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Na pandemia

Home office vira aliado das “melhores empresas para se trabalhar” no Paraná

Empresa Tecnospeed convidou familiares de colaboradores para participar de ações virtuais (Foto: Divulgação / TecnoSpeed)

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Empresas paranaenses listadas entre as melhores para se trabalhar na América Latina, de acordo com o ranking da consultoria Great Place to Work (GPTW), têm se dedicado a manter seus colaboradores felizes mesmo durante a pandemia do coronavírus. As atividades foram adaptadas e muitos funcionários estão fazendo home office, mas ainda assim, as companhias têm proposto ações para sustentar a proximidade das equipes à distância. O desafio é manter o “calor humano” em meio à nova realidade, mas, em alguns casos, o índice de satisfação com o novo modelo de trabalho chegou a aumentar no período de isolamento social.

A edição 2020 do GPTW, com premiação divulgada no início de junho, conta com quatro nomes do estado do Paraná entre as melhores companhias para se trabalhar em toda a América Latina. Estão na lista o Sicoob Metropolitano – na 31ª colocação – e a TecnoSpeed (33ª) entre as 50 empresas com até 499 colaboradores; a Gazin (22ª), em meio às 25 com mais de 500 funcionários; e a Volvo (7ª), entre as 25 multinacionais citadas na lista.

Apesar de todas terem políticas internas diferenciadas que fazem com que os funcionários se sintam mais satisfeitos em exercer as atividades, o cenário de pandemia obrigou algumas das premiadas a planejarem com ainda mais cuidado o bem-estar de seus colaboradores.

A TecnoSpeed, que atua no desenvolvimento de softwares, já trabalhava com 20% da equipe no sistema home office, mas, desde março, mantém 100% do pessoal em casa. A empresa de Maringá conta com 120 funcionários.

“Já tínhamos as ferramentas adequadas para o trabalho remoto, então o processo de transição foi mais fácil. Além disso, fornecemos cadeiras, equipamentos e também damos uma ajuda de custo para auxiliar no pagamento da energia elétrica e da internet”, contou Erike Almeida, Diretor Executivo TecnoSpeed.

A empresa manteve todos os benefícios de seus funcionários, como vale-transporte e alimentação, e, garantiu a todos que não haverá redução de salário ou desligamentos nesse período. Pelo contrário, contratou cinco reforços durante os meses de isolamento social.

Comunicação forte

A estratégia do Sicoob Metropolitano para tranquilizar os funcionários em meio a um cenário de incertezas foi manter o diálogo aberto.

“Nossa comunicação é forte em todos os níveis. Nosso CEO manda informações para todos, somos pautados em transparência. Temos um comitê de crise que discute e implanta medidas para colaboradores e cooperativistas e logo as ações em relação ao coronavírus foram feitas”, disse a superintendente Luciana Pizaia Sakai.

Alguns dos cuidados nesse período foram a distribuição de máscaras e álcool em gel, intensificação da limpeza interna, e reforço no atendimento psicológico que já era oferecido. São duas psicólogas que estão à disposição dos colaboradores 24 horas por dia para atendimento, inclusive, por celular. O home office também foi implantando em alguns setores, enquanto em outros departamentos há rodízio para evitar aglomeração de pessoas.

Contato virtual humanizado

Para que as relações interpessoais fossem mantidas, a TecnoSpeed criou novas rotinas online. A empresa promove alguns cafés da manhã e da tarde, em que os colaboradores colocam os assuntos em dia enquanto dividem o momento em casa com os colegas, durante pequenas refeições. Os momentos conectados não são apenas voltados ao trabalho. No happy hour virtual, a empresa mandou uma pizza na casa de cada colaborador e organizou uma festa realizada através das telas. A família dos colaboradores também participa das ações, com um momento de diversão com os filhos.

“Convidamos um recreador infantil que fez algumas atividades, dentre elas um bingo e os vencedores receberam os mimos em casa. Foi pra ajudar no momento de isolamento, minimizar o medo da pandemia e dar algumas atividades para as crianças, envolvendo-as com os pais numa reunião remota, coisa que eles veem os pais fazendo”, detalhou Almeida.

As plataformas digitais também foram uma importante ferramenta para a Gazin, empresa com sede em Douradina, no interior do Paraná, que atua na área de varejo.

“A comunicação da empresa sempre foi muito transparente e continuamos fazendo ações de comunicação online, lives, e outras formas digitais”, conta Viviane Thomaz, gerente de gestão de pessoas.

Com mais de 8.500 colaboradores, a Gazin oferece também cursos online para aperfeiçoamento. Todo o setor administrativo está atuando em casa.

“Estamos trabalhando home office e concluímos que estamos muito mais produtivos”, garantiu Viviane, que diz que as estratégias têm dado certo.

“Podemos dizer que estamos muito bem, porque tivemos poucas demandas médicas ou psicológicas, porque as pessoas já são estimuladas a cuidarem de sua vida integral e ter resiliência diante dos desafios, pois tudo passa, coisas boas e ruins”, completou.

"Brilho nos zoio"

O Sicoob Metropolitano, sediado em Maringá, tem mais de 20 anos de atuação, mas desde 2011 passou a traçar estratégias específicas pensando no bem-estar de colaboradores e associados. Um dos pilares da gestão é medir o grau de felicidade, um índice que teve como base a ideia colocada em prática no pequeno Butão, país da Ásia com cerca de 800 mil habitantes. Lá eles não calculam o Produto Interno Bruto (PIB), mas a felicidade de seus habitantes. Inspirado nesse modelo, são feitas constantes avaliações internas com os colaboradores.

“Sabemos que pessoas felizes sorriem, são mais cordiais, ficam menos doentes e produzem mais”, explicou Luciana.

Além dos questionários aplicados para a avaliação, há outra forma nada tradicional – mas muito humana – de verificação da satisfação dos colaboradores no Sicoob Metropolitano: o “BZ”, que significa “brilho nos zoio”, e o “TS”, o trabalhar sorrindo.

“Não acreditamos que devemos separar o pessoal do profissional, por isso temos uma cultura na empresa de que os colegas podem se colocar à disposição para ajudar pessoas que visivelmente não estejam bem. Independente da hierarquia, temos a liberdade de olhar e perguntar: vi que você não está bem. Posso ajudar?”, detalhou a superintendente.

Apesar da barreira eletrônica, a empresa tem seguido com o incentivo para que as relações sejam humanizadas. Prova disso é que na intranet da empresa é frequente o compartilhamento de depoimentos pessoais dos funcionários, mesmo durante a pandemia. Desde histórias sobre trajetória profissional, até mesmo conquistas pessoais e momentos familiares como anúncio de gravidez são feitos por meio da espécie de rede social interna.

Deu certo

Na TecnoSpeed, os planos para seguir trabalhando nesse modelo foram mais do que aprovados. Na avaliação de clima organizacional, realizada em maio, a empresa ganhou a maior nota desde que a pesquisa foi implantada, há cinco anos. O questionário é respondido mensalmente.

“Já poderíamos retornar ao escritório com as devidas medidas de segurança, mas na pesquisa que realizamos na última semana só 16% preferem trabalhar no escritório. O restante já se adaptou e, com base nisso, vamos permitir o home office permanentemente para uma parcela maior dos funcionários”, disse o porta-voz.

Mesmo com os novos planos, a companhia maringaense pretende seguir com as ações virtuais de aproximação constante.

“O cenário não vai ser mais o mesmo. Não acredito que teremos 100% das empresas em home office, pois nem todo mundo prefere trabalhar assim, mas certamente todos deverão pensar na qualidade de vida de outra forma. Além disso, as barreiras geográficas serão quebradas, as reuniões serão de outra forma. Não vai ser todo mundo sentado ao redor de uma mesa”, concluiu Erike, que, pela primeira vez, contratou um funcionário de fora do Paraná. O novo colaborador, que é de Santa Catarina, atuará a quilômetros de distância da sede da empresa, mas deve seguir conectado aos propósitos da companhia.

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