Carol Nery, especial para a Gazeta do Povo
A startup uFrog, que produz calçados térmicos, muito procurados para a prática de esportes aquáticos, tem experimentado um crescimento que é considerado astronômico por seus sócios, principalmente em um cenário de crise econômica. A marca foi criada em 2014, mas o negócio começou a decolar mesmo a partir de abril de 2017, quando a empresa melhorou a estratégia de administração e de atuação no mercado. As sapatilhas uFrog foram idealizadas pela velejadora Maria Eugênia Gonzaga, de Florianópolis, em busca de maior segurança e conforto para a prática de regatas.
Meg, como é conhecida, levou a ideia para o especialista em neoprene Fernando Vieira, de Garopaba (SC), que desenvolveu o produto especialmente para uso pessoal da esportista. O calçado começou a gerar curiosidade e interesse. Em 2013, o grupo investidor Prodata foi apresentado ao produto para viabilizar a produção em maior escala e fechou sociedade com a proposta de criar uma fábrica.
Contudo, para o negócio crescer profissionalmente, era preciso reunir todos em um só local. “Naquela configuração estávamos com a operação administrativa e financeira em Curitiba, o comercial em São Paulo e a produção em Garopaba. Virou um caos”, conta o diretor do Grupo Prodata, Jeferson Javorski.
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Com um investimento de R$ 1,5 milhão, em abril de 2017 foi inaugurada a fábrica da uFrog em um imóvel de 300 metros quadrados no bairro Prado Velho, em Curitiba. Toda a operação está concentrada no mesmo local. Desde então, os sócios viram a empresa crescer muito rapidamente. “No início, em 2014, comemorávamos quando fazíamos três mil pares por mês. Agora são de 20 mil a 30 mil pares.” A produção é intensa. Segundo Javoski, qualquer pedido que entre hoje tem entrega prevista somente para final de novembro. “Para o ano que vem, a estrutura ainda suporta a produção. Mas a tendência é irmos em breve para um lugar bem maior”, revela o empresário.
A uFrog começou com uma média mensal de faturamento bruto em torno de R$ 500 mil. Passados quatro anos, a meta para 2018 é chegar a R$ 7 milhões, mais que o dobro do registrado no ano passado, quando a empresa bateu os R$ 3 milhões de faturamento. “Vamos continuar a crescer, mas a meta agora é consolidar esses números, com cautela e de modo organizado, para garantir entrega e qualidade de produto”, diz.
Os calçados da uFrog são encontrados em 500 pontos de vendas em todos os estados do país e a marca conta com mais 58 revendedores. “Estamos focados em avaliar bem quem são os novos clientes, onde eles estão, qual público-alvo e localização, para evitar um crescimento desordenado, sem uma estratégia por trás.”
Startup substitui feiras por quiosque em shopping
A uFrog ganhou muita força com a participação em feiras por todo o país, mais agressivamente nas regiões Sul e Sudeste. Em 2017, foram 19 eventos e a marca chegou a vender mil pares em uma única mostra. “O consumidor final comprava o produto e queria mais, mas não sabia onde encontrar. Lojistas começaram a nos procurar por causa da demanda pelos calçados, com interesse em comercializar”, conta.
Ao perceber o poder das feiras, os sócios Javorski e Vieira tiveram a ideia de ter uma feira nos 365 dias do ano, em forma de quiosque no shopping. O corredor de um shopping funciona como uma feira o ano inteiro, pelo grande fluxo de pessoas, e ainda marcamos território.”
O Shopping Palladium, no Portão, foi estrategicamente escolhido para receber a primeira loja própria, como vitrine para novidades e coleções em primeira mão, por reunir o maior fluxo de consumidores entre os centros de compras de Curitiba: 1,5 milhão de pessoas todo mês, a maioria de classes C e D. A média mensal de vendas é de 700 pares, que rendem um faturamento médio de R$ 55 mil. “É muito melhor que feira. Elas caíram por causa da crise e estávamos fazendo 350 pares por mês.”
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O próximo quiosque será inaugurado no Shopping Iguatemi Campinas, no interior de São Paulo. “Assim como Curitiba, Campinas é reconhecido como um laboratório de consumo. Neste shopping, teremos um fluxo de 1,8 milhão de pessoas por mês, de classes A, B e C+. Javorski estima um desempenho ainda melhor na cidade paulista, na comparação com a capital paranaense. “As feiras sempre nos mostraram que Campinas vende mais.”
Os próximos quiosques, a partir de 2019, serão em Brasília e São Paulo. As sapatilhas uFrog alçaram voo para fora do país e já têm revenda em Nova York, além de interessados na Espanha, África do Sul, Chile, Peru e Uruguai. Como estratégia de expansão, a uFrog estuda ainda a possibilidade de abrir mercado por meio de modelo de franquia.
Maior público está no Sudoeste, por conta das praias
Os calçados da uFrog são confeccionados em Neoprene Air, nome comercial do elastômero sintético, que é uma borracha de alta qualidade revestida com tecidos dos dois lados. São apropriados para o uso em superfícies lisas e molhadas e em variadas atividades físicas, como pilates, hidroginástica, corrida na areia da praia e prática de esportes náuticos, como vela e jet ski. O maior público da marca (60%) está no Sudoeste, principalmente no Rio de Janeiro, por conta das praias, assim como em Brasília, para atividades em lagos.
As sapatilhas são sucesso entre o público infantil e idoso também, pois proporcionam conforto térmico em pisos quentes e gelados, bem como segurança em ambientes molhados, evitando deslizamentos. “Ele já ajudou muitas crianças a darem os primeiros passos.” O neoprene, explica Javorski, é um material altamente resistente, que tem grande maleabilidade e mantém a temperatura dos pés estável, mesmo em ambientes molhados.
A tecnologia de perfuração da borracha interna no neoprene permite maior circulação do ar e facilita a transpiração dos pés. O solado aderente de borracha foi inspirado nos pneus de chuva dos automóveis, que não desliza em pisos molhados e lisos.
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