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Sem realização desde 2017, o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios retornou esse ano com a divulgação no começo de outubro das micro e pequenas empreendedoras que fizeram a diferença no Paraná em 2022.
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Na categoria Microempreendedora Individual, o prêmio foi para a cabeleireira Maria Cristina Cavassin, 57 anos, dona do salão Spazio Cris em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba. Já na de Pequenos Negócios, a vencedora foi Micheli Cerutti, 41 anos, proprietária do Empório Pomare, de Foz do Iguaçu. A produtora de queijos Franciele Rechembach Haselbauer, 29 anos, da empresa Rancho Fundo, do município de Salgado Filho, no Sudoeste do Paraná, venceu na categoria Produtora Rural.
Elas agora vão representar o estado na disputa da Região Sul em 10 de novembro. Se vencerem a etapa regional, representarão o Paraná na disputa nacional dia 23 de novembro, em Brasília.
A coluna Paraná S/A conversou com as três empreendedoras para saber como elas têm feito diferença não só nos negócios, mas também para a própria comunidade em que atuam. Antes, alguns dados que mostram a força do empreendedorismo feminino no Paraná.
Quase metade das micro e pequenas empresas (MPEs) paranaenses é administrada por mulheres. De acordo com o Sebrae-PR, do 1,6 milhão negócios desse porte no estado, 42% tem empreendedoras no comando, totalizando cerca de 836 mil negócios.
"Grande parte dessas mulheres é chefe de família. Por isso seus negócios representam não só a independência financeira dessas mulheres, mas também a força feminina na economia", comenta à Paraná S/A a gestora de Empreendedorismo Feminino do Sebrae-PR, Dianalu de Almeida Caldato, que ficou surpreendida com a quantidade de inscrições na volta do prêmio. "Foram 203 inscrições, o dobro do que prevíamos, reforçando a importância da valorização da mulher empreendedora", enfatiza.
Microempreendedora Individual - Maria Cristina Cavassin, de Colombo
A cabeleireira Maria Cristina Cavassin levou para o salão Spazo Cris, em Colombo, na região de Curitiba, a experiência da sala de aula. De 1984, ano de fundação do empreendimento, até 2016, quando se aposentou como professora da rede pública de ensino, Cristina compartilhou as tesouras com o giz. O que fez com que boa parte das colaboradoras do salão também se tornassem suas alunas.
Cristina montou no salão uma espécie de incubadora, onde ensina e orienta jovens carentes de Colombo os ofícios de cabeleireira e manicure. "Não ensino só parte técnica, mas também a como trabalhar. Mostro que precisa ter simpatia com o cliente, seguir processos no atendimento, que a gente tem que ter planos para o dinheiro que ganha", explica a empreendedora, vencedora da categoria Microempreendedora Individual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios no Paraná. "Isso é profissão e vocação, porque compartilhei por anos o trabalho na escola de manhã e no salão de tarde", reforça a cabeleireira.
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Cristina conta que fica sempre orgulhosa quando uma colaboradora deixa o seu salão para ter vida própria nos negócios. Como o caso da manicure que recentemente se desligou do Spazio Cris para abrir o próprio salão no bairro Santa Cândida em Curitiba, na divisa com Colombo. "A primeira vez que pedi para ela fazer a minha própria unha tirou cada 'bife' dos meus dedos... Dois anos depois, ela é uma manicure de mão cheia que saiu daqui com os próprios clientes dela", comemora Cristina.
"Eu perco alguns clientes com a saída delas, mas depois ganho outros. Tem para todo mundo que queira trabalhar. Então não me importo. O que importa é que fico feliz por elas", enfatiza Cristina.
A cabeleireira afirma que muito do conhecimento que passa às colaboradoras vem do Empretec, capacitação da Organização das Nações Unidas (ONU) fornecida pelo Sebrae, referência mundial de empreendedorismo. "Fiz o Empretec em 2018, quando aprendi processos de gestão de pessoas que agora repasso a elas", afirma Cristina, que começou cortando cabelo das irmãs na sala de casa e hoje administra o salão em Colombo.
Pequenos Negócios - Micheli Cerutti, de Foz do iguaçu
Fundada em 2002, o Empório Pomare começou coma venda de hortifrutis, chás e grãos em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. Vinte anos depois, a empresa comercializa 10 mil produtos saudáveis e sustentáveis, sendo boa parte de produção própria, iniciada em 2009. O negócio atende também no atacado, em especial hotéis e restaurantes da cidade turística da tríplice fronteira.
"Nós da Empore buscamos orientar os clientes a descascarem mais produtos e abrirem menos embalagens", explica Micheli Cerutti, proprietária do empório, que conquistou o prêmio do Sebrae-PR na categoria Pequenos Negócios.
A empresa faz uma série de ações para estimular o conceito de alimentação saudável entre os clientes. Uma delas é a Kombi do Bem, parceria com universidades em que educadores físicos, nutricionistas e outros profissionais da saúde orientam a população nos bairros de Foz do iguaçu.
"Buscamos constantemente a evolução. Por isso também apoiamos a alimentação equilibrada e prática de exercícios físicos. A nossa pegada é saudável e sustentável", enfatiza Micheli.
A empresa tem 80% do quadro de colaboradores formado por mulheres. Segundo Micheli, uma das políticas da empresa é estimular o crescimento dos colaboradores, em especial das mulheres. "Incentivamos nossos colaboradores e colaboradoras a estudar, a se aperfeiçoar porque na realidade somos uma grande família", pontua a vencedora da categoria Pequenos Negócios.
Produtora Rural - Franciele Rechembach Haselbauer, de Salgado Filho
A engenheira agrônoma Franciele Rechembach Haselbauer apostou alto em 2020. Ela e o marido decidiram que a propriedade rural da família no município de Salgado Filho, no Sudoeste, iria produzir queijo e não só leite.
"Quando você entrega o leite aos laticínios é a indústria que agrega valor. Como moramos em uma região distante, com pouca mão de obra, preferimos nós mesmos fazer queijo. Mas não em larga escala, e sim agregando ainda mais valor dentro da tradição da nossa região", explica Franciele.
Assim nasceu a empresa Rancho Fundo, que já no ano seguinte da fundação conquistou o selo Arte do Ministério da Agricultura que certifica nacionalmente as boas práticas agropecuárias e de fabricação do queijo colonial da família Haselbauer.
"O queijo mais comum é de leite pasteurizado. O queijo de leite cru trabalha com as bactérias do próprio leite e do ambiente onde é produzido, o que agrega mais valor à produção, mas também exige um nível maior de qualidade nos processos produtivos", explica Franciele.
Com produção de 20 peças de 1 kg por dia, o queijo Rancho Fundo já é vendido em dez estados. Orgulho para Franciele, que já planeja o próximo passo: a produção de embutidos. "Assim como me inspirei em outras mulheres, espero também inspirar as mulheres que queiram empreender no meio rural, que infelizmente ainda é um setor bastante masculinizado", afirma Franciele.