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Presença garantida na mesa faça calor ou frio, o sorvete está no DNA da família Ramalho, dona da rede de sorveterias Gela Boca, de Maringá, no Noroeste do Paraná. A empresa chegou aos 19 anos em março com 52 lojas, oito próprias e 44 franquias, quatro delas programadas para abrir até agosto deste ano em cidades do interior de São Paulo. A meta para 2019 é superar em 20% o faturamento do ano passado, que chegou à R$ 35 milhões.

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A história dos Ramalho com a iguaria refrescante começou antes da Gela Boca, há 34 anos, cinco anos antes da chegada do primogênito Thiago, que quase nasceu dentro da sorveteria onde a mãe trabalhava – a bolsa estourou quando ela abria a loja. Na época, o pai Luiz e a mãe Adriana trabalhavam na mesma empresa de sorvete em Maringá, o pai na fábrica e a mãe na sorveteria, atrás do balcão. Thiago passou toda a infância neste ambiente e acabou pegando gosto pelo negócio.

Quando vieram os dois outros filhos, em 1998, Adriana deixou a sorveteria e foi ser instrutora de auto-escola. “Um ano depois, meu pai foi demitido e em seis meses nossa vida deu uma reviravolta. Nesse período, minha mãe foi o esteio da nossa casa, saia às 5h da manhã e voltava às 23h da noite”, conta Thiago.

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A situação da família começou a mudar em 2000, quando eles decidiram usar a experiência acumulada para abrir a própria sorveteria, a Gela Boca. Deu tão certo que eles abriram uma fábrica e começaram a fornecer para outras sorveterias de Maringá e Região. Aos 10 anos e morando no andar superior da sorveteria, Thiago ajudava de ponta a ponta no negócio da família, enquanto o pai cuidava da fábrica e a mãe fazia vendas de rua com uma fiorino carregada de sorvetes.  Hoje, aos 29 anos, Thiago é o único dos três filhos que segue firme à frente da empresa, gerenciando lojas próprias e franquias.

O pontapé para a criação da rede de franquias começou na passagem de 2009 para 2010. Com sete lojas próprias e dinheiro em caixa, Luiz Ramalho queria investir em pontos de venda, enquanto Thiago, o filho, tinha certeza que o futuro estava no aumento das sorveterias. “Nossa experiência sempre foi com lojas, nosso DNA era loja e elas davam lucro”, relembra Thiago. Coincidentemente, segundo ele, foi nesse período que chegou uma pessoa interessada em abrir uma unidade da Gela Boca. Em 2010, a marca inaugurava a sua primeira franquia.

Com 20 anos na época, Thiago mergulhou no franchising para entender o setor e desenhar um modelo ideal para a Gela Boca. A expansão veio naturalmente até 2015, quando ele sentiu a necessidade de aumentar o nível de profissionalização no negócio e preparar o time para uma expansão mais robusta.

A maior parte das 52 sorveterias está concentrada num raio de até 400 quilômetros de Maringá, em cidades do Noroeste e Oeste do Paraná, e do interior de São Paulo próximas à divisa, como Presidente Prudente, a primeira cidade paulista a receber uma unidade própria da Gela Boca.

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“O franqueado está comprando um sonho que é nosso, não gostamos de arriscar o dinheiro dele. Eu não tinha uma experiência própria em São Paulo, então, fui lá, abri uma loja, testei e criei experiência na região”.

Para dar suporte a expansão, a fábrica teve de crescer: passou de 2 mil m² para os atuais 8,5 mil m², com capacidade de produção de 23 mil picolés por hora e até 5,5 litros de massa por hora, volume suficiente para atender até 100 unidades. Embora haja margem para ampliar a produção, a ideia é abrir uma nova fábrica no interior de São Paulo quando a marca atingir de 15 a 20 sorveterias no interior paulista – hoje são cinco unidades, a loja própria de Presidente Prudente e mais  quatro franquias prestes a abrir em Marília, Bauru, Assis e Araçatuba.

Sorvete artesanal e trabalho duro no verão

Mesmo com o ganho de escala do negócio, a família garante que conseguiu manter a característica artesanal do produto. Esse, aliás, é um dos fatores a que eles atribuem o sucesso da marca, que tem cerca de 120 itens no cardápio, incluindo 40 sabores de picolé e 40 de massa, além de taças e sobremesas.

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Dentro da fábrica, uma pequena cozinha foi montada para preparar os produtos base para a produção dos sorvetes.

“Ainda hoje meu pai participa da criação dos produtos. Tudo é criado pensando na relação custo-benefício. Prefiro mexer no preço a arriscar a qualidade do produto”, diz o diretor da empresa.

Atualmente, uma franquia da Gela Boca custa entre R$ 200 mil e 250 mil, incluindo taxa de franquia, loja de 120 m² pronta e primeiro estoque. Neste valor só não está incluso o custo do ponto comercial, quando houver. O faturamento médio é de R$ 65 mil e o retorno é estimado em 22%.

Embora o modelo seja desenhado para os 12 meses do ano, Thiago diz que o “segredo da Gela Boca é fazer um trabalho bem feito no verão”. Apesar do inverno menos rigoroso na região de predomínio das franquias, a sazonalidade impacta diretamente o negócio.

“Pela particularidade do clima, o pessoal de Curitiba, por exemplo, está mais acostumado a tomar sorvete o ano inteiro do que nós aqui. Costumo dizer que vivemos a fábula da cigarra e da formiga”.

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Neste caso, a orientação, segundo ele, é para que o franqueado trabalhe duro para fazer a reserva nos meses de alta e use os meses de baixa para fazer reformas, tirar férias e treinamento da equipe.