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Cooperativa
Cooperativas do Paraná tiveram excelente resultado em 2020| Foto: Michel Willian/Arquivo/Gazeta do Povo

Se o mundo atravessou um ano de turbulências econômicas, as cooperativas agropecuárias voaram. Com os balanços de 2020 fechados -- ou fechando, em alguns casos -- muitas destas empresas ostentam números recordes de faturamento, impulsionados principalmente por uma demanda inesperada de alimentos nos mercados externo e interno e pelo dólar alto.

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A Copacol, para exemplo, chegou a R$ 5,6 bilhões de faturamento em 2020, um crescimento de quase 30% comparado a 2019. Os números da empresa sediada em Cafelândia são impressionantes: nas 20 unidades do Oeste e do Sudoeste do Estado, a empresa recebeu 20,4 milhões de sacas de grãos. "O esmagamento de soja foi de 647,8 mil toneladas. A produção de farelo atingiu 480,6 mil toneladas. Já em óleo degomado a produção saltou para 128,7 mil toneladas", descreveu a empresa.

Na Cooperativa Agroindustrial Copagril, de Marechal Cândido Rondon, a alta em relação a 2019 foi de 43%. O que puxou o número foi o aumento na recepção de grãos (ou seja, mais produtores enviando suas safras): a cooperativa recebeu 82% mais soja e 128% mais trigo do que no ano anterior. “Superamos os R$ 2,5 bilhões em faturamento, uma marca histórica para a Copagril e que representa um bom aumento no comparativo com o ano anterior”, destacou o diretor-presidente, Ricardo Sílvio Chapla, na apresentação dos resultados.

A Cocamar, sediada em Maringá, bateu o recorde histórico com o faturamento de R$ 7 bilhões em 2020, um dos melhores resultados no estado. O número foi puxado pela expansão no recebimento de soja, milho e trigo. Da mesma forma, Lar, C.Vale, Integrada, Coamo e uma série de outras cooperativas alcançaram cifras bilionárias.

No balanço do setor, a certeza de que foi um ano longe dos padrões. "Nós fechamos 2020 com R$ 116 bilhões [de faturamento]. A nossa meta era R$ 98 bilhões", destaca José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, entidade sem fins lucrativos que representa as cooperativas do estado. O valor se refere ao faturamento do conjunto das 217 cooperativas paranaenses representadas e, embora nem todas elas sejam do agronegócio, o campo responde por 84% dos ganhos do conjunto.

Os bons números são reflexo de uma conjuntura que beneficiou o agronegócio. "São várias as razões. Tivemos, por exemplo, uma safra cheia. Também tem uma explicação na pandemia. Cresceu a demanda internacional por alimentos. Os países não produtores estocaram com medo da escassez. [Os países da] Ásia, principalmente. Quando cresce a demanda, o mercado reage com preços mais adequados", descreve. "Além disso, o dólar se sustentou em níveis elevados. A combinação [de mais vendas com o valor da moeda americana] deu uma rentabilidade melhor às cooperativas. Isso se refletiu em faturamento", explica o presidente da Ocepar.

Ricken destaca ainda dois pontos: o aumento do consumo interno, impulsionado principalmente pelo auxílio emergencial, e o fato de o agronegócio praticamente não ter parado durante a pandemia. "[Parar] Seria um caos, causando desabastecimento. A continuidade fez, inclusive, com que se desse sequência aos investimentos. Tivemos aumento de 10,8 mil empregos. Foram novos projetos que começaram a funcionar. isso é emprego direto, fora os indiretos", avalia.

Para 2021, a tendência, segundo a Ocepar, é que o faturamento siga alto, ainda que com mais gastos na produção -- com o dólar caro, o custo para o produtor comprar insumos importados também sobe, algo que foi menos intenso em 2020. "Essa realidade não se modificou. Não estamos fora da pandemia. Ela se acirrou em alguns pontos. Tem a tendência de permanecer nesse ano todo no mesmo ritmo, pelo menos até a vacinação", diz. "E tem mais um detalhe: no momento em que você ganha o mercado, não costuma haver retrocesso. Você se consolida naquele ponto. [Neste ano] Nós avançamos [em novos mercados] e a tendência é mantê-los", indica.

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