Em um mercado dominado pelos tons frios e pela monotonia dos modelos, a empresa curitibana de uniformes Symmetry Uniforms vem se destacando pela beleza e qualidade de seus produtos. A marca investiu cerca de R$ 1,4 milhão na expansão dos negócios, e agora colhe os frutos das novas unidades estabelecidas em Portugal, no Caribe e nos Estados Unidos – o faturamento da empresa aumentou 35% neste ano.
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As peças bem modeladas e cheias de detalhes são o carro chefe da marca, voltada a atender o mercado corporativo dos setores de gastronomia e hotelaria. A opção por aliar a praticidade à alta costura é um dos trunfos da Symmetry, fundada por Rosemary Alves, que também é diretora de criação da marca.
“Até hoje as empresas trabalham com uma pegada unissex, com as meninas vestindo roupas meio adaptadas dos homens. É tudo muito cinza, preto e branco. A nossa ideia é dar uma pegada mais de moda para os uniformes. Temos modelos com muitas cores, mangas com volume, que dão um caimento muito melhor. Isso vem nos dando uma aceitação muito boa, muito grande, mais do que a gente imaginava. E é uma aceitação muito rápida, o que para nós é muito gratificante”, disse, em entrevista à Gazeta do Povo.
Unidades no exterior já respondem por 30% do faturamento da marca
A aceitação à qual Rosemary se refere é de mercados exigentes, como o europeu. É a partir de uma filial estabelecida em março em Lisboa que a marca atende aos pedidos feitos no velho continente. Em julho, a Symmetry abriu outra unidade, em Orlando, que concentra o atendimento dos clientes dos Estados Unidos, México e Canadá. E a marca também está presente em Porto Rico, de onde despacha seus produtos para a região do Caribe.
Com toda a produção feita no Brasil, a empresa tem uma logística de envio eficiente para as outras sedes, onde atende por e-commerce e warehouses. “Para a Europa ou EUA as encomendas levam entre 5 e 6 dias para chegar, independente do volume do pedido”, garantiu Rosemary. Tal agilidade tem feito que essas novas unidades já respondam por 30% do faturamento total da empresa.
Cabeça curitibana, sangue espanhol
Se a cabeça da empresa é curitibana, no coração pulsa sangue espanhol. É de lá que vêm o sócio e marido de Rosemary, Francisco Javier Vara, e seu irmão, o estilista Juan Vara. Na bagagem, uma trajetória de 45 anos trabalhando com grandes grifes de moda. “Juan já trabalhou como chefe de design para estilistas como Carolina Herrera e marcas como a Pronovia. O forte dele é alta costura, desenho de vestidos de noivas, e é ele quem traz essa sofisticação à nossa linha”, contou Francisco.
Marca adota modelo de produção utilizado pela Chanel
As peças, concebidas com tamanha originalidade, ganham vida nas mãos habilidosas de costureiras selecionadas. De acordo com Francisco, a empresa trabalha na forma de células, em que as costureiras passam por qualificação e produzem os uniformes de acordo com sua própria rotina, em casa ou nos próprios ateliês. O modo de trabalho, explica o sócio da Symmetry, não é novo e já foi consolidado por grandes marcas no passado.
Além de dar um treinamento formal, a empresa também financia os equipamentos das costureiras. Uma equipe de contadores acompanha as profissionais para que todas mantenham em dia seus registros como MEI, para assim garantir benefícios previdenciários futuros. E, de acordo com Francisco, as costureiras recebem uma boa porcentagem do valor de venda das peças pelo trabalho feito.
“Nós estamos recuperando um modelo de trabalho que era usado há quase 100 anos em marcas como Chanel e outras grandes da alta costura europeia. É um modelo já consolidado, mas que se perdeu por causa dos modelos atuais que acabam promovendo a exploração das costureiras. A figura das costureiras quase sempre é vinculada a alguém desvalorizado, associada a lugares escuros com máquinas e equipamentos velhos e perigosos. O nosso modelo vai em outro sentido, porque percebemos que essas mulheres organizam o tempo em função da família, e elas podem fazer esse trabalho quando achar melhor”, disse.
Capacitação das costureiras garante baixa taxa de devolução produtiva
A preferência da empresa, como explicou Rosemary, é dar oportunidade a mulheres em condições de vulnerabilidade. “São pessoas que realmente precisam dessa renda extra”, avaliou a fundadora da Symmetry. Ao todo, a empresa conta com 45 células – em média, 80 pessoas diretamente ligadas à produção dos uniformes.
“São pessoas maravilhosas que têm um grande conhecimento em costura, mas em alguns casos esse conhecimento é empírico. Algumas até sabem usar as máquinas mais modernas, mas podem estar cometendo erros simples por não conhecem a fundo o equipamento. Depois da nossa capacitação, essas costureiras têm condições de ler fichas técnicas e costurar para qualquer grande marca do mundo. A taxa de rendimento delas é ótima, e o nosso percentual de devolução produtiva por peça defeituosa de apenas 1,92% ao mês”, revelou Francisco.
Planos de expansão envolvem entrada em mercados árabes e criação de lojas físicas
A Symmetry tem planos claros para continuar crescendo. Até o final do ano, a marca espera enviar para os Estados Unidos um total de U$ 1 milhão em peças. A estimativa é a mesma para os produtos a serem despachados para os mercados árabes, próxima fronteira a ser desbravada pela marca. México, Canadá e Portugal devem responder por US$ 500 mil, US$ 650 mil e US$ 600 mil, respectivamente.
Dentro do Brasil, a marca está fechando acordos com representantes no Rio Grade do Sul e avalia a ampliação dos pontos de venda além do site da Symmetry. “Estudamos também ter mais presença para o público consumidor final. Por que não, já que nossas roupas são bem cortadas? Pensamos em ter um corner em um shopping ou dentro de uma loja, muito em breve”, adiantou Rosemary.
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