Alexandre Brandão é daqueles empreendedores natos. Com 29 anos traz no histórico formações acadêmicas e posições estratégicas no mundo corporativo, pouco comuns para sua idade. Como se diz, é um ponto fora da curva. Aos 21 anos era CEO da 3B Energy, conquistando para a empresa resultados expressivos e transformando-a na maior e melhor EPC de geração distribuída do Brasil. Sua inquietude o levou da área de gestão em multinacionais para a Alexandria, grupo fundado por ele que concentra operações em dois mercados fechados e regulados no país: energia e finanças. CEO na Alexandria, o empresário que não para de estudar e se aprofundar, lida com os negócios não apenas pelo viés do lucro a qualquer custo, mas com um propósito de crescer possibilitando que nessa evolução a comunidade tenha acesso a energia mais barata e rendimentos expressivos, como investidor em energia.
Sua inquietude o levou a empreender?
Comecei minha carreira como engenheiro e entrei na área executiva muito cedo, com 21 anos estava na diretoria de uma multinacional em SP. Lá me deparei com um mundo de oportunidades e com muitas limitações. Queria fazer muitas coisas, mas a empresa não caminhava no mesmo ritmo. Recebi uma fala do presidente da empresa, que naquele momento me falou mais como amigo, que o único jeito de eu caminhar em passo acelerado seria como empreendedor. Ele falou mais como uma constatação, não como um conselho. Mas aquela fala acendeu uma luz. Para que eu pudesse dar ritmo e velocidade às minhas ideias, compreendi que só empreendendo.
Como você chegou tão cedo a um cargo de gestão numa multinacional?
Eu comecei trabalhando como engenheiro, era gerente de operação em uma indústria no Paraná. Surgiu a oportunidade de atuar na multinacional quando eu tinha 20 anos. Com 21 anos me graduei e estava em busca de novos desafios, sempre tive o ímpeto de crescer. Na multinacional buscava um lugar ao sol e por ter uma formação técnica como viés comercial, surgiu a possibilidade de ser diretor. Meu perfil e meus conhecimentos em diversos idiomas, como russo, mandarim, espanhol, facilitaram a ascensão. Além de eu estar ali para trabalhar, enquanto outros queriam aproveitar a vida.
Sua formação é na engenharia e especialização em gestão. Como você chegou no setor de energia?
Atuava na indústria de climatização, com ar condicionado. Mas, minha percepção me levou a compreender que esse mercado era limitado e que a grande barreira era a energia. Os aparelhos consomem muita energia. Fui, então, estudar o setor e me apaixonei. Vi a amplitude do tema e comecei a me especializar. Passei a ser reconhecido como um grande entusiasta da área o que possibilitou que eu galgasse rapidamente degraus no mercado. Além do conhecimento, de estudar e compreender tecnologias novas para a produção de energia, veio o desejo de tornar esse mercado de energia acessível a mais pessoas, às pessoas comuns. Dar acesso. De que as pessoas possam usar energia pagando menos. Das pessoas poderem ser donas da energia que consomem e se darem ao luxo de consumirem o que desejam que tenha como fonte a energia. Foi assim, então, que surgiu a Alexandria.
O que é a Alexandria?
A Alexandria é esse desejo de possibilitar às pessoas terem acesso a energia, é o desejo transformado em CNPJ. Operei muito na questão técnica, de parques eólicos e outros modelos. Mas não há acesso à maioria das pessoas, é o Governo e grandes empresas que têm acesso. Mas toda a população poderia ter acesso. Porém, quem ganha com essa ação não quer dividir. A Alexandria surge desse ímpeto, com possibilidades infinitas.
Como a Alexandria opera? Na prática, o que ela oferece?
Pagamos a conta de luz, mas não sabemos se o que pagamos é, realmente, o que foi consumido. Confiamos. A primeira sacada é uma plataforma para saber o real consumo de energia. Dar às pessoas a informação correta sobre seu consumo. A segunda sacada é a produção própria, ou seja, o mercado em geral ter acesso à sua própria usina produtora de energia. A população tem a percepção de que é caro e criamos modelos que oferecem a usina pela metade do preço, com qualidade técnica superior, atendendo a necessidade de consumo. O modelo está operando e temos clientes que levariam, por exemplo, no modelo tradicional, cinco anos para pagar o investimento e pagam em apenas dois anos. Mas temos a terceira sacada que é não pagar nada pela usina, ou seja, não investe nada e ainda assim paga mais barato pela energia produzida. Nesse caso é feito um contrato de longo prazo no qual, ao final, a usina passa a ser do cliente. Já temos muitos clientes operando, como a AMBEV, Grupo Marista e Positivo.
Mas o mercado de energia não é restrito? Como operar nele?
Ele é regulamentado e por isso parece restrito. Ele não é proibido, mas há restrições legais e desafios. Mas a tecnologia nos ajuda a navegar num oceano azul por mais tempo justamente porque há essa percepção do mercado proibido. Mercados não regulamentados produzem muita concorrência, o contrário de mercados regulados.
A experiência no setor de energia levou a Alexandria a outro mercado regulado e restrito, o de finanças. Como é a operação nesse mercado?
Usamos a experiência com a energia para iniciar a Lex Tokens, uma plataforma de blockchain própria para investimento em ativos digitais, que se chamam Lex, lastreados em opções reais. A Lex Tokens está regulada pela Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC) e já pode ser acessada por investidores de qualquer parte do mundo, tendo como lastro as usinas de energia que construímos. Atualmente elas somam R$ 20 milhões em valor patrimonial. Ou seja, os projetos de produção de energia são financiados por diversos investidores que acessam a plataforma e passam a dar lastro para a construção das usinas.
Como nasceu essa operação financeira?
Estudamos vários modelos para propor um que fosse exponencial, sem limites. Chegamos a esse que permite que investidores de qualquer parte do mundo possam investir. Captamos no mundo inteiro. Mas a operação está regulamentada nos EUA. Outros modelos têm restrições e limitações e nenhum outro modelo de investimento havia sido estruturado em token, um modelo digital. Nosso ativo digital representa as ações da empresa, que estão baseadas num produto real, que é a produção de energia nas usinas. Ou seja, unimos as duas pontas. Temos um ciclo virtuoso e exponencial. Captamos recursos do mercado, de qualquer perfil de investidor e usamos para construir as usinas, que passam a produzir energia e dar retorno aos investidores. Promovemos o retorno ao investidor, de uma forma mais efetiva em termos de lucro do que outros investimentos e damos acesso a energia, com valor mais baixo e qualidade.
Porque esse modelo é interessante?
Veja, muitas empresas conhecidas e que cresceram rápido, como GoPro, Nubank e Snapchat não se preocuparam com a lucratividade, com a geração de lucro. Elas sacrificaram o caixa pela escalabilidade. Hoje sofrem porque não tem dinheiro entrando, não geram caixa. Acredito no nosso modelo. Há lucro no mercado de energia, a operação gera lucro e na outra ponta temos o investimento que alavanca a operação. É preciso dar resultado, entregar esse resultado. Eu entrego o que prometo.
Próximos passos?
Estamos estudando a transacionalidade da operação. Mandar o token do Brasil para os EUA , para ser sacado lá. Porque não? Também usar esse token para comprar coisas. Por exemplo, no Aeroporto de Curitiba existem dois postos de energia para reabastecimento de carros e nele é possível pagar com Lex Token. Lex é a moeda. É revolucionário, facilita as transações do dia a dia e não é preciso ficar atrelado ao um banco, além de estar sempre sendo valorizada. Além desse, existem outros projetos, mas ainda não posso comentar.
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