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Eles podem não ter nomes conhecidos, tampouco o investimento pesado em publicidade como as gigantes do setor, mas os pequenos provedores de internet têm caído no gosto dos clientes paranaenses. Concorrendo com empresas como Vivo, Claro e Oi, as prestadoras de pequeno porte – na nomenclatura oficial da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) – viram sua fatia de mercado crescer 20% em apenas dois anos, um movimento que segue o ritmo nacional e que tende a se intensificar.
Segundo a Anatel, em julho de 2019, Vivo, Claro e Oi respondiam por mais de 70% dos pontos de acesso à internet banda larga no Paraná. Os outros quase 30% eram fornecidos por empresas pequenas do setor (incluindo Copel Telecom/Sercomtel). Em outubro deste ano, mês com os dados mais recentes, a fatia de mercado das grandes operadoras caiu para 49,5% e, consequentemente, a das PPPs foi a 50,5%.
Entre esses provedores que despontam estão nomes como Nova Fibra (de Curitiba), Ampernet (da cidade de Ampére), Ligue Móvel (de Campo Mourão) e Opção Telecom (de Nova Santa Rosa), que completam com a Copel/Sercomtel o top 5 de provedores pequenos atuando no estado. Apesar de estarem no topo, não concentram um número alto de clientes, já que o segmento das PPPs no Brasil é muito pulverizado. Resultado, sobretudo, do modelo de negócio destas empresas.
Como mostra a localização das sedes das cinco principais empresas, elas buscam atender um mercado regional, priorizando o atendimento em uma única localidade. Que pode ser, inclusive, um bairro.
É esse o caso da W.dide Telecom, que atua no Cajuru, bairro da região Leste de Curitiba. "Estamos atendendo moradores e empresas (como Coca-Cola, Bradesco e Rumo), além da polícia militar, da guarda municipal e de colégios da região", diz Cleverson Cavalheiro, um dos sócios da empresa. O provedor, que está há dois anos no mercado, atende mais de 2 mil clientes e está prevendo comprar outra PPP. Isso irá fazer sua carteira de clientes dobrar.
O custo, bastante competitivo com o das gigantes do setor, é um dos motivos que está levando o serviços das menores a se popularizar no Paraná -- e no Brasil como um todo, já que elas representam hoje mais de 40% da banda larga no país. Na W.dide, o pacote de 200 mb/s com transmissão por fibra ótica, um dos mais procurados, custa R$ 99,90 por mês. É o mesmo preço de um pacote similar da Oi, líder na oferta de banda larga no estado.
Com preços parecidos, as PPPs saem na frente na agilidade dos serviços. O que faz sentido na comparação de números: a W.dide precisa cobrir pouco mais de 2 mil pontos, enquanto a Oi tem mais de meio milhão deles (são 522.701 em julho deste ano).
"Nosso diferencial é ter suporte 24 horas e darmos resposta rápida ao cliente. Não temos aquela demora, aquela latência de o cliente abrir o pedido e esperar uma eternidade para ser atendido. Além disso temos estabilidade e qualidade. Como hoje consumimos 10% da capacidade [de infraestrutura] que temos, fica muito mais estável a rede", indica Cavalheiro.
As PPPs são regidas pelas mesmas regras de grandes operadoras, com a arbitragem da Anatel. Portanto, reclamações e consultas sobre idoneidade das empresas podem ser feitas no próprio órgão.
Empresas pequenas estão sendo compradas pelas maiores
Apesar de os números mostrarem tendência de alta na procura, as PPPs podem deixar de ser pequeninas e caminharem para um modelo de médio porte. É que o mercado está passando por um momento de consolidação, em que empresas maiores estão avançando em provedores com menor número de clientes ou menos dinheiro em caixa.
A catarinense Mhnet, por exemplo, que aparece entre as 10 maiores PPPs em atuação no Paraná, com pouco mais de 20 mil clientes e perto de 1% do mercado, comprou cinco provedores paranaenses somente em 2021: Qnet (de Umuarama), Toledonet (de Toledo), Optinet (de Pato Branco) e a Frosinet e GW Telecom (de Clevelândia).
"Nossos planos para a companhia nos próximos anos consideram a atração de investidores por meio da abertura de capital, seguindo o forte movimento atual de consolidação deste mercado de provedores regionais no país", disse em comunicado o CEO da empresa, Patrick Canton.
A curitibana Nova Telecom, que tem perto de 80 mil pontos de acesso e está atrás apenas da Copel/Sercomtel no ranking de pequenos provedores, aponta que comprou recentemente 12 empresas regionais e que vai seguir buscando opções no mercado. “Estamos acompanhando a movimentação do mercado e abertos para novas compras. São várias propostas em estudo. Com isso, temos a previsão de dobrar de tamanho até o final de 2022”, disse Agnaldo Bastos Lopes, CEO da empresa, em entrevista recente ao Paraná S.A. A empresa não descartou uma fusão com provedores maiores.
A própria W.dide diz que recebeu oferta de R$ 12 milhões para vender sua base de clientes a uma empresa de maior porte. Por enquanto, o provedor local descarta uma venda. Pelo contrário, aponta que também está em busca de abocanhar as pequeninas do setor.