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Paraná S.A

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Entrevista

Gerente de inovações da Ambev defende troca de informações entre gigantes

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Gerente de inovação da Ambev disse que aceleradora da companhia está focada em projetos de sustentabilidade. (Foto: divulgação.)

Líder no setor de inovações da Ambev, o gerente da multinacional Bruno Stefani defendeu uma maior troca de informações entre as grandes empresas do país. A declaração foi dada ao Paraná S/A, durante o Conecta 2019, um evento de inovação promovido em Curitiba, na última sexta-feira (26), pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Palestrando sobre comunidades e o papel das grandes companhias no desenvolvimento social, Stefani participou de um painel durante o evento. Com exclusividade, falou também sobre a visão da companhia quando o assunto é relacionamento com startups e concorrentes. Confira.

Em um cenário lotado de microprodutores, qual é o papel da Ambev? Estimular a concorrência ou englobar o novo?

Tanto o Paraná como Santa Catarina possuem uma grande densidade de startups, o momento é muito bom, com muitas oportunidades.  Minha visão é que assim como a Ambev procura soluções no mercado para seus problemas, esses pequenos produtores também deveriam abrir suas necessidades para o ecossistema e desenvolver, juntos, produtos e soluções que de fato estimulem o crescimento. Agora, se você fala em Ambev adquirindo essas outras empresas, acredito que não é o momento. Não é essa a visão trabalhada agora.

O que significa abrir os dados de uma gigante como a Ambev?

Se todo mundo entende que consegue colaborar com o ecossistema criando novos negócios, canais de distribuições e soluções, fica mais fácil. O que a Ambev quer com isso é ajudar a disseminar a cultura de inovação, falando sobre o nossos exemplos. Veja os empreendedores de startup, por exemplo. Eles são muito conectados, porque precisam. Como estão começando, todos passam por dificuldades no caixa, modelo de negócio e compartilham. E é engraçado como as grandes empresas não cultivam esse hábito, mas deveriam. A gente vive num tempo de mudanças cada vez mais rápidas.

Então, se alguém no mercado tomou uma iniciativa parecida com o que você imaginava e não deu certo,  talvez sirva de lição para você mudar sua trajetória ou evitar um prejuízo. Não se trata de problemas em nível industrial e, sim, problemas que acabam sendo semelhantes, como a questão de recrutamento e retenção de talentos, por exemplo.

Seu trabalho é gastar "sola de sapato" atrás de projetos de inovação. Quais setores estão atraindo a atenção da Ambev no momento?

Os maiores casos são os vinculados a nossa aceleradora, cujo eixo de trabalho específico é com sustentabilidade [a empresa lançou um projeto para superar 100 desafios ambientais até 2025]. Entre os casos mais divulgados estão o da Green Mining, que faz a logística reversa para a gente; o da Molécoola, que oferece um contêiner onde as pessoas trocam lixo por pontos e pontos por produtos; e a RSU, que transforma lixo orgânico em biomassa para energia. São casos com oportunidades gigantes, bons empreendedores e em pontos que enxergamos boas soluções vindas aqui do Brasil.

Muitas empresas abrem aceleradoras de diversos temas mas, no final do dia, queremos solucionar não um problema da Ambev e, sim, de todo o país, porque sabemos da importância que a companhia tem para o Brasil.

A Ambev bateu na semana passada o recorde no valor de suas ações [nos últimos 11 anos]. Qual fatia desse resultado pertence ao time de inovação?

Tem muito.  Mas é importante entender que quando falamos de inovação não é apenas tecnologia, trata-se de pensar em um novo produto, entender o consumidor e oferecer o produto correto, no momento correto, no canal certo. O Zé Delivery é um exemplo disso. Não é mais sobre atender o supermercado, o bar ou o restaurante e sim entregar a cerveja gelada na casa do consumidor. Inovação é mais sobre comportamento do consumidor. E a tecnologia é só um meio de entregar aquilo que ele precisa.

A Ambev estuda comercializar não só novos produtos, mas também esse tipo de solução para outras indústrias?

Não. Hoje eu acho que a gente é muito mais cliente das startups, parceiros e mentores, do que ao contrário. Nosso papel é fomentar o ecossistema. Literalmente, queremos procurar soluções do campo ao copo.

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