Carol Nery, especial para a Gazeta do Povo
Porpeta, Yoda, Hebe, Dustin, Alaska, Zacarias, Lola e Caetano. Estes são alguns dos cachorrinhos que vez ou outra passam pequenas temporadas ou algumas horas do dia no apartamento de Tanara Garcia, de 31 anos, uma matogrossense que mora em Curitiba há 13 anos.
Desde que mudou para a capital paranaense, vinda de uma chácara em Água Boa (MT), ela recebe os hóspedes.
Inicialmente eram somente os bichinhos da vizinhança, com disponibilidade limitada aos finais de semana e feriados. Mas há cerca de três anos ela virou anfitriã da plataforma Dog Hero, que conecta donos de cachorro a passeadores e anfitriões que hospedam cães em casa, e a clientela triplicou.
“No início, o que ganhava era um extra para passear e era uma forma de matar as saudades de ter bichinhos. Era somente hobby, agora é hobby e renda”, afirma Tanara.
Aproximadamente 300 clientes de quatro patas já passaram pela casa da estudante de Física, sendo atualmente 44 hóspedes fiéis, somente pelo aplicativo. Ela fatura, em média, de R$ 3 mil a R$ 4 mil por mês com a atividade de cuidadora. O valor passou a ser a renda principal da casa, maior que o salário bruto de R$ 2,2 mil que recebe no cargo administrativo que exerce em uma universidade da capital.
Para alavancar o negócio, Tanara precisou contar com a ajuda dos pais. Eles mudaram para Curitiba, em 2015, desempregados. O pai, leiteiro, virou autônomo como “faz tudo”, com a realização de pequenos reparos nas residências, ganhando não mais que um salário e meio. A mãe, professora, não adaptou-se ao emprego em uma empresa de telemarketing.
“Sugeri que ela tivesse dedicação total aos bichinhos, para ter uma ocupação que a fizesse feliz, podendo receber os animais em qualquer dia da semana e assim aumentar a renda da casa.” Em 2017, a família faturou R$ 24 mil, uma média de R$ 2 mil por mês. Este ano, somente de janeiro a agosto, são R$ 32 mil arrecadados. Do total, 50% de reservas por meio do aplicativo.
Família cobra diária de R$ 35 e recebe até dez cães por noite
Tanara e a família recebem até dez cães por noite, dependendo do perfil dos hóspedes, e cobram R$ 35 a diária, seja pelo Dog Hero ou por conta própria (neste caso, podem admitir gatos também). Nas reservas feitas pelo aplicativo, a plataforma fica com 30% do valor. Entre as habilidades, os anfitriões prometem supervisão 24 horas, exercícios diários, administração de medicamentos e transporte em caso de emergência. Eles aceitam animais de todas as idades, assim como especiais.
É o caso de Raquel, uma das clientes mais antigas. A buldogue inglês de 14 anos – “uma senhora muito temperamental”, segundo Tanara – passa duas semanas todos os anos, entre natal e revéillon, com a família. “Damos remédio, limpamos após as necessidades, porque ela não consegue mais, e colocamos luvinhas para dormir, porque ela tem o costume de lamber compulsivamente as patinhas, o que pode machucar.”
Além de todos os cuidados, os animais têm livre acesso pelo apartamento. “Sobem na cama, no sofá e dormem onde se sentem mais à vontade, com total liberdade, como se estivessem na casa deles.” Os hóspedes são levados para passear até três vezes ao dia. “Podem ser caminhadas de apenas 15 minutos, como passeios de duas horas. Varia conforme os hábitos deles.”
Para brincar dentro do apartamento, a família mantém variados brinquedos. Eles investem pelo menos R$ 1 mil ao ano no negócio. “Compramos brinquedos todo mês, temos potes de água e de ração reservas e tapetinhos, caso os donos esqueçam. Além disso, vários tipos de mictório, para cada perfil: cone, de grade, jornal, tapete higiênico e de grama sintética.” No Natal, todos ganham presentes.
Por meio de um grupo no Facebook, os tutores podem acessar registros de fotos e vídeos, na verdade um backup de todo o material que Tanara envia regularmente para eles durante a hospedagem. Além de ser um canal de relacionamento com todos os clientes. “As avaliações são sempre muito positivas. E eles voltam para casa feito crianças: vão dormindo no carro, de tanta energia que gastaram de brincar e passear.”
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