Um mês após ter o seu fechamento anunciado, o Polloshop ainda tem causado dor de cabeça para parte de seus lojistas. Empresários reclamam da forma abrupta com que o centro de compras no Alto da XV, em Curitiba, anunciou o encerramento das atividades, em abril. Uma parte, inclusive, tem procurado advogados para tentar amenizar suas perdas. Outra tentou, sem sucesso até o momento, negociação direta com os proprietários do imóvel.
De acordo com posicionamento oficial da administradora do shopping, Polloshop Participações e Empreendimento, à época do fechamento, o alto preço do aluguel havia sido o principal motivo para o fechamento. Uma semana antes, no entanto, o grupo havia conseguido na Justiça uma liminar que reduzia o valor de aluguel em quase 60% -- de R$ 364 mil para R$ 160 mil. Em seu despacho, a juíza substituta Débora Demarchi Mendes de Melo, da 1ª Vara Cível, considerou o período de fechamento por conta da pandemia para conceder a redução temporária.
“Logo, no quadro atual de incertezas, no qual a adimplência dos lojistas da autora está prejudicada ante a suspensão das atividades exploradas, é certo que o presente momento de crise requer compreensão e solidariedade de todos”, apontou.
No anúncio de seu fechamento, em abril, o centro comercial indicou que enfrentava dificuldades desde 2014. Disse ainda que o fechamento compulsório – por decreto estadual – para combater o coronavírus dificultou o empreendimento de arcar com o aluguel. "E agora com a crise estabelecida pelo surto da Covid-19, que determinou o fechamento dos shoppings e a suspensão dos pagamentos por parte dos lojistas, a administração do empreendimento ficou impossibilitada de arcar com o alto valor do aluguel do imóvel", dizia o texto.
A reportagem tentou contato com o Polloshop e seus advogados, mas não obteve retorno.
Vida difícil para os lojistas
Na condição de anonimato, um lojista afirmou que ficou sabendo pelo noticiário do encerramento de as atividades. “Não houve aviso, não houve nada. Sabíamos que o esse período [de portas fechadas] iria complicar as contas. Mas não teve diálogo”, diz. O empresário afirma que não sabe se continuará no ramo após a pandemia "Sobre a negociação direta com o proprietário, do imóvel, não tive qualquer resposta.
Advogada de outra lojista, Margareth Zanardini Moreira, diz que sua cliente tinha contrato de locação até 31 de maio – mais de um mês depois do anúncio de encerramento. Segundo ela, a empresária teve que obter por medida judicial o direito a retirar seus produtos do local. “Fomos nesta semana [retirar os estoques]. A maioria dos lojistas já saiu. O que foi proposto para eles [outros lojistas], eu não sei. Mas presenciei que às pessoas, ao retirar seus pertences, eram apresentados documentos de renúncia da busca de qualquer direito. Claro que eu não concordei”, disse.
Margareth diz que sua cliente não foi, em nenhum momento, avisada do término do contrato. Via de regra, em contratos indeterminados, é necessário 30 dia de aviso prévio. “Nunca vi um encerramento de locação dessa forma”, ela declara. “Recebi um grupo de lojistas e um deles me disse que ficou sabendo por um amigo, que me ligou dizendo que eu não tinha mais loja”, conta. A advogada alega que sua cliente não recebeu sequer o contrato de locação.
Ares novos
Embora lojistas tenham se unido para tentar manter o funcionamento do shopping, parte dos donos das 220 lojas já migrou para outras formas de venda ou outros locais. Muitos, alavancados pela mudança de rotina causada pela pandemia.
Proprietário de três delas, Nikolas Woellner alugou um espaço exatamente na frente do centro comercial para manter ativa duas de suas marcas: Simonixx Moda Feminina e John Galt Moda Masculina. “Inauguramos nossa nova unidade no sábado, em frente ao shopping. Aposto no movimento de que infelizmente [o coronavírus] vai virar uma endemia, vamos ter que aprender a conviver com o vírus. E nesse cenário acredito que o modelo de shopping está fadado a acabar. Com aglomeração de pessoas e ar circulante”, disse.
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