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Puxadas pelo excelente momento do agronegócio, as cooperativas paranaenses têm planos altos de voo para os próximos anos. Após superar os R$ 100 bilhões de faturamento em 2020, as mais de 200 cooperativas que atuam no Paraná lançaram em julho, oficialmente, um conjunto de metas para chegarem a R$ 200 bilhões faturados/ano até 2029. Ou mesmo antes disso, casos os cenários mais otimistas se confirmem.
Chamado de Plano Paraná Cooperativo 200 (PRC200), o projeto é um planejamento estratégico e conjunto das cooperativas do estado. Juntas, elas se comprometem a fazer investimentos, melhorias de produção e outras ações para engordar o bolo faturado no estado.
"De julho do ano passado até julho deste ano, nós ouvimos 1,2 mil pessoas. Fizemos entrevistas com os presidentes [de cada cooperativa], levamos para as regionais, analisamos com especialistas externos, avaliamos em pré-assembleia. Em abril [de 2021] levamos para a assembleia das 217 cooperativas e elas aprovaram [o planejamento]”, descreve José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, entidade que congrega as cooperativas paranaenses.
Para bater a meta, as cooperativas estão dispostas a investir mais de R$ 30 bilhões até 2026. Ricken destaca que o volume será direcionado principalmente à industrialização da produção agrária, que agrega valor tanto no mercado interno quanto nas exportações. “Podemos dizer que quase dois terços dos investimentos serão direcionados à agroindústria, quase um terço à infraestrutura, como armazenagem, e o residual à automação e tecnologia”, aponta o presidente. Dentro deste volume, industrialização de suínos e aves serão as principais apostas.
Apesar de as metas incluírem empresas dos diversos segmentos organizados pela Ocepar, como crédito, saúde e transporte, é o agronegócio que tem o maior peso no faturamento – responde por cerca de 85% dos ganhos das cooperativas.
Em 2020, as cooperativas paranaenses atingiram um faturamento de R$ 115,7 bilhões. Pelos cálculos da Ocepar, a barreira dos R$ 200 bilhões pode ser ultrapassada em 2025, em um cenário otimista, em 2026, em um cenário realista, ou 2029, em um panorama conservador. "A realista é mais ou menos a tendência dos últimos dez anos, baseada no histórico e nos investimentos que estão sendo feitos. Se continuarmos nos próximos anos com a possibilidade de ter um índice maior [de faturamento], como foi no último ano [considerado atípico], poderemos terminar em 2025. Se a pandemia continuar ou houver problemas de mercado, e aí entram diversas variáveis, devemos chegar aos R$ 200 bilhões em 2028 e 2029", diferencia o presidente da Ocepar.
Fatores externos devem impactar faturamento das cooperativas
Apesar da boa perspectiva de investimentos das empresas, Ricken admite há outros fatores com grande influência nos resultados das cooperativas. Para ele, é preciso cuidados com a segurança sanitária, evitando contaminação de gripe aviária ou peste suína, e mantendo os padrões que garantiram ao estado o selo de “área livre de vacinação por febre aftosa”.
E há fatores externos. "O que impacta mais? Em primeiro lugar é a logística. Nossa estrutura permanecendo como está, não permite crescimento. Vai faltar energia, vai aumentar o custo extraordinário em rodovias, não tem ferrovia. A tendência que vemos é que isso vai mudar para melhor. Esse modelo de concessão das rodovias [o novo desenho do pedágio no Paraná] é muito mais transparente do que o dos anos 1990. Na ferrovia, tem o projeto da Ferroeste. Tem gente interessada em investir em infraestrutura. O governo tem que articular", indica.
Para o presidente da Ocepar, algo benéfico para o estado todo. "A diferença da cooperativa para a empresa, uma multinacional, por exemplo, é que nas empresas, o resultado não fica na origem. Ela tem que remunerar o acionista, o capitalista que a sustenta. Nós [as cooperativas, não]. Nós temos que remunerar o produtor. Destes 100 bilhões, 4% a 5% é de rentabilidade líquida. Ou seja, são R$ 5 bilhões que não vão embora. Isso gera negócio e novos investimentos. Muda uma cidade, muda uma região inteira", diz.