Colocar em prática o conceito de Cidades Inteligentes a partir da digitalização do serviço de Estacionamento Rotativo. Essa é a proposta da Startup paranaense Estar Digital, que nasceu em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e hoje está presente em mais de 50 cidades do Brasil, sendo quatro no Paraná.
O serviço básico da empresa moderniza o controle de espaços públicos onde motoristas precisam pagar para estacionar. São os chamados Estacionamentos Rotativos – em Curitiba, o conhecido Estar. A empresa oferece aos municípios uma série de opções para modernizar não só uso do Estar, como também a fiscalização dos agentes de trânsito, a produção de relatórios financeiros, entre outros serviços.
Para os motoristas, a principal vantagem é ter, no celular, a opção de pagar o estacionamento rotativo, de quitar eventuais dívidas com a prefeitura ou mesmo de renovar o período de serviço. As funções estão disponíveis em um aplicativo, que pode ser baixado nas lojas Google Play e Apple Store. Com uso de cartão de crédito ou débito, o condutor do veículo faz o pagamento. Tudo sem precisar usar os conhecidos “bloquinhos de papel”.
Para o CEO da Estar Digital, Antônio Carlos Domingues de Sá, a comodidade é a principal vantagem ao consumidor. Ele explica que quando um motorista precisa estender o tempo de estacionamento devido a uma reunião, por exemplo, pode solicitar mais uma hora de uso sem precisar correr para trocar o cartão físico do estar – fazendo tudo pelo celular.
Outra vantagem do aplicativo é que ele pode ser programado para atender outras demandas. É possível, por exemplo, que a plataforma também notifique a existência de multas junto a órgãos de trânsito, informe sobre necessidade de pagamento do IPVA (Imposto sobre Propriedade Veicular Automotiva), entre outras funções.
Fim do bloquinho?
À primeira vista, pode-se imaginar que a automatização do serviço de Estacionamento Rotativo visa exterminar o uso dos bloquinhos de papel para controle do espaço público. No entanto, Antônio Carlos explica que é possível que as duas formas de controle e cobrança coexistam.
O CEO conta que muitas prefeituras veem a necessidade de manter os dois produtos, especialmente para não prejudicar cidadãos não habituados com a tecnologia. Apesar dessa possibilidade, a startup sugere a substituição gradativa do papel.
A solução estaria, então, em unir esforços com o comércio local. “Os comerciantes podem ativar as vagas sob demanda do motorista que não tem aplicativo”, explica o CEO da Startup. A sugestão é que, em cada quadra onde há estacionamento regulamentado, exista um estabelecimento comercial que ofereça o serviço aos cidadãos, através de um equipamento do Estar Digital – semelhante às máquinas de cartão de débito ou crédito.
Em contrapartida, o comerciante pode utilizar esses equipamentos para vender seus próprios produtos, sem custo algum. Ou seja, o empresário usa o dispositivo para desbloquear vagas aos motoristas que não têm smartphones e pode vender balas, livros, sanduíches ou quaisquer outros produtos. O comerciante paga apenas as taxas de débito e crédito, sem cobrança extra pela utilização da máquina.
Atualmente, a cidade de Ponta Grossa é 100% digital para o serviço de estacionamento regulamentado. Desde o fim do ano passado (2019), há uma rede de pontos de venda que está apta para prestar o serviço à população. Ponta Grossa já utiliza o Estar Digital há dois anos e meio. Foi o primeiro município a contratar a empresa.
Fiscalização mais eficaz
Mas as vantagens não são apenas para os motoristas. O poder público ganha em eficiência e economia de recursos. O Estar Digital permite, segundo o CEO da empresa, aumentar a produtividade de um agente de trânsito em 25 vezes.
A explicação está em um equipamento acoplado a câmeras e que fica instalado em cima de um veículo oficial. A tecnologia possibilita que o equipamento faça leitura da placa de todos os carros estacionados e também daqueles que estão na pista de rolamento. Basta que o veículo oficial mantenha, no máximo, velocidade de 55 km/h.
O sistema, então, verifica que há carros estacionados irregularmente, bem como se automóveis em circulação são fruto de roubo ou estão com pendências junto a órgãos de trânsito. “Eu consigo sofisticar e turbinar o elemento fiscalizatório. Além disso, consigo fazer rastreamento de veículos da pista de rolamento – tendo um subproduto voltado à segurança e ao trânsito – uma vez que verifico carros com IPVAs vencidos, roubados, furtados, que podem ser disponibilizados em sistemas de segurança urbana”, explica Domingues de Sá.
O CEO da Estar Digital afirma que esse conjunto de possibilidades mostra que o conceito de Cidades Inteligentes não é papo furado e pode ser colocado em prática. “É muita conversa abstrata e pouca mão na massa. Mas a gente enxergou no Estar Digital um hub de possibilidades, de funcionalidades, para que a partir dele consigamos chegar até o cidadão”, completa.
O negócio
Atualmente, a empresa desenvolve soluções para 56 cidades. Algumas estão em fase de implementação do sistema, outras, como Ponta Grossa, já aderiram a todas as funcionalidades.
A Estar Digital está em 11 estados do país. No Paraná, são 1,2 milhão de pessoas com acesso à plataforma. Além de Ponta Grossa, a empresa está presente em Guarapuava, região centro sul do estado, Araucária e Campo Largo, que ficam na Região Metropolitana. A Startup também tem sede operacional em Curitiba e está chegando também em São Paulo.
Atualmente, a empresa participou do Edital de Credenciamento promovido pela prefeitura de Curitiba para analisar empresas que fazem a automatização de processos do Estacionamento Regulamentado. De acordo com Antônio Carlos, ainda não há uma data para que a Urbanização de Curitiba (Urbs) dê um posicionamento aos interessados no negócio.
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