A paranaense Copel deu novo passo e está muito perto de concretizar a privatização de sua subsidiária de telecomunicações, a Copel Telecom. Nesta quarta-feira (19), a companhia realizou audiência pública com detalhes do negócio para potenciais compradores. A venda será feita por pregão na B3 (empresa que controla a principal bolsa de valores oficial brasileira) no terceiro trimestre deste ano e a expectativa é que o vencedor assine o contrato no início de 2021.
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A companhia não divulgou, no entanto, o lance mínimo para o arremate da telecom. O valor deverá constar no edital de alienação, a ser publicado nos próximos meses, a última etapa antes do leilão público na B3.
O presidente da subsidiária, Wendell Oliveira, apontou que o negócio é atrativo sobretudo pela infraestrutura criada pela empresa no Paraná nos últimos anos. “A gente está bem à frente dos concorrentes no quesito de penetração das fibras [ópticas] no Paraná”, disse durante o evento. O contrato envolve mais de 36 mil quilômetros de cabeamento de fibra óptica, que, em geral, fornece internet de mais qualidade e com mais estabilidade de sinal. A rede se estende por todos os 399 municípios do estado e está em perfeito estado, garante a companhia, que fez comparação com o mercado de automóveis. “A revisão dos carros nós já fizemos. Engenheiros nossos testaram fibra por fibra”, destacou o presidente.
De acordo com Oliveira, o negócio deve atrair compradores interessados em atuar em um mercado de alta tecnologia. “[Entendemos que a Copel Telecom será] O melhor parceiro para companhia de telefonia móvel que atuar no 5G”.
O presidente prevê um mercado potencial de um milhão de clientes para o adquirente. Hoje, a empresa tem 200 mil clientes e esses contratos serão repassados à nova controladora. Apesar de um bom portfólio e potencial de crescimento, a área de atuação da compradora será limitada, já que não existe a previsão de a telecom expandir suas redes para outros estados.
Copel Telecom aponta necessidade de venda, diante de concorrentes mais ágeis
A subsidiária da Copel entra na fila como última telecom estatal a ser privatizada no Brasil. Ela atua oferecendo internet e infraestrutura de telecomunicação. No mercado desde 1998, a empresa chegou a dominar 67% das telecomunicações via fibra óptica no estado, onde atua com exclusividade. Nos últimos anos, no entanto, a empresa viu a concorrência crescer e a dominância no segmento reduzir – embora a telecom ainda tenha 21,9% da fatia do mercado e esteja bem à frente da Vivo, segunda colocada, com 12%. Essa redução na diferença é tida como um dos fatores decisivos para a venda.
Pelos números da companhia, a telecom exigiu R$ 1,26 bilhão em investimento entre 2009 e 2018. “Hoje o Paraná é o estado que tem mais provedor de banda larga em fibra óptica no Brasil”, destacou Wendell Oliveira. Para ele, a limitação na capacidade de investimento da estatal dificulta a manutenção da empresa em bom posicionamento no mercado. A Copel Telecom não consegue, por exemplo, ter preço competitivo com as empresas que fornecem combo de serviço.
Apesar disso, a Telecom sustenta ter bons resultados. Em 2019, a receita líquida da empresa foi de R$ 410 milhões – como comparativo, em 2016, esse valor era de R$ 323 milhões. No primeiro trimestre deste ano, impulsionada pela demanda de conectividade causada pela pandemia, os resultados parciais indicam alta no desempenho financeiro: somente no primeiro trimestre desse ano, a receita foi de R$ 392 milhões.
Sem demissões
Nenhum dos 371 funcionários será demitido. O grupo será realocado para outras áreas da Copel, destacou o presidente da telecom. Segundo ele, o modelo de venda prevê a possibilidade de que os funcionários prestem serviço para a empresa compradora por seis meses, com o prazo podendo ser prorrogado, como forma de transição de comando.
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