a certeza de que os recursos serão aplicados em negócios que fazem a economia girar, criam empregos e impulsionam o desenvolvimento da região.

“Nós estamos querendo agregar valores a essa operação, não é só entregar dinheiro pensando nas garantias. Nós queremos saber se esse contratante vai manter os empregos, vai gerar mais postos de trabalho. São esses os compromissos que nós estabelecemos ainda mais durante a pandemia, garantir que esses contratos, esses empréstimos gerem desenvolvimento econômico dentro dos estados nos quais nós trabalhamos. Nós fomos nos adaptando a essas realidades, tentando garantir o objetivo maior do banco, que é esse atingimento social de uma boa entrega de crédito. Nós buscamos sempre ter produtos adequados para que quem nos procure consiga gerar empregos e desenvolvimento econômico e social”, finalizou.

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