Em meio a uma crise que levou mais de três milhões de brasileiros a deixarem seus planos de saúde, um grupo de gestão da área chegou a faturar, só no primeiro semestre deste ano, mais de R$ 85 milhões. O Implus, uma holding paranaense de saúde corporativa, está investindo pesado no seu braço mais lucrativo, o Imtep, especializado, principalmente, em gestão de ambulatórios e “mini hospitais” montados dentro de grandes empresas.
Esse olhar segmentado tem explicado os bons resultados da holding. Esqueça as baias de pré-atendimento quando acontecem acidentes de trabalho. Os hospitais corporativos estão se estabelecendo como verdadeiros centros de atenção básica, atuando não só com emergências, mas também com acompanhamento preventivo da saúde dos colaboradores, nos mesmos moldes de programas públicos como Saúde da Família.
Ao todo, o Imtep gerencia mais de 200 ambulatórios nesse modelo em todo o país, além de manter uma rede com mais de mil clínicas parceiras que realizam todo tipo de atendimento, desde encaminhamento para consultas até os conhecidos exames de rotina. Essa estrutura atende mais de 700 mil trabalhadores brasileiros que atuam, em sua maioria, no setor automobilístico, telefonia, varejo, alimentos e bebidas, além do segmento de óleo e gás.
Mas para os gestores da Implus, não basta olhar apenas para esses funcionários. . A aposta do diretor-executivo do grupo, Alexandre Berger, é na ampliação de atendimento também para os dependentes.
“Eu diria que usar os ambulatórios corporativos para também fazer uma gestão dos dependentes é mais do que um interesse do mercado, é uma necessidade imediata”, resume.
É com essa estratégia que a holding espera crescer, em cinco anos, pelo menos cinco vezes, chegando com o seu faturamento próximo a casa do R$ 1 bilhão.
Ao Paraná S/A o executivo explicou porque a saúde ocupacional vai ser uma das protagonistas na área de saúde nos próximos anos. Confira.
Na prática, o que é gestão de saúde corporativa?
É enxergar o colaborador no centro deste universo, propondo cuidados não só em saúde ocupacional, como também assistencial. Para exemplificar, hoje, nosso alvo para montar ambulatórios que funcionam como verdadeiros mini hospitais são empresas de mais de mil funcionários. No entanto, empresas com 300 funcionários já podem ter uma gestão específica da área, focando na estratégia do empreendedor, que pode ser unicamente saúde ocupacional, agendamento de exames de rotina, por exemplo, ou pode ser um atendimento de urgência, atenção primária e preventiva.
Com o fechamento de postos de trabalho, como faturar com saúde corporativa?
Não é que o nosso grupo não tenha sentido os movimentos econômicos, principalmente nos últimos dois anos de retração, mas o que nos fortaleceu foi justamente a resiliência do setor de saúde. Mesmo que exista uma diminuição da demanda, sempre haverá espaço para novos negócios. Claro, tivemos contratos que chegaram a regredir uma década e sofremos com uma desidratação da nossa carteira. O mais importante, no entanto, é que novos parceiros e novas soluções para o setor sustentam o negócio. E quando falo em novas soluções, falo em uma concepção nova do que é saúde corporativa, que saem da resolução breve de sintomas e acidentes, para uma visão integrada.
Delegar a saúde não só do funcionário, mas também de sua família, para as empresas não vai na contramão do discurso atual de redução de custos?
Há um grande movimento não só através de ações governamentais, como também das operadoras de planos de saúde voltada para atenção básica. Esse modelo de saúde corporativa é um sucesso na Inglaterra e Canadá e acredito que sim, essa é a maior tendência. Você colocar a saúde do colaborador e da sua família no centro é um fator de atração de talentos e está diretamente relacionado a entrega de resultados melhores, satisfação do funcionário e redução de custos de afastamentos, seja por doenças ou sinistros. Apenas montar ambulatórios dentro das empresas não é cuidar da saúde do funcionário. O que propomos é um conceito de gestão em vários pilares de atuação, uma solução completa em saúde, o que nos torna bastante otimistas em relação ao futuro da Imtep.
Tão otimista a ponto de prever um faturamento cinco vezes maior em 2025?
Temos um planejamento bastante agressivo, é verdade. Mas o Brasil é um país extremamente populoso e há também um segmento de profissionais sênior em que podemos atuar mais fortemente. O que queremos é explorar toda essa cadeia e também expandir nossa atuação para pessoas físicas. Tanto é que, recentemente, fundamos um departamento de aquisições e fusões para acelerar essa expansão, de forma inorgânica.
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