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Cooperativismo

Viacredi cresce no PR impulsionada pela divisão do lucro com os cooperados

Fundada em Santa Catarina, Viacredi investe no Paraná como estratégia de ampliação. (Foto: Aline Assis)

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Na próxima semana, os 830 mil cooperados da Cooperativa de Crédito Viacredi vão receber R$ 104 milhões de sobras. O valor é o dinheiro que restou no caixa, depois de abatidas as despesas e os impostos, a partir de uma receita bruta de R$ 277 milhões, que foi o resultado do ano de 2021. Se fosse um banco, seria o lucro dos acionistas. Como trata-se de uma cooperativa, os recursos são chamados de "sobras" e são rateados entre os cooperados, proporcionalmente à movimentação de cada um dentro da instituição. É como se o banco distribuísse seus lucros entre todos os seus clientes.

A distribuição dos resultados é o grande chamariz da cooperativa para atrair novos cooperados. Com sede em Blumenau, em Santa Catarina, a Viacredi está ampliando sua atuação em território paranaense, onde começou a operar em 2019 e já conta com 66 mil cooperados. Nesta terça-feira (19) inaugurou seu décimo posto de atendimento no estado, no prédio da Associação Comercial do Paraná, no centro de Curitiba.

Mas não é só na distribuição de resultados que a cooperativa aposta para atrair novos cooperados e crescer. Como uma instituição financeira que não visa lucro, oferece taxas de juros mais baixas em financiamentos e empréstimos, cerca da metade em comparação a bancos tradicionais. Em algumas linhas especiais, a carência (prazo para iniciar o pagamento de empréstimos) pode ser maior do que no modelo convencional. A Viacredi é bastante focada no microcrédito e, por conta de todos os diferenciais, tem taxa de inadimplência cerca de 30% a 40% menor em comparação aos bancos.

Além das vantagens financeiras, é no relacionamento com o cooperado que a cooperativa investe para crescer. “Trabalhamos na base do olho no olho, recebemos os cooperados em nossos postos de atendimento e orientamos, sempre buscando a melhor solução para cada caso”, explica Vanildo Leoni, diretor executivo da Viacredi.

População urbana desassistida pelos bancos é o público-alvo

Ele destaca que o público-alvo da cooperativa é a população urbana e, especialmente, aquela desassistida pelo setor financeiro tradicional, os bancos. “No meio rural, o cooperativismo de crédito já é bastante consolidado, com a oferta de soluções específicas”, observa Leoni. Por isso, segundo ele, a Viacredi é mais voltada à área urbana. Cerca de 90% dos cooperados são pessoas físicas, das classes B, C e D.

“Estima-se que entre 25% e 30% da população brasileira não têm acesso a bancos. Por outro lado, menos de 3% estão ligados ao cooperativismo de crédito. Nosso propósito é promover a inclusão desse público ao sistema financeiro, não apenas oferecendo o serviço, mas a orientação”, destaca Leoni.

Plano de expansão abrange 15 municípios do PR

A Viacredi tem 70 anos de atuação e é a maior cooperativa de crédito do Brasil. Está presente em 29 municípios, sendo 25 em Santa Catarina (no Vale do Itajaí), e quatro no Paraná (Curitiba, São José dos Pinhais, Pinhais e Piraquara). A próxima expansão será para Almirante Tamandaré, Araucária, Colombo e Fazenda Rio Grande.

O plano de expansão, aprovado em assembleia pelos cooperados, inclui ainda chegar a outros municípios paranaenses nos próximos anos: Adrianópolis, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Itaperuçu, Quatro Barras, Rio Branco do Sul e Tunas do Paraná.

A cooperativa foi constituída em 1951, a partir da união de trabalhadores da Cia. Hering, em Blumenau (SC). Somente a partir de 2001 foi aberta à comunidade e em 2002 passou a fazer parte do Sistema Ailos, que hoje reúne 13 cooperativas singulares. Atualmente, a Viacredi tem 2 mil colaboradores, 106 postos de atendimento, R$ 9 bilhões em ativos, R$ 8 bilhões em operações de crédito e R$ 6,7 bilhões em depósitos totais.

A projeção para esse ano é crescer 20% em número de cooperados e 25% em volume de crédito. Nos dois últimos anos esses percentuais foram maiores por conta da pandemia de Covid-19. “No primeiro ano da pandemia, o crescimento nas operações foi de 48% e no segundo, de 35%”, informa Andreia Seiler, gerente regional da Viacredi no Paraná. Segundo ela, o aumento foi devido ao maior suporte e atendimento personalizado no momento em que as pessoas mais precisaram do crédito.

Slogan de "não deixar as pessoas mais pobres"

A gerente explica que uma cooperativa de crédito oferece todos os serviços e produtos que um banco: cartão de crédito, crédito pessoal, financiamento de veículos, previdência, seguro, entre outros. “Orientamos também as pessoas a poupar, a fazer um planejamento financeiro a partir de qualquer valor, o que não é um hábito da nossa população”, observa. Ela acrescenta ainda que, na cooperativa o cooperado é dono do negócio e participa de todas as decisões, por meio de assembleias.

Segundo Andreia Seiler, de acordo com cálculos da cooperativa, as operações bancárias nos 29 municípios onde a Viacredi atua teriam custado R$ 1,4 bilhão a mais em 2021, se não existisse o cooperativismo de crédito.  “Este foi o valor economizado. A cooperativa de crédito pode não tornar as pessoas mais ricas, mas, certamente, não as torna mais pobres”, pontua.

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