Esqueça as grandes campanhas de marketing ou maciços investimentos em maquinário. Quem empreende no ramo de moda autoral vê como maior desafio mostrar, diariamente, ao consumidor a história por traz de cada peça produzida. Também, de pouco em pouco, convencê-lo a mudar seus hábitos de compra e, desta forma, entender – e valorizar – os preços dos produtos.
A tarefa não é nada simples. Os pequenos e microempreendedores dedicam horas de produção manual tentando criar algo exclusivo e que tenha uma qualidade superior às peças criadas nas grandes linhas de produção. O menos é mais. Desafios esses que têm sido enfrentados por Cleydson Nascimento, da grife curitibana Transmuta. A marca produz peças a partir de material de reuso e lançou no final de junho uma coleção inteira confeccionada com tecidos de barracas de acampamento, apostando no up recycling – criar algo novo a partir de itens antigos.
“Os produtos sustentáveis enfrentam dificuldade de inserção em um mercado onde tudo é descartável e as pessoas fecham os olhos para um modelo de venda com mais propósito”, desabafa Nascimento.
Ele se refere ao que está por trás dos detalhes de uma produção de peças de vestuário e muitas vezes não é reparado pelo consumidor final. No caso da Transmuta, o grupo de criadores preza pela qualidade e não pela quantidade. É produzir e sem descarte.
As dificuldades de Nascimento conversam um pouco com as de Chris Acerga, que trabalha no ramo de acessórios autorais. Através de sua marca, a V.Luxo, a empresária capacita mulheres em situação de vulnerabilidade social para fabricarem brincos, colares e braceletes. Um a um. É mais do que produzir somente com o objetivo de lucrar.
“Não somos só um produto na prateleira e queremos que nossa mensagem chegue aos nossos clientes”, explica Chris.
Por conta disso, a empresária mudou, inclusive, o seu modelo de vendas. “Hoje, o que fazemos são parcerias com pessoas que são clientes fiéis. Por conhecerem nossa essência, elas passaram a revender as nossas peças”, diz a designer, que começou o negócio com apenas R$ 100 no bolso.
A Transmuta e a V.Luxo participam neste momento do LABModa , evento de economia criativa que pretende, justamente, dar espaço a marcas originais e autênticas. A exposição dos produtos acontece no Shopping Pátio Batel até o próximo dia 14 de julho.
Para curadora, público está aceitando melhor os preços do mercado autoral
A curadora do LABModa, Aline Bussi, explica que as 28 empresas que apresentam seus trabalhos no evento "foram selecionadas por produzirem peças, sobretudo, sustentáveis, de alta qualidade e criativas, apresentando um estilo e assinatura únicos”. Mais do que apenas contar uma história de conscientização, o evento também pretende convencer porque vale a pena desembolsar mais para ter um desses itens no armário.
“É importante discutir: o que é caro? Quem entende o que está por traz do processo de concepção de um produto autoral, normalmente está disposto a pagar um pouco mais”, explica Bussi.
Para a estilista Felícia Pretto, as pessoas buscam peças versáteis para manter um guarda-roupa enxuto. “Costumamos dizer que essas peças são de herança”, comenta, mostrando a sua coleção quase exclusivamente composta por couro e com preços que podem alcançar a casa dos quatro dígitos.
“São relíquias porque mães passam para filhas. Por isso o design deve ser atemporal, são roupas que vão durar anos”, garante Felícia.
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