A pandemia da Covid-19 evidenciou buracos na indústria brasileira, como no segmento de equipamentos de segurança médica (os EPIs) – a escassez de máscaras e aventais cirúrgicos tomou as manchetes no início da crise sanitária. Para uma empresa de Curitiba, suprir essa necessidade virou um modelo de negócio que deve perdurar para depois desse período crítico.
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Especializada em automação industrial, que são projetos sob medida para que indústrias consigam otimizar e baratear processos, a Tecnind, de Curitiba, vem trabalhando em um maquinário capaz de produzir as máscaras cirúrgicas. Hoje, esses itens são importados da China – muito porque existe pouco maquinário fabricado no Brasil capaz de produzir esse EPI. Se uma empresa tiver interesse em se tornar fabricante de máscaras, precisará desembolsar R$ 600 mil para comprar o equipamento que faz o corte e colocação de elásticos, por exemplo.
A ideia do empresário José Henrique Riffel é justamente fornecer um maquinário a preço mais baixo. “Miramos naquela pessoa que já tem uma confecção, que fabrica toucas, proteção para calçados, aventais. O cara pode colocar uma máquina dessas, em um custo razoavelmente barato, para produzir a máscara também. Acredito que frigoríficos e empresas alimentícias vão adotar as máscaras, além dos EPIs já usados. Talvez não como agora, mas essa demanda vai existir no mercado”, diz o proprietário da Tecnind.
Saída para a ociosidade
Riffel explica que a ideai de fabricar o maquinário surgiu como uma necessidade de sobrevivência de sua própria empresa. “Quando começou a crise [sanitária], as empresas diminuíram suas demandas. Algumas empresas engavetaram seus projetos. Como a gente sobrevive de projetos, ficamos em stand-by, esperando que elas voltem e retomem seus investimentos”, diz. Esse período de desaceleração começou em março.
O empresário passou então a estudar o que poderia produzir neste momento de pausa em sua atividade principal. “As pessoas estavam empenhadas na fabricação de respirador e eu pensei: ‘não é só de respirador que vamos precisar’. Comecei a pesquisar algumas máquinas na China e no Brasil. Vi que no Brasil não tínhamos muito desenvolvimento. Comecei a ver os vídeos chineses e aprender o know-how. Cheguei à conclusão de que poderíamos fazer”, destaca.
Como etapa fundamental de seu desenvolvimento, Riffel participou de mentoria do Senai sobre normas para fabricação de máscaras cirúrgicas.
Em segundo estágio
O maquinário curitibano deve chegar ao mercado em poucos meses. Sua produção é dividida em duas fases: a primeira é do corpo da máscara; a segunda, da colocação do elástico. Riffel explica que a primeira etapa já foi concluída.
Por enquanto, o empresário não divulga qual será o custo do equipamento, mas destaca que o valor deve ficar muito abaixo dos maquinários importados da China. “Não tem por que e nem como custar isso [os R$ 600 mil, em média], senão não venderíamos para ninguém”, destaca.
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