Carol Nery, especial para a Gazeta do Povo
A rede curitibana Liquori Caffè Gourmet, inspirada nas cafeterias italianas, está em processo de reformulação de modelo de negócio, com o objetivo de diminuir os custos e assim viabilizar a expansão no Sul do país. A marca, lançada em 2007, tem 12 unidades, sete delas em Curitiba (PR), além de cidades de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e do Maranhão. São quatro lojas próprias e oito franqueadas, que movimentaram R$ 8,7 milhões em 2017 e devem faturar 5% a mais neste ano. Até 2023, a meta da rede é chegar a 20 unidades e a um faturamento de R$ 23 milhões.
Uma loja tradicional da Liquori custa pelo menos R$ 320 mil, valor necessário para abrir no formato indicado para shopping, com área acima de 40 metros quadrados. “As melhores unidades são as de shoppings, pelo fluxo garantido de pessoas, mas têm elevado custo de aluguel e outros meios de implantação”, afirma a proprietária da Liquori, Liliane Beccari. Para ampliar a rede, no entanto, a ideia é ter opções mais econômicas, para atender a um nicho de novos franqueados com menor poder de compra. “Todos os dias somos procurados e verificamos que nosso negócio está com valor alto perto da média de poder aquisitivo, que é de R$ 250 mil. Com esse valor, conseguimos atender com lojas menores, com 20 metros quadrados, mas não em shopping”, diz.
Para abraçar estes outros perfis de franqueados, Liliane pretende adotar medidas como enxugar o cardápio e repensar o formato arquitetônico das unidades. Hoje a Liquori tem nove lojas em shopping, que faturam em média R$ 85 mil ao mês, e três de rua, que movimentam cerca de R$ 60 mil mensais. A taxa para adquirir a franquia é de R$ 30 mil. Valor igual deve ser destinado para capital de giro. A lucratividade média mensal é de 12% a 20% e a taxa de royalties é de 1% a 3%.
Com tíquete médio baixo, cafeteria depende de grande fluxo
A empresária Liliane destaca como vantagem da nova estratégia de negócios da Liquori a flexibilidade de formatos. Uma unidade pode ser instalada em espaços pequenos ou grandes, e anexo a uma livraria, por exemplo, ou ter um modelo mais enxuto de shopping, como os quiosques, com investimento de R$ 150 mil. “É preciso identificar bons pontos. Uma cafeteria precisa de fluxo, porque não se tem um tíquete médio alto – em torno de R$ 15.” O único quiosque da marca fica no Shopping Palladium, no bairro Portão, por onde circulam cerca de 1,5 milhão de pessoas todo mês.
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Novas unidades da Liquori serão inauguradas a partir de 2019. Uma delas será no Jockey Plaza Shopping, em Curitiba (em fase de obras), e mais duas estão em negociação, uma no Paraná e outra em Santa Catarina. “Queremos priorizar a Região Sul, com foco no interior destes dois estados, além de cidades estratégicas no Rio Grande do Sul, entre elas Gramado”, afirma Liliane. Após consolidação no Sul, a ideia é partir para cidades das demais regiões do Brasil. “A unidade do Maranhão nos fez entender os erros e como podemos melhorar questões de logística e consultoria, por conta da distância.”
Brasil é o segundo maior mercado consumidor de café
As lojas da Liquori comercializam um total de 250 mil cafezinhos por mês, em média, e são consumidos 600 quilos do grão neste período. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), o consumo de café no Brasil no ano de 2017 ficou em 21,5 milhões de sacas, colocando o país como o segundo maior mercado consumidor do mundo. Ele perde apenas para os Estados Unidos, que consumiu em torno de 20% a mais de sacas. Até 2020, o varejo de cafés especiais deve ter suas vendas dobradas, movimentando aproximadamente R$ 3,9 bilhões.