O mercado paranaense de biodiesel está prestes a ganhar um novo concorrente. A cooperativa maringaense Cocamar deverá inaugurar em 2021, na região de sua sede, uma usina capaz de produzir o combustível renovável, extraído de proteínas vegetais e animal. A empresa ainda não esclareceu detalhes sobre volume de produção, mas a sua entrada neste ramo de negócio reforça um movimento de investimentos em biodiesel que se acentuou nos últimos anos no estado. Por trás deste interesse, um negócio que cresce a passos largos e pode se tornar extremamente rentável nos próximos meses.
O biodiesel usa como matéria-prima proteínas vegetais e animais -- sobretudo óleo de soja (maior parte), sebo bovino, algodão e girassol -- para transformar em combustível. Desde o início deste século, ele é mistura obrigatória no diesel obtido do petróleo, como uma política ambiental e de fortalecimento da agricultura familiar, já que o objetivo inicial dos legisladores era que o pequeno agricultor fomentasse boa parte desta indústria. Recentemente, a porcentagem da mistura do biodiesel ao diesel se elevou de 5% a 12%, com expectativa de que chegue a 15% até 2023, garantindo um crescimento considerável de mercado às usinas produtoras.
De fato, o mercado brasileiro já expandiu. "O Brasil ocupa a segunda posição entre produtores de combustíveis renováveis no planeta e há uma boa expectativa de crescimento do segmento", avalia o analista em energia e consultor independente Élcio Ferreira. "Números do setor indicam que os produtores de biodiesel comercializaram cerca de 6 milhões de metros cúbicos no ano passado, o que é um volume 9% superior a 2019 e que sustenta um crescimento dos últimos quatro anos", aponta.
A alta foi puxada, é claro, pelo aumento no consumo do diesel fóssil, que fechou 2020 com 57,47 bilhões de litros comercializados -- acréscimo mínimo de 0,30% em relação a 2019.
Esse movimento intensificou os negócios no Paraná, que é um dos grandes produtores do Brasil, ao lado dos vizinhos de região Sul. Está no estado, na cidade da Lapa, a maior usina do Brasil: do Grupo Potencial. A empresa, que inaugurou a planta em 2012 produzindo apenas 350 mil litros por dia, passou a produzir 1 milhão de litros no ano passado. "Se não somos a maior usina de biodiesel do mundo, vamos ser", disse o sócio-diretor da Potencial Arnoldo Hammerschimidt em evento em outubro, quando a usina aumentou sua capacidade. "A gente tem um projeto grandioso em nossa empresa de continuar produzindo na Lapa e de produzir outras energias renováveis, como HVO [também chamado de diesel verde] e o etanol. Nosso projeto vai continuar até nos tornarmos o maior complexo produtor de biocombustíveis do mundo", destacou.
As oportunidades na área também levaram o grupo RP Participações em Biocombustíveis a comprar a parte da Petrobras na empresa BSBios, sediada em Marialva, região Noroeste do Paraná. A estatal brasileira dividia com o a RP meio a meio o controle da empresa, que tem usinas de biodiesel em Marialva e em Passo Fundo (no Rio Grande do Sul). O negócio foi formalizado nesta semana, por R$ 322 milhões.
A BSBios produz, em Marialva, 468 mil metros cúbicos de biodiesel por ano.
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