O médico Miguel Carlos Riella estava nos Estados Unidos, na década de 1970, quando decidiu que fundaria um espaço em Curitiba que fosse referência no cuidado multiprofissional a pacientes com doenças renais.
À época, ele fazia especialização em Nefrologia e observava, com bastante entusiasmo, como as instituições de saúde internacionais funcionavam com o apoio da comunidade. Em 1984, Riella tirou a ideia do papel e criou a Fundação Pró-Renal, na capital parananense. Hoje, a instituição é única no país e, no ano em que completa 35 anos, já soma 150 mil atendimentos gratuitos, todos financiados por doações.
Além dos procedimentos de diálise e pré-transplantes, a Pró-Renal também fornece acompanhamento de enfermagem, nutrição, podologia, psicologia, odontologia, farmácia e serviço social.
Localizada na Avenida Vicente Machado, a Fundação Pró-Renal funciona em um prédio de mais de 2.000 metros quadrados, com salas de atendimento clínico e um centro cirúrgico com equipamento de ponta para a realização de procedimentos cirúrgicos ambulatoriais. Na estrutura atual, a entidade conta com mais de 140 funcionários e diversos voluntários em todas as áreas.
O Paraná S/A conversou, por telefone, com Riella. O bate-papo sobre os desafios da instituição de mais de três décadas está abaixo.
Como surgiu a Pró-Renal?
A ideia de estabelecer uma Fundação em Curitiba surgiu durante a minha pós-graduação nos Estados Unidos, de 1970 a 1976, quando me especializei na Universidade de Washington em doenças renais. Eu observava que muitos hospitais e instituições desenvolviam seus projetos através de doações da comunidade. Isso me inspirou e, quando voltei ao Brasil, estabeleci a Fundação Pró-Renal. O slogan era “Uma Fundação de amparo à pesquisa e enfermidades renais e metabólicas” e, até hoje, esse é o nosso objetivo. A partir daí, sempre buscamos angariar recursos.
E como é feita a captação destes recursos?
Hoje temos uma equipe de captação de recursos dentro da Fundação, são funcionários nossos que atuam com um trabalho intenso de telemarketing. A maneira que mais recebemos recursos é via doação em contas de luz, água e telefone. Mas nem sempre foi assim. No começo as doações eram feitas de formas pontuais, por meio de carnês ou doações bancárias, por exemplo. Ou então por ex-pacientes, que por terem sido bem tratados, também contribuíam, como forma de agradecimento. No entanto, era difícil porque o doador contribuía uma vez e depois desistia, não havia uma periodicidade de contribuições, o que para nós é muito importante.
Quem doa?
Pessoas de diferentes regiões do Paraná, também Norte de Santa Catarina, Mato Grosso, entre outros lugares. Importante notar que quem mais doa são as pessoas mais carentes, cito aqui classe C e D. É uma prerrogativa não só do Brasil, fora daqui essa situação se repete. São as pessoas mais simples que mais ajudam.
Qual serviço a Pró-Renal presta?
É um atendimento integral. Digo isto porque o trabalho não se limita ao tratamento de saúde, mas também social. Muitos pacientes perdem o emprego ao estarem doentes, por exemplo. Precisam dializar três vezes por semana, ficam quatro ou cinco horas no procedimento. Isso faz com que dependam inteiramente da Fundação. Não têm dinheiro para transporte, alimentação, remédios. Essa necessidade de se atender o paciente renal crônico de forma integral é muito evidente.
Na instituição, os pacientes carentes têm atendimento gratuito de nefrologia e tratamento adequado nas fases precoces da doença renal. Recebem também acompanhamento da enfermagem, nutrição, podologia, psicologia, odontologia, farmácia e serviço social. Para dar conta de toda essa demanda a equipe é multiprofissional. São mais de três mil consultas por ano. Neste momento, mais de 400 pacientes estão sendo tratados em nossa sede.
Você comentou sobre tratamento do Pé-Diabético. Pode explicar?
É um trabalho de prevenção. As duas principais causas de destruição dos rins é o diabete e a pressão arterial alta – hipertensão arterial. E muitos diabéticos morrem pelo pé. Os pacientes perdem a sensibilidade dos pés, machucam o membro, e isso acaba levando a infecções e amputações. Com a nossa equipe multiprofissional, somos referência no tratamento do Pé-Diabético. Temos um consultório exclusivo de podologia. Nos últimos 13 anos, conseguimos zerar o número de casos de amputações de membros em diabéticos.
Você disse que investir em pesquisa é importante. O que a Pró-Renal realiza na área?
Além dos atendimentos aos pacientes renais, a Fundação Pró-Renal, em parceria com o Instituto Pró-Renal, também investe em pesquisas clínicas. Através de uma equipe especializada, a entidade promove estudos internacionais multicêntricos, com o objetivo de promover avanços científicos para o tratamento da doença. Atualmente, existem 10 pesquisas em andamento.
Em retrospectiva, como enxerga o papel da Fundação?
É muito gratificante e já entregamos muito à comunidade. Queremos ser vistos com uma entidade que amplifica a capacidade do governo. Acredito que o poder público não pode tudo, que a sociedade precisa se reunir em áreas e intensificar os esforços. A Pró-Renal é uma ONG que atua especificamente no paciente renal crônico e ajudamos o governo evitando custos e dando uma melhor qualidade de vida para os pacientes.
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