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A Petrobras anunciou que tentará vender, mais uma vez, a fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), na região metropolitana de Curitiba. Em material de divulgação do negócio publicado em seu site, a empresa indica que pretende concluir a primeira fase da privatização, o contrato de confidencialidade e conformidade com os interessados, ainda em outubro.
A Ansa está hibernada desde janeiro deste ano, quando a estatal decidiu interromper o funcionamento da fábrica e demitir seus quase 400 funcionários diretos. De acordo com comunicado da estatal ao mercado, “a retomada da produção da planta ou sua transformação para outro fim será de responsabilidade do futuro comprador”.
No teaser, a Petrobras destaca aos interessados as potencialidades da fábrica, como uma “perspectiva favorável para o crescimento da produção de fertilizantes nitrogenados no Brasil” e a uma “oportunidade de explorar uma plataforma única no setor de fertilizantes nitrogenados no Brasil”. A Ansa produzia 1.975 toneladas por dia de ureia e 1.303 toneladas por dia de amônia. “A capacidade de produção de ureia representaria aproximadamente 13% do consumo aparente de ureia no Brasil em 2019”, destaca o teaser.
A unidade está localizada ao lado da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), também em processo de venda.
Nova tentativa de venda, após fracasso em 2019
Essa não é a primeira vez que a Petrobras tenta vender a fábrica de fertilizantes em Araucária. Nos últimos anos, a estatal lançou edital de privatização da Ansa. Mas, após negociações frustradas e falta de interesse de compradores, a companhia anunciou a desistência do processo em novembro de 2019. O que culminou no fechamento da unidade dois meses depois.
Embora a Petrobras indique potencialidades da unidade, a justificativa para a privatização é de que a empresa tem acumulado perdas nos últimos anos. Em janeiro, a Petrobras sustentou que a Ansa teve prejuízo de R$ 250 milhões em 2019 e estimava perda de R$ 400 milhões para 2020. "No contexto atual de mercado, a matéria-prima utilizada na fábrica (resíduo asfáltico) está mais cara do que seus produtos finais (amônia e ureia) e as projeções para o negócio continuam negativas. A Ansa é a única fábrica de fertilizantes do país que opera com esse tipo de matéria-prima", escreveu, em comunicado.
Privatizada e “reestatizada”: conheça o histórico da Ansa
A Ansa tem um curioso histórico no portfólio do Petrobras. A empresa, fundada em 1982 com o nome Ultrafértil, já foi privatizada no passado. Em 1993, ela foi vendida para a multinacional Bunge. Nessa época, a unidade chegou a ser responsável por 42% dos fertilizantes produzidos no Brasil.
Em 2010, a Bunge negociou a empresa com a Vale Fertilizantes. Apenas três anos depois, o governo Dilma Rousseff (PT) decidiu comprar o ativo novamente.
De lá para cá, sustenta a Petrobras, a empresa viu a demanda pelo produzido por ali cair, até começar a gerar números negativos para a companhia.