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De “Capital Ecológica” para “Cidade da Inovação”: Curitiba busca novo reconhecimento

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“Cerca de 80% dos problemas de cultivo são por falta de um controle preciso da irrigação”, revela Marcelo Pinhel um dos fundadores e diretor executivo da startup Favo Tecnologia. Usando a aquisição de dados, internet das coisas e técnicas de agricultura urbana a empresa desenvolveu dois produtos pensados para automatizar o cultivo de hortas em pequenos espaços. “Um dos nossos diferenciais é poder programar quantas gotas de água irão cair e em qual horário”, conta. O sistema de irrigação faz conexão com a internet e pode ser controlado por smartphone, sendo a solução tanto para quem se esquece de regar as plantas em casa, como para hortas comunitárias.

Nascida nos corredores da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), a Favo reconheceu, logo no começo, que o ponto fraco da gestão dos projetos estava na capacitação. A universidade possui iniciativas como o Hotel Tecnológico e a Incubadora de Negócios, que são espaços com estrutura física para as empresas dos alunos se instalarem e se desenvolverem. “Mas nós não precisávamos tanto do espaço físico como de entender de vendas, plano de negócio e saber mais sobre o funcionamento de uma empresa”, lembra Pinhel.

A ideia, então, era se atualizar. Com passagem pelo Vale do Pinhão, conseguiram o contato com a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Smab) para tentar viabilizar a criação de hortas urbanas que poderiam ser administradas (e seus frutos consumidos) pelos próprios moradores.

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Educação empreendedora

O projeto do Vale do Pinhão é uma das iniciativas da Prefeitura de Curitiba para fomentar a cultura empreendedora na cidade. Começou efetivamente no início de 2017, sendo a porta de entrada de projetos inovadores que podem colaborar com a cidade. Hoje, são 415 startups cadastradas pelo programa.

Educação empreendedora, incentivos fiscais, ativação do ecossistema são alguns dos pilares que guiam a iniciativa. “A gente vai trabalhando em diversas frentes, sempre pensando em empresas de diversos segmentos e diferentes tamanhos que se integram nesse contexto de inovação e impacto social e que se sentem atraídas em se manter em Curitiba ou em vir para cidade e desenvolver seus projetos aqui”, diz Cris Alessi, presidente da Agência Curitiba.

Eu vejo que há uma rede de empreendedores muito fortes em Curitiba, que se reúnem em eventos que acontecem semestralmente e anualmente, que trocam em grupos de WhatsApp. Uma rede disposta a se apoiar e crescer de forma coletiva

O órgão, que concentra os projetos ligados à inovação na cidade, possui parceria com diversas entidades e busca colocar o empreendedor em contato com o poder público. “Temos um cadastramento de startups dentro do próprio site da Agência Curitiba e já nesta etapa pedimos qual o perfil da empresa. Fazemos a aproximação e a conexão dessas empresas e de seus produtos com a prefeitura”, explica Cris.

A seleção de empresas do Worktiba (coworking público do município) prioriza negócios que possuem potencial para terem impacto social. O Worktiba Barigui conta atualmente com 18 startups e 39 já estiveram hospedadas nele desde 2017. Já no Worktiba Cine Passeio, com inauguração prevista para 27/03 na comemoração do aniversário de Curitiba, serão 30 startups.

Pensando na capacitação, o programa Bom Negócio – Vale do Pinhão oferece aulas sobre empreendedorismo de forma gratuita. Reformulado em abril de 2018, oferece 16 horas de conteúdo à distância (EaD), com vídeo-aulas, exercícios e materiais de apoio de cursos temáticos, como marketing e gestão de pessoas, mas também com conteúdos ligados ao universo das startups e novos negócios.

Mesmo explorando as oportunidades e contatos estabelecidos com Prefeitura, a Favo resolveu seguir outros caminhos, apontando para investimentos da iniciativa privada. Um dos motivos que impediram maiores colaborações com o poder público foi esbarrar na burocracia. “Uma startup possui um ritmo de trabalho diferente, as coisas acontecem rápido. Não podemos esperar duas semanas para saber a resposta de um e-mail”, pondera Pinhel. Outra questão é a dificuldade de obter recursos nessas parcerias. “Se fosse mais fácil para a Prefeitura aceitar bancar custos, como a conta de água ou de luz de um projeto de horta urbana, conseguiríamos participar mais ativamente.”

O fato não passa despercebido pela Agência Curitiba, que busca se aprimorar com os feedbacks dos empreendedores. “A gente vem lutando muito para desburocratizar serviços. Queremos tornar mais ágil a abertura de empresas, de acesso a informações, de recebimento de serviços. Fazemos nossa parte conectando as empresas e o poder público, mas não temos controle sobre todos os processos.”

Identificamos potencialidades e fraquezas que tínhamos para que a gente pudesse se apresentar ao mercado de uma forma mais atrativa.

A Agência Curitiba não se vê como concorrente das iniciativas que já existem, mas busca complementar a atuação. “Estamos atuando através dos espaços empreendedores na Rua da Cidadania e das questões legais e fiscais da Lei de Inovação. São processos técnico-burocráticos que estamos trabalhando fortemente”, diz a presidente.

Ampliando a atuação

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Negócios com impacto social têm ganhado espaço por todo o país, liderados por empreendedores que pautam sua estratégia em valores sustentáveis. No entanto, monetizar as atividades e colocar as contas em dia são ainda um grande desafio para esse segmento. Programas de incubação e aceleração dão apoio a empresas nascentes e podem ser um bom caminho para buscar o equilíbrio.

Desde sua criação, o Instituto Aurora se entende como uma instituição que poderia aprimorar e se profissionalizar. “Quando começamos era tudo muito informal, não tínhamos nem CNPJ. Éramos basicamente um grupo de mulheres pensando em projetos que trabalhassem a temática de direitos humanos e que pudesse transformar de alguma forma a nossa sociedade”, conta a jornalista e mestre em Direitos Humanos Michele Bravos. Ela é uma das idealizadoras do instituto que atua no Paraná, mas sonha expandir os cursos e palestras que realiza para todo o Brasil.

A instituição participou do Projeto Legado, programa de aceleração promovido pelo Instituto Legado que visa integrar e capacitar organizações que atuam em causas sociais ou ambientais. “Identificamos potencialidades e fraquezas que tínhamos para que a gente pudesse se apresentar ao mercado de uma forma mais atrativa. Aproveitamos muito dos aprendizados com esse foco nas startups para se perceber uma instituição profissional e para que empresas pudessem olhar para nós e contratar nossos serviços”, conta Michele. O instituto recebeu, em 2018, aporte financeiro do Fundo Elas e Instituto Avon, tendo sido uma das 13 instituições selecionadas entre mais de 600 inscritas no Brasil.

Em Curitiba, Instituto Legado é polo de empreendedorismo social. O trabalho da instituição é voltado a iniciativas de impacto socioambiental positivo, desde ONGs e entidades filantrópicas até projetos sociais dentro de grandes empresas. Atua também na formação empreendedora com programas de pós-graduação, nos formatos presencial e EaD, e o “socialworking”, um espaço de trabalho compartilhado voltado para empreendedores sociais.

No cenário nacional, a Artemisia foi pioneira e até hoje referência na aceleração de negócios de impacto. Criada em 2004, a organização sem fins lucrativos já acelerou mais de 100 negócios sociais e capacitou outros 300 em diferentes programas. A sede da aceleradora fica em São Paulo, mas busca negócios em todo país.

Atuando principalmente em Curitiba e Região Metropolitana, Michele acredita que existe na cidade um espaço para crescer e desenvolver negócios de impacto. “Eu vejo que há uma rede de empreendedores muito fortes em Curitiba, que se reúnem em eventos que acontecem semestralmente e anualmente, que trocam em grupos de WhatsApp. Uma rede disposta a se apoiar e crescer de forma coletiva”. Assim como em outros setores, a ideia é sempre aproximar e fomentar o ecossistema: “O empreendedorismo social reconhece que o projeto do outro pode somar ao meu.”

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