Um trabalho de diálogo entre produtores rurais (quem planta ou cria animais de abate) e a agroindústria (responsável por comprar essas commodities para processá-las) tem rendido bons resultados no Paraná e tornado o estado uma referência neste tipo de trabalho. Durante a pandemia, pelo menos dois bons exemplos de negociação das Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) – grupo de negociação formado por representantes das duas frentes – tiveram êxito, tornando o período menos traumático no campo.
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Suinocultores de Carambeí, na região dos Campos Gerais, conseguiram melhorar os preços do leitão repassado à JBS Foods – principal indústria de processamento dessa proteína na região. Com uma Cadec bem consolidada, produtores e indústria acertaram reajuste de 8% no preço do leitão, a ser colocado em feito em duas etapas: reajuste imediato de 5% mais complemento de 3% a partir de novembro.
O esforço coletivo foi essencial para resolver também um impasse entre produtores do Noroeste do estado e a agroindústria. Em maio, avicultores chegaram a paralisar a produção em busca de melhores preços de seus produtos no repasse às plantas industriais. Como uma negociação de melhores preços não havia avançado no início do ano, os produtores se organizaram – por meio da Cadec local – para reivindicar pagamento melhor pelo quilo da proteína.
“Tivemos assembleias e uma organização entre os produtores que fez mais pressão para que nossas pautas fossem aprovadas”, relembra o avicultor Emílio Vieira, um dos beneficiados. Ele explica que um reajuste foi aprovado com uma das indústrias da região e novos valores deverão estar vigentes em outubro.
As Cadecs são regidas por uma lei de 2016, que estabelece a relação paritária entre o números de representantes dos produtores e da indústria. De lá para cá, elas vêm se fortalecendo. Muito, graças ao trabalho de facilitadores, como o sistema Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep)/Serviço Nacional da Aprendizagem Rural (Senar). O estado, aliás, se tornou uma referência nacional na articulação dos conselhos, com um curso de capacitação de produtores que chegou a ser “exportado” para outros estados.
De acordo com a Faep, em comunicado recente, o Paraná “está adiantado no processo de formação e consolidação das Cadecs”. “O Sistema Faep/Senar tem apostado nessa sensibilização, de mostrar aos produtores a importância de se consolidar as comissões, e isso tem feito a diferença”, disse Mariana Assolari, técnica do Sistema Faep/Senar do Paraná.
A Federação aponta que, apesar do trabalho ativo da Faep, as Cadecs são montadas pelas próprias unidades produtivas, com produtores rurais e representantes da indústria. O Paraná tem 20 delas na avicultura e seis outras na suinocultura.
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