Uma peça para durar. E mais: quando descartada, nas condições de aterro sanitário, por exemplo, desaparece em até três anos. Essa é a aposta da Revival, marca curitibana de bodies femininos. É que a necessidade de encontrar peças que, além do estilo, trazem consigo uma consciência ambiental, fez a empresária e engenheira de produção Marina Abdala tirar do papel uma ideia que, hoje em dia, é carreira.
"Sou uma ex-consumidora de Zara. Queria fugir do fast fashion. Mas não encontrava nas marcas com bandeiras sustentáveis uma alternativa. Sempre gostei de peças versáteis e minimalistas", explica.
Mas até o hobby virar negócio muita água rolou. Marina trabalhou na indústria automobilística, depois na empresa da família - que produz pisos de borracha com materiais reciclados -, sempre intercalando os afazeres com cursos em moda. Formou-se no Centro Europeu e estudou os processos da indústria têxtil em Londres. "É muito complicado falar de sustentabilidade pensando em calendários da moda", destaca.
Voltou para o Brasil com o plano de negócio estruturado e, na carteira, R$ 150 mil. E foi com esse investimento inicial que ela lançou, em janeiro deste ano, a marca própria. Entre erros e acertos, também foi ao Vale do Silício, berço da inovação, tirar a prova de o que estava trilhando, não era só gosto pessoal, mas necessidade. "A moda é o segundo mercado mais poluente do planeta e 8% de todos os gases emitidos vem desta indústria. Pensar o consumo é mais do que uma demanda do consumidor. É uma demanda do mundo", explicou.
Ninguém faz nada sozinho
As mentorias no Estados Unidos duraram uma semana - "Eram três ou quatro por dia", contou Marina - e validaram as hipóteses da engenheira. De lá para cá muito aprendizado e também uma sócia. "Ninguém faz nada sozinha e voltei ao país disposta a encontrar uma parceira para tocar a empreitada comigo. Foi assim que a Revival ganhou a Martina Seefeld, que é designer, e que trouxe uma nova visão", declarou.
Durabilidade
O marketing da empresa explora a durabilidade dos produtos. O fio é importado da França, trata-se do nylon 6.6 e é o primeiro biodegradável no mundo. Além disso, também tem proteção uv 50+ e não é tóxico para a pele. É tecido em São Paulo - pela Santa Constância - e a confecção das peças é feita na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), em Campina Grande do Sul. “É um material que não dá bolinha, dura muito. Nossa embalagem também é biodegradável. A tag e o lacre são de material reciclado. Também fizemos uma produção inicial única - lote único - de mil bodies, um jeito de fazer o melhor aproveitamento do tecido”, explicou.
Armário inteligente
Outra implementação da Revival é o armário inteligente, o “closet mágico”, no qual através do escaneamento de um QR CODE é possível ter acesso a todos os modelos da marca, com ideias de como combinar em temperaturas e ocasiões diferentes. “Nossa ideia é mostrar que uma mesma peça pode ter muitas funções. Que o nosso body vai acompanhar a cliente para sempre!”, arrematou Marina.
Apesar do site possibilitar um alcance nacional aos produtos, a empresária explica que quem compra Revival ainda está concentrado em Curitiba e região. ”Vimos que o produto está validado. Agora é investir no site e também nas vendas físicas, em pontos espalhados pelo país. É possível aliar qualidade, estilo, durabilidade e tecnologia”, finaliza.