O nome da Herbarium é muito conhecido no mercado de medicamentos fitoterápicos, feitos a partir de plantas. É onde a empresa atua desde a fundação, em 1985, e onde se sente mais à vontade: maior laboratório do ramo no país, tem faturamento crescente e vê espaço para avançar, em especial com o desenvolvimento de produtos inéditos. Mas a companhia também quer explorar outros caminhos.
O plano da Herbarium – que tem fábrica em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba – é entrar no mercado de produtos de bem-estar e cuidados pessoais, com cosméticos naturais, aromaterapia, suplementos e fitochás. Essa entrada, marcada para 2021, começou a ser desenhada há três anos. A meta é ambiciosa: a empresa espera que, daqui a cinco anos, a área de bem-estar responda por metade do faturamento.
“Pesquisas que fizemos mostram que nossa marca tem um recall muito forte, é a mais lembrada no segmento de fitoterápicos. E queremos continuar crescendo nele, mas ao mesmo tempo aproveitar esse nosso DNA de produto natural, essa nossa reputação, para nos tornarmos um grande player também nesse segmento de bem-estar”, diz o presidente da Herbarium, Marcelo Geraldi.
A ideia de abrir o leque de atuação tem a ver com o plano da Herbarium de reforçar sua presença nas farmácias. Hoje três quartos das vendas vêm de medicamentos de prescrição médica, e o consumo de produtos escolhidos no ponto de venda responde por apenas um quarto do total. “Estamos fazendo um trabalho mais forte com as grandes redes de farmácias, que já veem a fitoterapia e os produtos naturais como uma categoria que está crescendo”, explica o executivo.
Os chamados fitochás, que já estão à venda, representam o ingresso – ainda bastante discreto – da Herbarium no mercado de bem-estar. A entrada “para valer” será mesmo no ano que vem. Geraldi tem especial interesse no segmento de cosméticos naturais. “Ele ainda é pequeno em relação ao universo de cosméticos. Mas esse nicho de cosméticos naturais, orgânicos, livres disso e daquilo, é o que mais cresce. Grandes marcas estão começando a olhar para ele”, diz.
Empresário escolheu Herbarium por “alinhamento de valores”
Formado em publicidade, Geraldi atua no mercado farmacêutico desde 1986. Depois de passar pelas multinacionais Valda e Glaxo, entrou em 1998 para a empresa do pai, a FQM, como diretor de marketing. Assumiu a presidência três anos depois, na época em que a FQM se associou ao grupo argentino Roemmers.
Foi ele quem conduziu, em 2009, a compra da Herbarium, que pertencia à família Teske desde a fundação. Cinco anos depois, numa troca de ações, os Geraldi passaram a ser controladores integrais da empresa paranaense, deixando a FQM para o sócio argentino.
A escolha de ficar somente com a Herbarium levou em conta o que o empresário chama de “alinhamento de valores e estilo de vida”. Vegetariano e praticante de meditação transcendental, ele se diz apaixonado por produtos naturais. “É uma questão de trabalhar naquilo que a gente sente que é verdadeiro, naquilo que a gente vive mesmo.”
Divisão farmacêutica avança com inovação e aquisições
Na divisão farmacêutica, o foco está no desenvolvimento de produtos inovadores. Os 26 pesquisadores do laboratório tocam cerca de 20 projetos de inovação, dos quais quatro são o que Geraldi chama de “inovação radical” – isto é, a criação de medicamentos inéditos, e não a elaboração de novas fórmulas com princípios ativos já utilizados.
“Na inovação radical, eventualmente usamos uma planta que já é de conhecimento tradicional e então fazemos o desenvolvimento, padronização e testes clínicos para comprovar eficácia e segurança”, explica.
A Herbarium também cresce com aquisições. Neste ano, incorporou ao catálogo três medicamentos de outros laboratórios (Kaloba, Tebonin e Cognitus), que, junto com lançamentos, ajudam a explicar o aumento de mais de 50% nas receitas mesmo em meio à pandemia – sem eles, calcula o presidente, o crescimento orgânico foi da ordem de 3% ou 4%.
O faturamento, próximo de R$ 130 milhões em 2019, deve fechar este ano perto de R$ 200 milhões. E a perspectiva para 2021 é de avanço ainda maior, próximo de 70%.
Menos remédio para resfriado, mais ansiolítico... e hidratante de pele
Com 450 funcionários, a Herbarium precisou se adaptar à pandemia. Quase todos os que não são ligados à produção passaram a trabalhar em casa. Os 140 representantes que fazem contato com médicos Brasil afora saíram de campo em 16 de março e só retornaram a partir de agosto. Agora, todos levam consigo um oxímetro de pulso e preenchem um formulário digital de saúde todas as manhãs, antes de saírem para o trabalho.
Na fábrica de Colombo, onde estão mais da metade dos empregados, o jeito foi escalonar a produção, ampliando o número de turnos para reduzir a concentração de pessoas em cada um e adotando precauções básicas, como o distanciamento de mesas no restaurante. A empresa também passou a produzir álcool gel, que foi distribuído para a comunidade do entorno da fábrica.
A disseminação do vírus e o distanciamento social também mexeram na lista de produtos mais vendidos da Herbarium. “Lá no começo, produtos para gripe e resfriado venderam muito. E depois, nada. Por outro lado, a venda de ansiolíticos foi muito maior neste ano”, conta Geraldi.
A surpresa de 2020 foi o Musquée, um hidratante de pele feito de óleo de rosa mosqueta. De todo o catálogo da Herbarium, foi o produto com maior aumento de vendas, de 80% em relação a 2019.
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