Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Paraná S.A

Paraná S.A

Efeito da pandemia

Virou carro-chefe: demanda por álcool em gel faz empresas se reinventarem

Aumento exponencial da demanda faz álcool em gel ocupar espaço na linha de produção (Foto: Divulgação)

Ouça este conteúdo

A pandemia do coronavírus acelerou a busca pelo álcool em gel por grande parte da população em todo o Brasil. Tamanha foi a necessidade de consumo, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou um decreto permitindo que empresas de outros segmentos passassem a fabricar o produto para atender ao mercado nacional em caráter de urgência. No Paraná a grande demanda não foi diferente e algumas indústrias correram para se adaptar às novas necessidades. Enquanto algumas marcas aprimoraram a linha de produção do item, outras mostraram versatilidade e transformaram o álcool em gel no carro-chefe.

Um levantamento realizado pela consultoria Compre&Confie mostra que, entre 24 de fevereiro e 18 de março deste ano, as vendas online de álcool gel tiveram aumento de 4.764% no Brasil em relação ao mesmo período do ano anterior e o faturamento com o item cresceu 4.974%. Não há dados oficiais sobre a crescente procura no Paraná, mas os resultados das boas negociações de algumas empresas demonstra o quanto houve um “boom” no segmento.

Por conta da alta procura, a Anvisa publicou a resolução RDC 350, do dia 19 de março, que definiu critérios e procedimentos extraordinários e temporários para a fabricação e comercialização de preparações antissépticas ou sanitizantes oficinais sem prévia autorização, em virtude da emergência de saúde pública internacional relacionada ao SARS-CoV-2. Assim, indústrias voltadas a itens de limpeza, cosméticos e até bebidas conseguiram rapidamente entrar no ramo.

Foi o que aconteceu com a Nano4You, empresa com sede em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, mas com fábrica em Ponta Grossa. Fundada em 2007, a fabricante de produtos e soluções utilizando nanopartículas sempre focou em produtos de limpeza pesada para construção civil e residências, remoção de pichação e produtos para automóveis. Assim que os casos da Covid-19 começaram a aparecer no Brasil, a empresa “correu” – e muito – para dar início a novos processos. Em apenas 18 dias tirou do papel o planejamento e começou a “rodar” a produção de álcool gel e em outros formatos, itens que a companhia não produzia. A agilidade garantiu a saúde financeira do empreendimento.

Salvação de empregos

“Tivemos que nos reinventar rapidamente. Temos 12 linhas produção, sendo que quatro estão adaptadas para itens contendo o álcool. Se não fosse isso, teríamos que deixar sem emprego 300 colaboradores diretos e indiretos”, disse Rodrigo Matos, CEO da Nano4You.

Saindo do zero, hoje a empresa conta com uma linha de 12 itens do produto que, juntas, correspondem por 45% dos lucros. De acordo com Matos, a Nano4You é a detentora do maior portfólio do Brasil para higienização com álcool 70%.

Algumas das inovações implantadas – todas apresentando 70% - são álcool em aerossol, produto sanitizante para uso doméstico e para tapetes de desinfecção, totens com pedais para lojas e transporte público e linha wipes (lenços umedecidos). Há também o antisséptico em espuma com bactericida de última geração com álcool a 28%.

Fabricação de álcool em gel deve obedecer regras da Vigilância Sanitária (Foto: Divulgação)

A empresa já tem vendas fechadas para os próximos doze meses para o mercado externo. Estados Unidos, países do Mercosul, Bolívia e Chile receberão muito em breve os produtos “made in Paraná”. Serão 60 contêineres por mês apenas para exportação.

“Hoje é o nosso ‘carro-chefe’. Com certeza não vamos sair desse mercado. Acreditamos que a demanda pelo produto pode reduzir futuramente, mas ainda assim queremos manter de 15 a 20% de nosso faturamento voltado aos itens com álcool depois da pandemia”, especificou Matos.

A Palmindaya Cosméticos, do município de Santa Mariana, no Norte do Paraná, já contava com o álcool em gel no portfólio, mas precisou fazer urgentes adaptações para seguir atendendo ao crescente mercado. Considerando apenas o período de janeiro a maio deste ano, o aumento da produção do item foi de 555% em relação a 2019 e a demanda teve uma alta de 900%.

“Apesar de não termos contratado mais funcionários, fizemos uma pausa em todas as linhas de produtos, remanejando os funcionários de outras atividades para atender a demanda, e incluímos uma nova linha de envase com aquisição de novos equipamentos. Com o aumento da capacidade produtiva, a empresa aderiu ao trabalho aos sábados e às horas extras”, explicou Renata Castanho Moreira, química responsável.

Empresa familiar fundada em 1947, a Palmindaya atua na fabricação de cosméticos, perfumaria e de higiene pessoal. Porém, hidratantes, loções pós-barba, sabonetes, shampoos condicionadores e outros itens deram espaço, nos últimos meses, para o álcool em gel. No ano passado, o produto representava apenas 5% do faturamento da companhia e agora esse número subiu para 20%. E não deve parar por aí. “A tendência é chegarmos a 30% até o final do ano”, disse Renata.

Além de abastecer o mercado paranaense, a empresa tem representantes no Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Qualidade

Para garantir que esses produtos cheguem ao consumidor com qualidade e garantia de que são seguros para a saúde, é necessário que passem por vários testes. O Tecpar é um dos institutos que oferecem essa análise no estado.  O álcool em gel ou líquido é avaliado para comprovar o percentual recomendado para ser antisséptico, conforme determina a Anvisa.

No trimestre composto pelos meses de março, abril e maio de 2019, o Centro de Tecnologia em Saúde e Meio Ambiente, unidade do Tecpar que realiza o serviço, recebeu apenas duas amostras para serem analisadas. No mesmo período de 2020, com a pandemia, foram 64.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.