A partir do estudo de um problema de saúde comum em hospitais de países em desenvolvimento, o Hospital Universitário Cajuru, de Curitiba, obteve uma economia milionária em seus custos e aumentou a eficiência do tratamento de pacientes.
Devido ao uso indevido e excessivo de antibióticos humanos e animais, países de baixa e média renda têm se confrontado com o problema de infecções resistentes a antibióticos. O caso é de tal gravidade que intervenções destinadas a otimizar o uso de antibióticos são uma das ações-chave do Plano de Ação Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a resistência de bactérias.
Para diminuir a incidência dessas bactérias e tornar a gestão hospitalar mais sustentável, o Hospital Cajuru iniciou em 2016 um programa de consultoria, chamado de stewardship, em que foi desenvolvido um aplicativo de suporte para tomada de decisões e instituição de protocolos de uso racional de antibióticos com foco em farmácia clínica a partir de estudos observacionais e análises estatísticas.
A implementação do programa permitiu ao hospital uma economia de cerca de R$ 3,2 milhões em suas duas primeiras etapas. Atualmente, são cerca de R$ 500 mil em redução de custos por ano. A meta, segundo os líderes do projeto, é não somente diminuir gastos, mas oferecer um tratamento mais eficaz para o paciente. “O objetivo é melhorar os resultados, diminuir a resistência aos antibióticos e aumentar a eficácia do tratamento”, afirma o médico Juliano Gasparetto, diretor do Hospital Cajuru e um dos responsáveis pelo projeto, ao lado dos médicos Felipe Bondan Tuon e Thyago Proença de Moraes, todos professores da Escola de Medicina da PUCPR.
O trabalho foi citado recentemente em uma revisão sistemática sobre estratégias assistenciais para consumo racional de antibióticos em países em desenvolvimento da Organização Mundial da Saúde, intitulado Mobile health application to assist doctors in antibiotic prescription – an approach for antibiotic stewardship.
“É gratificante sermos reconhecidos mundialmente por trabalharmos na sustentabilidade do sistema público de saúde, permitindo uma distribuição mais humana e justa dos escassos recursos disponíveis”, diz Gasparetto.
Na avaliação do médico, a reprodução da experiência do Cajuru na racionalização da prescrição de antibióticos é bastante factível. “Os hospitais devem investir em programas de boas práticas que integrem equipes, orientação farmacêutica em prescrição e solicitação de exames e procedimentos”. Segundo dados da organização Choosing Wisely, existe mundialmente um desperdício de 20% a 30% dos recursos em saúde.
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