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Startup leva tecnologia para gestão de condomínios e transforma moradores em “síndicos”

Leonardo Boz, Rafael Lauand e José Thiago Vanni, fundadores da startup LAR, de administração digital de condomínios. Foto: Divulgação (Foto: )

Uma startup criada por dois curitibanos promete dar uma mãozinha aos síndicos na gestão de condomínios. A LAR funciona como um administradora digital que usa tecnologia para simplificar processos, reduzir custos e burocracia. Há menos de um ano no mercado, a empresa garante uma redução média de até 15% nos custos da gestão dos condomínios nos três primeiros meses de operação – economia que pode chegar a até 50% no longo prazo.

Uma das premissas da startup é reduzir a papelada na mesma medida em que aumenta a transparência da gestão, fazendo com que as informações estejam sempre ao alcance do morador no e-mail, WhatsApp ou no aplicativo da LAR. Os condôminos podem, por exemplo, acompanhar praticamente em tempo real os gastos do condomínio de maneira didática, por meio de gráficos e relatórios. Como administradora, a startup também oferece outras funcionalidades como, por exemplo, reservar salão de festas, pedir segunda via do boleto e receber aviso do vencimento do condomínio, tudo via aplicativo.

“Enquanto as administradoras tradicionais levam até 60 dias para fazer a prestação de contas, nós entregamos a versão final do balancete em três dias. Isso permite que o condomínio tome decisões mais rápidas”, explica o sócio-fundador da LAR, Rafael Lauand, que conta ter visto balanços mensais de condomínios com mais de 300 páginas, maiores inclusive do que do muitos  balanços trimestrais de empresas com capital aberto em bolsa.

Na prática, explica Lauand, a transparência da solução digital da LAR transforma os donos e moradores em síndicos do próprio condomínio, incentivando-os a acompanhar de perto para onde vai o dinheiro do local onde moram.

Ideia surgiu por acaso

A ideia de levar tecnologia e inovação para a gestão de condomínios surgiu quase por acaso, depois que o apartamento da irmã de Lauand foi a leilão porque a inquilina atrasou mais de dois anos de condomínio e ela, a dona, não foi comunicada pela administradora. Daí é que veio o estalo, conta ele: “Por que a gente não ajuda os condomínios a desburocratizarem sua gestão? À medida que fomos entrando mais neste universo, fomos entendendo o tamanho da caixa preta que era esse mercado”, diz.

Foram menos de seis meses entre a concepção do negócio, os testes em três condomínios em Curitiba e a abertura oficial da LAR, em abril de 2018. Depois disso, a startup concentrou seus esforços no mercado de São Paulo, que hoje reúne 90% dos clientes da LAR. Os outros 10% estão na capital paranaense. Ao todo, são dez condomínios gerenciados pela startup, que vislumbra um mercado de 120 mil condomínios em todo o Brasil, dos quais 16 mil somente em São Paulo, de acordo com estimativas do Secovi do paulistano.

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Os três sócios investiram do próprio bolso R$ 80 mil no negócio e agora estão em fase final de negociação com um fundo de investimento. O objetivo é captar aproximadamente R$ 1,5 milhão investir na tecnologia e escalar o negócio. Em janeiro deste ano eram apenas os três sócios; hoje são sete profissionais e a startup está com mais 10 vagas em diferentes áreas.

Diferente da maioria das startups, a LAR não desenvolveu um produto próprio para ir ao mercado. A solução da empresa é fruto de mais ou menos 23 integrações de softwares diferentes, todos de outras empresas que atuam no mercado, como a também curitibana Pipefy e a gigante norte-americana Amazon. “Ao agregá-los, conseguimos oferecer uma solução completa em gestão digital de condomínios e focar no coração do nosso negócio. Desde o começo de 2019 estamos desenvolvendo tecnologia própria”, afirma Boz.

“Toda a concepção do nosso produto nasceu com o quebra-cabeça de outros produtos. Não tivemos arrogância de não recorrer a essas soluções já disponíveis no mercado. Se fôssemos criar um produto do zero, teríamos de investir em torno de R$ 300 mil”, afirma Leonardo.

Rafael e Leonardo eram colegas no curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Paraná, em 2008. Depois de formados, seguiram caminhos bastante distintos na carreira até se encontrarem novamente na EasyTaxi e, depois, em 2017, na Vitta, startup de soluções para gestão médica criada em 2014. Foi ali que eles conheceram José Vanni, que acabou virando o terceiro sócio da LAR. A ideia inicial era criar um negócio para lidar com a burocracia de outras empresas, especialmente de startups, para que elas pudessem focar no seu core business. Mas aí a irmã de Rafael teve aquele problema com a administradora e o negócio mudou de rumo.

Plano é ser administradora 100% digital

Apesar da bandeira da digitalização, a LAR ainda não eliminou 100% o papel da operação, especialmente porque alguns condôminos ainda não têm tanta afinidade com o mundo digital e preferem o boleto impresso. Hoje, 38% condôminos atendidos pela startup já recebem só o boleto digital. A meta é melhorar em 10% esse número todos os meses. Quando isso ocorre, a LAR doa a diferença de custos entre o papel e o digital para a ONG Teto.

“Existe um perfil de pessoas em que o discurso da digitalização é mais permeável, mas não existe um público onde os resultados do nosso produto não sejam convincentes”, diz Leonardo.

Dos quatro planos oferecidos pela LAR em seu portfólio (Básico, Essencial, Completo e Personalizado https://www.lar.app/), apenas o Básico é integralmente digital e, por isso, ofertado em todo o Brasil. Os demais possuem suporte presencial, e por isso estão sendo oferecidos unicamente na capital paulista, mas já com previsão de expansão para outras cidades.

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