Uma mudança no escopo do projeto da fábrica Puma 2, em Ortigueira, fará a gigante dos papéis e celulose Klabin desembolsar mais R$ 2,6 bilhões adicionais naquele que já era o maior investimento privado na história do Paraná -- a construção da nova instalação está agora orçada em R$ 12,9 bilhões, ante os R$ 9,1 bi quando anunciada, em 2019. Mas não sem uma estratégia que soa promissora. A empresa quer intensificar os seus investimentos em um produto que desponta como um substituto do plástico e é mais amigável à natureza: o papel cartão.
Com o novo aporte, a empresa paranaense quer instalar uma máquina capaz de produzir 460 mil toneladas de papel cartão por ano quando estiver funcionando, o que é previsto para o segundo trimestre de 2023. Hoje, a Klabin já tem capacidade produtiva de 700 mil toneladas/ano desse produto com dois maquinários na unidade Monte Alegre, em Telêmaco Borba, também nos Campos Gerais. O novo investimento denota que a empresa quer crescer no segmento.
O papel cartão é usado, por exemplo, nas embalagens de alimentos (leite, cereal, empanados de frango). “A gente vê um cenário bastante benigno para esse mercado no ponto de vista da demanda. [Está havendo] Uma aceleração importante”, disse em teleconferência com analistas de mercado e investidores o diretor da Klabin, Cristiano Teixeira, nesta semana.
“A Klabin tem 90% de seu portfólio de cartões no segmento de alimentos e higiene. O crescimento [nesse mercado] em 2021 superou taxas de 26%”, apontou o executivo. “Dessa forma, a Klabin busca claramente contratos em cartões tecnológicos, como o LPB [usado em embalagens de alimentos líquidos ou pastosos], e cartão para embalagens clusters do segmento de cervejas”, indica.
Na visão de Teixeira, esses produtos avançarão no segmento do plástico. “A dinâmica do plástico mudou muito nos últimos dois anos. Dois negócios da Klabin nos quais a gente sentiu isso: sacos de papel, que têm sido demandados fortemente para a substituição do plástico, (...) e os cartões para cerveja. Eles tiveram uma dinâmica muito forte nos Estados Unidos na migração dos stretchs ou embalagens plásticas [para embalagens de papel]. No início a gente via isso nas cervejarias artesanais em vários mercados do mundo, o que impulsionou o mercado de cartões naquela época”, apontou Teixeira.
Embora o novo escopo da Puma 2 tenha substituído um maquinário de papéis kraftliner, usados nas embalagens de uma variedade maior de indústrias, pelo de papel cartão, a empresa não muda seu foco no primeiro produto, descrito no evento como "seu porto seguro". "Com o anúncio sobre o escopo da segunda máquina do projeto Puma 2, que será uma máquina de papel cartão, a Klabin reforça seu diversificado portfólio de produtos, além de seguir oferecendo ao mercado soluções recicláveis, biodegradáveis e advindas de fontes renováveis", disse o diretor na teleconferência.
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