Se enfrentar a crise é inevitável, estar preparado torna a batalha menos árdua. Nesta semana, a prefeitura de Maringá e o Sebrae local apresentaram o que chamaram de Plano de Retomada da economia da região para o durante e o pós-pandemia. O trabalho é fruto de um esforço coletivo de diversas entidades, mas que encontrou diálogo com as sociedades empresarial e civil graças ao poder de articulação do forte Conselho do Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem).
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Criado em 1996 por lei municipal, o conselho maringaense é um apoio à prefeitura na proposição e execução de políticas de desenvolvimento econômico. Reúne representantes de diversos segmentos da sociedade, como educação e empresariado.
Da década de 1990 para cá, foi fundamental para o desenvolvimento do município do Noroeste do estado. “Nos últimos anos, a cidade tem sustentado bons índices de qualidade de vida. Maringá liderou por dois anos [2018 e 2019] o índice Macroplan [que avalia cem cidades com mais de 273 mil habitantes em diversas áreas]”, contextualiza o economista Élcio Frade, também advogado e consultor empresarial na cidade.
Atualmente, a cidade ocupa a segunda posição neste ranking, que avalia serviços como um todo, não apenas o aspecto econômico. “Mas ele [o fator economia] tem um peso considerável. E muito pelo trabalho do Codem, que consegue unir os empresários, comerciantes e classe política, colocá-los em uma mesa e unificar as pautas importantes para a região”, destaca.
Um dos criadores do Programa Oeste em Desenvolvimento, que tem ajudado a região mais ocidental do estado a obter bons resultados econômicos, o ex-presidente da Itaipu Binacional Jorge Samek admite que a inspiração do consórcio no Oeste foi o modelo maringaense. “Levamos o pessoal [do Codem] para conversar com empresários da nossa região”, relembrou em entrevista recente à Gazeta do Povo. “Eles perguntaram qual era nossa prioridade. Aí o pessoal entendeu a importância de organizar as pautas”, apontou.
Vitórias no curto prazo e apostas no longo
Esse esforço coletivo resultou em uma série de vitórias ao longo desses 24 anos. A mais recente delas está em fase final de implementação. Há poucos dias, o município concluiu seu edital de chamamento público para empresas interessadas em participar de um laboratório do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) em Maringá. De acordo com o conselho, o objetivo é atrair empresas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) na área de saúde, na qual o município tem se destacado.
“Ser um ambiente de inovação é uma das premissas do Parque Científico e Tecnológico do Tecpar em Maringá, que deve reunir empresas de base tecnológica com produtos e serviços que sejam resultados de atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico ou de inovação”, afirmou o diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado, no mês passado. “Nosso objetivo é que este espaço seja referência na área de inovação para o país e um propulsor para a economia regional, com atração de investimentos que gerem empregos qualificados na região”, disse.
No início da negociação sobre o Tecpar maringaense com o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), em fevereiro de 2019, o chefe do Executivo rasgou elogios ao modelo de sociedade organizada. “Queremos implantar esse mesmo modelo [de conselho de desenvolvimento], que já é sucesso em Maringá, no Paraná. É para que a gente possa pensar o estado no futuro”, disse o governador.
Além das pautas de curto e médio prazo, o grupo investe em estudos para daqui a décadas. Com outras entidades, o Codem financiou uma pesquisa extensa e criou um plano estratégico chamado “Masterplan Metrópole de Maringá – Plano Socioeconômico”. O trabalho identificou potencialidades regionais e estabeleceu diretrizes para a cidade as explore nestes próximos anos. Uma destas áreas é justamente a tecnologia em saúde – foco da Tecpar na cidade.
Novo desafio é a pandemia
A organização parece apontar um caminho para que Maringá supere a crise causada pela pandemia. De acordo com pesquisa da força-tarefa do Plano de Retomada da cidade, 91,1% dos empresários locais tiveram seus negócios afetados. Neste universo, 27% precisaram suspender as atividades e 28% readequaram as atividades. A crise afetou setores como turismo e hotelaria, eventos, petshops e serviços veterinários, comércio de vestuário, calçados, acessórios e academias.
Embora 60% deles tenham declarado que não precisaram demitir, 36% tiveram de reduzir equipes de março para cá.
Para amenizar a situação, o Codem prevê uma série de ações, como o lançamento de um portal que funcionará como um centro de apoio ao empreendedor com informações importantes para o setor produtivo. Também serão fortalecidos serviços online e de capacitação. O Conselho pretende ainda criar uma plataforma de conexões, o Made in Maringá, para levar à cidade soluções de inovação, além de incentivar compras locais, elaborar vídeos de cases de sucesso e bancos de currículo.
Dentro dessa estratégia, o presidente do conselho, Wilson Matos Filho, indicou, em entrevistas recentes, que pretende, inclusive, juntar os municípios limítrofes. Muitos dos trabalhadores de Maringá moram em cidades da região, como Sarandi, Marialva e Mandaguaçu. Para isso, a entidade criou um Fórum de Integração Regional, uma câmara técnica que deve fazer essa interlocução, ampliando a cooperação para além da Cidade-Canção.
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