Depois de dois anos arrumando a casa, enxugando o portfólio de bandeiras para crescer com mais foco, a rede paranaense Slaviero Hotéis voltou a investir em 2019 por meio de parcerias. Serão R$ 275 milhões em nove novas operações previstas até 2020, incluindo a abertura, em abril deste ano, do Complexo Heron Marinho, que traz o Slaviero Campina Grande, na Paraíba. O empreendimento marca um novo tipo de operação para o grupo, com a administração do complexo que mescla hotel, torres residenciais e um centro comercial.
O CEO do Slaviero Hotéis, Eduardo Campos, conversou com o Paraná S/A sobre os planos e expectativas da rede paranaense de 35 anos para ampliar sua presença no país. Atualmente, eles têm 25 hotéis em 13 cidades brasileiras, mas o objetivo é chegar a 30 operações em 20 cidades até o final de 2020.
Quais são planos da rede Slaviero para 2019?
Depois da situação econômica dos últimos anos, estamos apostando na volta do crescimento do negócio. A hotelaria sofreu muito, principalmente com quedas nos valores das diárias. Agora, estamos trabalhando estrategicamente para recuperação desses valores, para que a rentabilidade volte a ficar dentro do patamar considerado normal. Na questão da expansão, a partir deste ano a rede voltou a ter um cronograma de novas operações e negócios no portfólio. Além de um complexo em Campina Grande, na Paraíba, que inaugurou no começo de abril, temos outros dois hotéis que vão abrir nos próximos meses em Curitiba, além de outros ainda em contrato.
A princípio, para este ano, são essas três operações?
Confirmadas para este ano, sim. A gente tem mais duas ou três operações para o ano que vem e temos novos contratos de negócios. São projetos de três a cinco anos, entre a assinatura do contrato e o início da operação. Envolve desde a prospecção de um terreno, desenvolvimento do projeto arquitetônico e a construção efetiva do negócio. O que temos hoje, em fase de abertura, são contratos mais antigos que estão se concretizando agora.
O que prevê o projeto de expansão da rede?
A nossa estratégia de médio e longo prazo é voltar a ter de duas a três aberturas por ano. Como fazemos contratos de administração de empreendimentos com investimentos de parceiros, estamos prospectando investidores para novas parcerias ou também para a chamada conversão de bandeiras de hotéis independentes que querem virar Slaviero Hotéis.
Esses projetos são para quais cidades?
O nosso foco é trabalhar no país como um todo, mas tentando sempre entrar nas principais capitais do país. Hoje a gente já trabalha em Curitiba, São Paulo, Porto Velho e Cuiabá, mas temos intenção de entrar em outras como Porto Alegre e Salvador. Dos projetos já contratados, temos uma mescla com duas novas operações em Curitiba, além de São José dos Pinhais, Chapecó (SC), Florianópolis (SC), Campinas (SP), Campina Grande (PB) e Manaus (AM).
Este complexo inaugurado em Campina Grande, na Paraíba, é um modelo novo para a rede?
Sim, entrou em operação no dia 1º de abril. É um complexo multiuso que tem hotel, uma torre comercial já construída e mais duas previstas, além de um pequeno shopping e uma área comum para toda essa estrutura. O grande desafio é fazer a gestão de todo o complexo, não só do hotel, mas do residencial, que é algo novo para a rede. Estamos incorporando a nossa gestão no ramo hoteleiro na gestão de outros negócios.
Como surgiu essa oportunidade? É uma área que vocês vão atuar mais?
Foi uma oportunidade em que investidores da região, do estado da Paraíba, nos chamaram para o projeto de gerenciar o complexo e nós enxergamos uma área com potencial. Outro empreendimento que vamos inaugurar em Manaus, tem, além do hotel, um shopping de serviços anexo que também será gerenciado pela rede Slaviero. Esse tipo de negócio, complexos multiusos, está crescendo bastante no país. Há muito interesse das construtoras.
Qual o investimento previsto para abrir de duas a três unidades por ano?
A hotelaria hoje, as grandes redes hoteleiras não fazem mais tanto investimento imobiliário, que é a parte mais pesada de um projeto e que necessita de muitos recursos financeiros. A gente acaba buscando investidores, fundo de investimentos. Hoje o nosso negócio segue esse modelo, com investidores para a construção dos hotéis e a rede Slaviero entrando com a administração, que é a nossa grande expertise.
Vocês passaram por um processo de rebranding em 2017/2018?
Nós estávamos criando marcas conforme iam surgindo oportunidades. A gente teve uma preocupação de ter uma padronização na questão arquitetônica dos prédios para cada marca que estávamos trabalhando. Mas o mercado está sofrendo uma migração em que o cliente não quer mais ficar em hotéis da mesma rede onde ele vai encontrar exatamente a mesma construção hoteleira. Ele quer ter uma experiência diferente.
Baseado nessa expectativa, estamos abrindo mão dessa padronização arquitetônica para que o nosso cliente possa ter uma experiência diferenciada, ou seja, estamos trabalhando para que os nossos hotéis tenham características específicas diferentes, porém, com a mesma qualidade.
Com isso, de todas aquelas submarcas que nós tínhamos, estamos trabalhando agora apenas com três modelos de negócio: Slim Hotéis, de categoria econômica e bandeira única; e as bandeiras Essential e Collection, composta pelos hotéis conceito “By Slaviero Hotéis”.
Vocês chegaram a ter quantas bandeiras antes da reformulação?
Chegamos a ter cinco bandeiras: Executive, Essential, Suítes, Conceptual e Slim.
Essa necessidade de enxugar as marcas veio do próprio mercado?
Exatamente. O perfil dos hóspedes mudou muito. O que a gente quer padronizar hoje é a qualidade dos nossos serviços, para que o cliente saiba que se ele ficar em Curitiba ou em São Paulo, será atendido com o mesmo padrão, mas poderá desfrutar de uma experiência arquitetônica diferente.
As pessoas querem o mesmo padrão de qualidade, mas não a mesma experiência. É isso?
Exatamente. A geração mais jovem, principalmente. Eles querem experiências mais descontraídas que estamos começando a incluir em nossos hotéis econômicos.
Com essa mudança, como que tamanho ficou a rede?
Com a adequação das bandeiras, hoje estamos com 25 hotéis em operação em 13 no país. O plano é fechar 2020 com 30 hotéis e manter o ritmo de duas a três novas operações por ano.
Como o cenário econômico impactou o desempenho da hotelaria nos últimos anos?
Eu acho que a hotelaria acabou sofrendo mais por conta de uma expectativa ruim do que necessariamente pelos efeitos reais da crise econômica no setor. Nós tivemos queda na ocupação, é claro, mas elas não foram exageradas. Contudo, baseados nessa preocupação e cenário ruim, os hoteleiros passaram a baixar muito o preço das tarifas. Ou seja, as tarifas caíram mais do que a taxa de ocupação efetivamente.
A queda foi mais uma expectativa do que uma realidade, então ...
A maior queda das tarifas aconteceu em 2017. Em 2018 e 2019, estamos dentro das médias históricas. Mas apesar do movimento, os valores ainda muito baixos. A única cidade onde os preços das tarifas já voltaram ao normal é São Paulo. Estamos aguardando um crescimento mais consistente da economia.
Para recuperar preço de tarifa e taxa de ocupação?
Sim. Em Curitiba, por exemplo, além de o setor hoteleiro ter sofrido os efeitos da crise que eu já mencionei, também houve um aumento da concorrência. Nós tivemos nos últimos dois, três anos, a abertura de novos e bons hotéis na cidade.
Neste cenário, qual é o faturamento da rede hoje?
O faturamento total das nossas operações chegou a quase R$ 190 milhões no ano passado, um crescimento de 9% em relação a 2017. Para este ano, a gente espera crescer de 10% a 15%, não só com a consolidação de operações como também com a abertura dos novos hotéis, superando os R$ 200 milhões de faturamento. Tudo vai depender do desempenho da economia. No começo do ano a gente estava mais otimista, agora estamos um pouco mais apreensivos.