Mirando vender turismo, produtos e projetos de infraestrutura, o Paraná desembarca neste domingo (10) nos Emirados Árabes. Ao longo da semana, o estado conduz uma série de rodadas de negócios na Expo Dubai, uma das maiores feiras de negócios das últimas décadas, com um cardápio recheado de oportunidades. Em foco, um mercado com potencial bilionário, mas ainda pouco explorado pelo setor produtivo paranaense: o árabe.
O Paraná é o primeiro estado a assumir o pavilhão brasileiro na feira, que começou no dia 1º e segue até o fim de março de 2022 – o evento deve reunir 25 milhões de pessoas em seis meses. Em um espaço de mais de 4 mil metros quadrados, o estado exibirá a investidores e empreendedores de todo o mundo, mas especialmente dos países árabes, as opções de negócios em solo paranaense.
E o clima de otimismo da comitiva paranaense é justificado. Estima-se que os Emirados Árabes concentrem cerca de US$ 3 trilhões somente em fundos de investimentos. Dinheiro pronto para ir parar em empresas locais ou em projetos de infraestrutura que o governo espera viabilizar nos próximos anos, como a Ferroeste.
Hoje, a parceria comercial entre o Paraná e os países árabes ainda é tímida e quase totalmente baseada em produtos agropecuários. Em 2020, de acordo com números do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o estado exportou US$ 1,1 bilhão para o mundo árabe (de um total de US$ 7,2 bilhões que o Brasil enviou para lá). Aos Emirados Árabes, especificamente, o estado gerou apenas US$ 203 milhões em exportações.
É pouco no universo de mais de US$ 16 bilhões em produtos que o Paraná enviou para fora do Brasil no ano passado.
É um número tímido inclusive nos produtos em que essa relação comercial é mais forte, como a carne halal -- cuja produção respeita as crenças de consumidores muçulmanos, a maioria religiosa no mundo árabe. Embora o Paraná seja o maior fornecedor mundial deste tipo de produto, sobretudo o frango, ainda há muito espaço para crescer.
“O governo do Paraná recebeu convite para participar de reunião com os maiores certificadores de carne halal do mundo. Se o maior certificador do mundo está convidando o governador [Carlos Massa Ratinho Junior, PSD] para conversar, é porque o mercado não está maturado. Está longe de ser bem aproveitado", diz Eduardo Bekin, diretor-presidente da agência de atração de investimentos do estado Invest Paraná. Ao lado do próprio governador, a agência está capitaneando a comitiva paranaense em Dubai.
Na Expo Dubai, Paraná vai atrás de turistas e dinheiro para obras de infraestrutura
A relação comercial privada terá um forte peso na participação paranaense na Expo Dubai. Com a comitiva paranaense estão quase 200 empresários, de mais de 70 empresas locais e de diferentes portes. "Estamos levando desde Copel, C.Vale e Coamo, que são as maiores do estado, a empresas pequenas. E isso que está sendo legal. Levar uma empresa grande é fácil, mas levar empresas pequenas de Guarapuava, Prudentópolis é uma experiência diferente", avalia o diretor-presidente da Invest Paraná.
De acordo com o gestor, são empreendimentos de cidades-polo do estado, municípios capazes de alavancar a economia de uma região inteira (Curitiba, São José dos Pinhais, Pato Branco, Guarapuava, Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Toledo e Foz do Iguaçu).
"Queremos mostrar [a força do Paraná em segmentos como] o nosso setor automotivo. Mostrar que somos o segundo polo do país nessa indústria, com fábricas da Volkswagen, Audi, Renault, CNH New Holland. Estamos levando também muitas empresas de wellness, conceito que envolve mais do que beleza; fala de também medicamentos e produtos vitamínicos", explica Bekin.
O diretor-presidente vê potencial de geração de negócios entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões de capital privado.
Mas a comitiva paranaense quer ir além. De acordo com a Invest Paraná, o objetivo é também vender o estado como um bom destino turístico para os árabes e o local certo para investidores em busca da gestão de obras de infraestrutura.
“O Paraná é uma indústria do turismo. Precisamos mostrar isso, caso contrário as pessoas pensam que o estado é somente Foz do Iguaçu. Esquecem que temos o Parque de Vila Velha, em Ponta Grossa, uma grande reserva de Mata Atlântica, em Curutiba. Temos uma agenda forte com a diretoria da Emirates [principal companhia aérea dos Emirados Árabes]. Queremos falar muito de foz do Iguaçu, mas também de Curitiba, do nosso Litoral, do turismo de aventura, do turismo de natureza”, indica Bekin sobre o primeiro dos pontos.
Quanto ao segundo, o diretor da Invest Paraná indica que está em busca de interessados para as licitações vindouras no estado, como a privatização da Ferroeste e o novo leilão do pedágio. “Temos as rodovias, o porto, que vai ter ampliação forte, temos a ferrovia, Só nesses três projetos, são mais de US$ 10 bilhões [em aporte esperado pelo estado]. E por que falar disso? A partir do momento que nossas licitações são internacionais, a gente traz players que vão jogar o preço [dos serviços] lá para baixo. Faz parte do plano de governo baixar os preços. Outro ponto é que podem haver tecnologias e ideias diferentes para as obras. O que é muito bom", diz.
A participação paranaense na Expo Dubai se encerra no dia 17 de outubro.
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