O isolamento social adotado por parte da população, em função da pandemia do coronavírus, fez com que alguns serviços online ganhassem ainda mais espaço. Empresas paranaenses de tecnologia conseguiram, em poucos meses, um elevado avanço no número de usuários ao oferecerem soluções que se mostraram essenciais. Apesar de já existirem antes, facilidades como plataformas de estudo, aplicativos de consultas médicas e avaliação interativa de imóveis chegaram a dar um salto de quase 400% na procura. Especialistas afirmam que em um cenário de pós-pandemia, negócios que se mostrarem com qualidade vão permanecer em alta.
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Assim que surgiram as primeiras orientações para que a população evitasse sair de casa, em março, por conta da Covid-19, novas formas de contratar serviços passaram a ser mais exploradas. Com isso, o mercado de tecnologia mostrou estar pronto a atender demandas, então, não percebidas por muitas pessoas, como explica Rafael Tortato, coordenador estadual de startups do Sebrae/PR.
“Esse crescimento por serviços digitais não aconteceria tão rápido se não fossem as necessidades percebidas durante a pandemia. O ‘novo normal’ trouxe uma percepção diferente aos consumidores e as startups estavam prontas para suprir essas demandas”, pontuou.
Um dos nichos que se mostraram em alta foi o de aulas realizadas pela internet. A plataforma de cursos online Kultivi, por exemplo, passou de 410 mil inscritos para 626 mil alunos em pouco mais de dois meses. Entre os cursos mais procurados está o de inglês, que registrou média de 3 mil novas inscrições por dia e passou de 160 mil inscritos no início da pandemia para mais de 207 mil atualmente. Foram registradas 18 mil novas inscrições em um único dia na plataforma para o aprendizado do idioma.
Soluções relacionadas à saúde também ganharam espaço. O Docway – aplicativo de agendamento de consultas – aumentou seu número de usuários em 10 vezes desde o início da pandemia. Atualmente são mais de 1 milhão de pessoas cadastradas.
A plataforma de serviços de saúde Healthyou, desde o dia 5 de abril, recebeu mais de 20 mil acessos, totalizando 9.500 triagens realizadas. Destas, 1.000 pessoas foram classificadas como em grupo de risco crítico, receberam teleatendimento de enfermagem e foram direcionadas para o posto de atendimento de saúde mais próximo. Atualmente 4.400 pessoas estão sendo monitoradas pelo aplicativo.
Felipe Couto, gerente de Inovação e Produtividade do Sistema Fiep, lembra que diversas ferramentas tecnológicas já existiam, mas somente agora ganharam espaço. “O Zoom já existe há muito tempo, mas agora a ferramenta precisou ser amplamente usada porque as pessoas estão trabalhando mais de casa. A pandemia deixou latente o movimento de transformação para o digital das empresas e da sociedade”, detalhou.
Foi o que aconteceu com a Avalion. A startup possibilita a elaboração de pesquisas e laudos de avaliação imobiliária de forma totalmente virtual. De fevereiro para março, a busca por opiniões de mercado subiu de 205 para 221 (7,8%); as análises mercadológicas tiveram crescimento de 68 para 179 (163,2 %) no mesmo período e o número de laudos de avaliação passou de 29 para 75 (158,6%).
Igualmente impulsionado pela importância de se manter a quarentena, o aplicativo LivID - que pertence à Gateware – dobrou o número de clientes durante o período de pandemia e, assim, aumentou em 400% as novas oportunidades de vendas. Voltado ao grupo de risco, que precisa ainda mais se proteger do coronavírus, o aplicativo permite que os idosos façam a prova de vida de maneira totalmente digital para a obtenção de pagamentos de aposentadorias ou de pensão.
Preparadas para o pós-pandemia
Ainda que as empresas de tecnologia já estivessem prontas para as mudanças, segundo os especialistas, o momento também exigiu adaptação de companhias que não eram 100% digitais. “Em um cenário de cinco anos, com ou sem pandemia, empresas que não migrarem para soluções digitais tendem a morrer. Apenas com o uso deplataformas elas poderão ser rentáveis epoderão ganhar mercado”, disse Couto.
Foi justamente esse cenário de projeção que empurrou o Revenda Mais a aumentar seus negócios. A empresa oferece um sistema voltado para a gestão de revendas de veículos do país. Antes da pandemia, a procura era baixa, porém, com as lojas tendo que se readaptar às novas formas de vender a empresa conseguiu um aumento de 120% na adesão de novos clientes.
A InfoWorker também viu a demanda crescer pela nova realidade no trabalho, entre eles o home office. A empresa de tecnologia especializada em inteligência de negócios teve um aumento de 30% na procura do serviço de desenvolvimento de projetos que utilizam as soluções do Office 365. Consultoria para ferramentas como o Microsoft Teams e demandas por projetos envolvendo outras soluções, como o Sharepoint, também tiveram mais procura.
O coordenador do Sebrae/PR alerta que, apesar do crescimento exponencial das empresas paranaenses de tecnologia, apenas aquelas que se mostrarem realmente úteis devem permanecer. “A pandemia trouxe diversas soluções com rápido crescimento, mas apesar de toda essa aceleração, o mercado vai, aos poucos, fazer a validação do que realmente ‘fica’. O Paraná está em processo para ser um celeiro startups, com muitas iniciativas de qualidade. Estamos com boas perspectivas de evolução”, finalizou Tortato.
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