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Por que tantos grupos de fora estão comprando hospitais e planos de saúde no Paraná?

Paraná Clínicas
Dr. Carlos Mortean, da Paraná Clínicas, Raquel Giglio e Juliano Tomazela, da SulAmérica. Grupo carioca comprou o paranaense em setembro (Foto: Nilton Russo/New Russo Fotografia)

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De meados do final de 2019 para cá, o Paraná tem sido centro dos noticiários de negócios em saúde graças à massiva compra de hospitais e operadoras locais por grupos de fora. Da rede Clinipam, adquirida pela NotreDame Intermédica, à Paraná Clínicas, comprada SulAmérica... A lista não dá sinais de desaquecimento. Mas por que o estado tem atraído tantos players de fora?

A invasão das empresas “forasteiras” tem a ver com uma briga por consolidação em território nacional de grandes grupos com ações na bolsa ou com alto poder de investimento. Nos últimos anos, grupos tradicionais passaram a olhar para fora de seus territórios de origem em busca de expansão na base de clientes e na cobertura de serviços. Dois deles, NotreDame e Hapvida, listados na bolsa desde 2018, tem disputado a unha os novos espaços de atuação, por exemplo.

Enquanto a cearense Hapvida apostou em levar seus serviços para o Centro-Oeste, a paulista NotreDame passou a olhar com mais atenção para o Sul do país, sobretudo o Paraná.

E mais um grande player deve entrar para o time das empresas de capital aberto e, consequentemente, partir para estratégias mais agressivas de expansão. A Rede D’Or São Luiz deve realizar ainda neste ano sua oferta inicial de ações na bolsa de valores, com potencial de ser a maior negociação do tipo em 2020. Espera-se que o grupo carioca levante até R$ 12 bilhões.

Com os recursos, é possível que o grupo intensifique sua atuação no Paraná, que começou no ano passado, com a compra do Hospital Santa Cruz. Logo após a aquisição, a empresa compradora demonstrou interesse em garantir a expansão dos serviços paranaenses.

“Faz sentido as empresas do eixo Rio-São Paulo olharem para o Paraná como porta para entrar no mercado sulista. Pela proximidade geográfica, que facilita a logística destes grupos, e pela própria característica do setor de saúde paranaense, que tem grupos médios e fortes regionalmente, ainda não verticalizados [não atuantes fora do estado]”, avalia o analista de investimentos em saúde Cézar Lima.

A estratégia expansionista, explica ele, consiste em comprar muitos ativos ou operadoras para baratear o alto custo de operação do setor. Com uma rede completa, que inclui hospital, centro de diagnóstico e operadora de plano, por exemplo, a companhia evita ter de terceirizar parte de seus serviços. Por isso, vê-se as aquisições acontecerem em diversas frentes  – como hospitais, clínicas e gestores de planos.

A entrada no mercado sulista via Paraná fica claro na estratégia da seguradora SulAmérica. Em setembro, a companhia carioca comprou a rede Paraná Clínicas, em uma transação avaliada em R$ 396 milhões, para reposicionar seus negócios. “Estou na SulAmérica há 9 anos. Quando eu entrei, lembro que 51%, 52% da receita era oriunda da carteira de saúde e odontologia. A gente foi evoluindo ao longo dos anos e no último ano a representatividade já estava em 76%, 78%. É uma empresa centenária, de capital aberto, sem dependência de nenhum banco que viu saúde se tornar seu core [principal negócio] ao longo dos anos”, explicou à Gazeta do Povo à época Raquel Giglio, vice-presidente de Saúde e Odonto da empresa.

“É muito mais do que comprar uma fatia de mercado ou uma carteira. Se fosse só isso, acho que teríamos formas diferentes, eventualmente mais baratas, de fazer isso. A gente está comprando um modelo de negócio, um know-how que pode alavancar, sem sombra de dúvida, o nosso core, que é saúde de forma integral”, definiu sobre a aquisição.

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