Começou nesta quinta-feira (1) o GoNew, uma imersão de dois dias dentro das mais importantes startups de Curitiba, que promete explicar porque a economia da cidade - na área de inovação, governança e boas práticas - é uma das mais velozes do país. O tema é "Velocidade, com algum controle".
Reunindo executivos das principais empresas da capital e convidados especiais - como o empreendedor americano Brad Feld, autor dos livros Startup Boards e Venture Deals - o evento começou às 14h30, com uma apresentação especial de João Del Vale, fundador da EBANX.
A primeira fase de visitas, concentrada no jornal Gazeta do Povo, também teve a participação do presidente do World Trade Center Brazil South, Josias Cordeiro, e do diretor executivo de transformação digital e inovação da Renault e Nissan, Angelo Egido. As palestras na Gazeta encerraram com o fundador da Pipefy, Alessio Alionco.
Depois, os visitantes seguiram para a Contabilizei, uma das mais importantes startups do estado. O fundador da empresa, Vitor Torres, recebe os convidados para um bate-papo, antes da palestra por videoconferência do empreendedor Brad Feld.
O Paraná S/A faz a cobertura do evento em tempo real. Confira.
14h30 - O prefeito Rafael Greca marcou presença no GoNew. Ele conversou com convidados e imprensa durante o credenciamento do evento na sede da Gazeta do Povo. Greca falou que governança é um desafio não só empresarial como também metropolitano, fazendo referência à gestão do transporte e saúde pública.
"A velocidade da internet e da inovação nunca vai ser a velocidade da governança. Somos como os portugueses desbravando, em questão de legislação. O portugueses desbravando e criando o próprio mapa", comentou sobre a dificuldade na regulamentação dos novos serviços.
"A velocidade da informação é inimiga da ética", arrematou.
O prefeito também falou que a inovação deve ser acompanhada de igualdade de oportunidade para todos.
14h35 - A diretora executiva da Gazeta do Povo, Ana Amélia Filizola, discursou na abertura do GoNew falando sobre a transição de plataformas do jornal e a evolução da cobertura midiática.
"A Gazeta faz parte dessa nova economia, já que há cerca de três anos passamos por um período de avaliação do que mudou no mundo, nos leitores e na nossa cultura. O setor de mídia foi o primeiro a ser impactado pela tecnologia e tomamos a decisão da transição digital, com muita base. O que não muda são as nossas convicções e valores. O que a gente acredita é no livre mercado, na família e na nova economia", disse Ana Amélia.
14h50 - João Del Vale, fundador da EBANX, inicia sua fala.
EBANX
15h30 - Fundador de uma financeira cujo valor de mercado já ultrapassa os US$ 100 milhões, João Del Vale elencou três principais pontos para o sucesso de gestão e governança de uma startup. A primeira delas é o pensamento global.
"Você pode já nascer olhando para o mercado global. A EBANX surgiu mirando nos clientes internacionais. Mas, tão importante quanto criar uma operação internacional, contratando gente de fora e subsidiários, é nascer mostrando que você está jogando na mesma liga que seus competidores. Quando se trata de negociar com gigantes como a Amazon ou a Uber, empresas francesas ou inglesas, tem que se comportar no mesmo nível", comentou Del Vale.
"Antes eu ia para fora do país e reparava muito nos colombianos, como eles nasciam já vendendo para os Estados Unidos e, nós brasileiros, sempre focando no mercado local. Acho que agora estamos chegando, lá".
Outros ponto de destaque do executivo foi a criação de um conselho consultivo e administrativo - que se reúne trimestralmente para alinhar metas e objetivos - além da confecção de um relatório mensal com os resultados da empresa.
"Nosso monthly report é uma cultura que mantemos com muita disciplina desde que éramos uma empresa de 15 pessoas. É um mantra para nós produzir esse informativo com novos clientes, receitas e projetos. Isso é algo que cobramos de qualquer empresa que vamos investir", explicou o fundador do EBANX.
Desafios
Sobre os desafios, o executivo destacou a dificuldade em operar no mercado financeiro e o esforço na área de segurança de dados. "Não basta ser honesto. Tem que parecer honesto", declarou, frisando o movimento de construção de uma imagem positiva das empresas financeiras brasileiras no mercado global.
Inovação
15h46 - Henrique Domakoski, superintendente de Inovação do Governo do Paraná, representando o governador Ratinho Junior, discursou falando sobre vocação empresária e a vontade de aliar as melhores práticas de gestão privada ao setor público.
"Mais do que uma questão competitiva, inovação é uma questão de sobrevivência. O governo quer andar nessa velocidade disruptiva, sim, mas com algum controle. A mensagem é que estamos abertos", disse Domakoski.
Pipefy
16h30 - Por vídeo conferência, o fundador da Pipefy, Alessio Alionco, falou um pouco sobre o momento da empresa, uma desenvolvedora de software de gestão e planejamento presente em 170 países.
Explicando o sucesso da companhia, o empresário lembrou dos tempos de mentoria em Telaviv, em Israel, e como isso mudou sua forma de enxergar o mercado. “O que faz de Israel um potência tecnológica? Um país pequeno, sem recursos naturais e cercada por conflitos. É justamente esses pontos. Não há mercado local para essas empresas então, elas sabem que, desde o dia que abrem as portas, precisam estar vendendo no mercado europeu e americano. E com um produto 10 vezes melhor do que os ofertados localmente”, pontuou Alionco.
Alionco disse que foi contestado diversas vezes, durante a mentoria, sobre o protecionismo brasileiro. “Meu mentor dizia que temos a barreira de língua e burocracia que nos protege, mas por no máximo cinco anos. E quando estamos em um período que achamos ter desenvoltura para encarar o mercado internacional, ´tomamos fumo´. Isso me marcou muito. Para eles, os brasileiros praticamente desenvolvem apenas cópias do que já está sendo feito no mercado externo”, relatou o fundador da Pipefy.
16h40 - Foi pensando, justamente, em provar o contrário que Alionco criou a Pipefy, uma empresa que hoje mantém 180 funcionários.
“Falei com 100 investidores. Quase todos me perguntavam quem estava fazendo o que eu propunha, lá fora. Quando eu respondia que eu estava fazendo internacionalmente, era um divisor de águas e acabava matando o investimento. Essa postura dos investidores nacionais mata as maiores ideais brasileiras de potencial internacional”, criticou.
“O nosso DNA é provar que está todo mundo errado. O que interessa é onde você quer chegar. Investir dez vezes mais energia para chegar aos seus objetivos, preto no branco”, finalizou Alionco.
16h45: Próxima parada é na Contabilizei.
Contabilizei
17h58 - Expoente em contabilidade online, a curitibana Contabilizei é a sede da segunda-fase de palestras da GoNew. O fundador da empresa, Vitor Torres, recebeu o grupo para conversar um pouco sobre romper padrões de atendimento, dentro das regras do jogo.
“Muitos comparam, dizem que somos o Uber da contabilidade, por exemplo. E não é assim. A Contabilizei, desde o primeiro dia, sempre foi uma empresa regulada. E um dos nossos diferenciais, até mesmo pelo atrito com os escritórios de contabilidade tradicionais, sempre foi estar abertos a fiscalização, dar a cara a tapa, para que o mercado tivesse a certeza que jogamos de acordo com as regras do jogo. Isso me faz dormir tranquilo”, pontua Torres.
Recrutamento de talentos
Conhecidos pela cultura de trabalho flexível, Vitor Torres também comentou sobre o ambiente de recrutamento de talentos na Contabilizei, transição de carreira e trabalho remoto.
“O que digo é que se você trata o funcionário como criança, ele vai te devolver esse comportamento. Então, a liberdade de atuação é uma postura adulta. E ainda que eles não nos devolvam um comportamento maduro, não sou eu como gestor que vou cobrar. A própria equipe, que está num nível alto de rendimento, acaba o afastando”.
Problemas
18h20 - Fechando a sua fala, o fundador da Contabilizei reforçou a cultura de discussão interna de problemas. “Quantos de nós gostaríamos de ter conversas boas no lugar das problemáticas? Há esse estímulo ao funcionário para que ele traga apenas relatórios positivos para as reuniões. Eu tenho pânico disso", salientou.
"As empresas morrem porque não há tempo hábil para o gestor reverter um problema, quando a informação chega nele. Eu faço questão de discutir os problemas com os meus diretores. As partes boas a gente conversa lá fora, tomando uma cerveja”, finalizou.
Brad Feld
18h35 - Autor dos livros Startup Boards e Venture Deals inicia videoconferência com os participantes.
18h40 - Investidor, o americano Brad Feld iniciou sua participação, frisando a importância de se construir um conselho administrativo funcional. “A maioria dos conselhos são montados em momentos em que as empresas vão bem e não tem muito impacto coletivo", explicou.
"Mas a sua funcionalidade é posta à prova quando aparecem os problemas ligados a aquisições, governança e até em momentos mais conflituosos como investigações de fraude, assédio sexual.... Nesses momentos é que o conselho precisa ser proativos e mostrar seu impacto, e a verdade é que a maioria não sabe por onde começar quando essas questões aparecem”.
Experiente, Feld mostrou que o importante é escolher investir em projetos com missões claras. “ Eu já fiz vários tipos de investimentos ao longo da minha carreira e cheguei a conclusão de que não escolhemos investimentos somente para fazer mais dinheiro. Quando se há uma missão para aquela empresa, torna-se mais confortável lidar com problemas, até mesmo nos conselhos, afinal, obstáculos existem. Mas quando não é apenas sobre dinheiro, as soluções fluem mais facilmente”.
Encerramento
Após a vídeo conferência os participantes seguiram para um happy hour para troca de contatos e experiências profissionais. Amanhã (2) as atividades serão retomadas às 8h, no setor de investimentos da EBANX, no Shopping Itália e no Distrito, na Avenida Visconde de Guarapuava, simultaneamente.
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