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Paraná S.A

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Polo têxtil

Com matéria-prima escassa, roupas “Made in Paraná” devem ficar mais caras

Setor de têxteis sofre com a preferência para exportação do algodão brasileiro (Foto: Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo)

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Após meses de parada para conter a Covid-19, as confecções paranaenses enfrentam agora outra dificuldade: a falta de matéria-prima. De acordo com Admir Fariz Nabhan Filho, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Cianorte (Sinveste) – o Noroeste é o principal polo têxtil do estado – há escassez de fios, algodão e tecidos, além de preços mais elevados que, por fim, deverão ser repassados aos consumidores.

De acordo com Nabhan Filho, “está havendo um aumento de preço por falta de mercadoria vinda da tecelagem”. “Como a gente tem contato com muitas empresas do setor [que fabrica o tecido], sabemos que várias ficaram paradas muito tempo. Basicamente de três a quatro meses sem produção”, diz. Com isso, essas empresas queimaram seus estoques e não conseguem abastecer as confecções, que fabricam as roupas, de fato.

A situação teve ainda um agravante: dólar alto. Com preços mais atrativos no mercado internacional, os produtores de algodão e as tecelagens passaram a enviar a matéria-prima  (algodão e fios de costura) para fora, deixando o mercado interno descoberto. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), entre agosto de 2019 e julho de 2020 houve aumento de quase 50% nas exportações do produto.

Da mesma forma, a importação de algodão e tecido se tornou inviável para os fabricantes brasileiros de roupa “As empresas nacionais não têm o que fazer, nem como competir. Como você vai importar com esse dólar alto?”, questiona o presidente do Sindiveste.

Nabhan Filho indica que a situação tende a piorar, já que há uma demanda crescente pelo vestuário produzido no Paraná. “A gente tem informação aqui em nossa região que essa última coleção, que vai entregar agora, de primavera verão e alto verão, está sendo muito aceita. A expectativa do lojista está muito elevada. A demanda da região está alta e [direcionada] para vários cantos do Brasil”, diz. Com essa junção de fatores, é provável que o consumidor sinta o peso no bolso. “Não posso responder por cada empresa. Mas, no apanhado geral, é difícil não repassar [o aumento de preço], porque você compra o tecido mais caro”, destaca.

Dono de duas empresas de camisetas em Apucarana, Hamilton Valeriano indica que seus custos de produção se elevaram em cerca de 25%. “Uma camiseta básica que me custava R$ 6 foi a R$ 7,50. Em escala, isso aumenta muito o nosso preço”, descreve.

Na análise do presidente da Sindiveste, a situação deve melhorar se houver uma nova valorização do real frente ao dólar, o que aumenta o clima de incerteza no setor. Em entrevista à Agência Estado, no entanto, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel, se colocou mais otimista, indicando que entre 90 e 100 dias a oferta e demanda se equilibram, contendo a alta do preço para o consumidor.

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