Daniel Pimentel Slaviero é presidente da Copel desde janeiro de 2019| Foto: Dani Catisti/Divulgação Copel
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O leilão para a privatização da Copel Telecom está marcado para o dia 9 de novembro, na B3, a Bolsa de valores de São Paulo. A data e a condução do processo foram alvo de queixa do PDT ao Ministério Público. O partido considera a venda precipitada e o momento inadequado por conta da pandemia de Covid-19, as incertezas econômicas e o papel estratégico que a estatal de tecnologia pode desempenhar. Para o presidente da Copel, Daniel Pimentel Slaviero, no entanto, o “timing” da privatização é perfeito, a ponto de praticamente dobrar o preço mínimo pelo qual a estatal será colocada em leilão.

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“A pandemia mostrou-se como uma oportunidade ainda maior para esse tipo de ativo. Depois de máscara e álcool em gel, uma das coisas que mais se procurou nesta pandemia foi a estrutura de transmissão de dados. As pessoas só conseguiram trabalhar remotamente, de casa, evitando exposição ao vírus, por conta dessa estrutura. A pandemia mostrou que a infraestrutura da distribuição de dados é muito estratégica”, disse o presidente da Copel, em entrevista à Gazeta do Povo. “Além disso, temos uma liquidez de mercado, com juros a 2% ao ano, com o mercado financeiro tendo uma retomada mais rápida que a economia em si. E, por fim, temos que a estrutura de banda larga será muito importante para quando chegar a tecnologia 5G. Com o leilão do 5G no primeiro semestre do ano que vem, quem tiver uma base como a da Copel Telecom vai estar muito bem posicionado para ser um player do 5G e oferecer telefonia”, acrescentou.

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Para ele, “esse timing mostrou-se muito atrativo para que a gente possa ter um bom nível de competição. Tanto que a Copel anunciou o leilão com preço mínimo de R$ 1,4 bilhão, o que superou muito a expectativa do mercado, que estava entre R$ 500 milhões e R$ 800 milhões. Isso já é decorrência dessa expectativa de valorização desses ativos nesta conjuntura”.

Segundo o presidente da Copel o número de interessados no leilão indica o sucesso do processo. “Treze empresas ou grupos já compraram o data room com todos os dados da companhia e já respondemos a mais de 500 perguntas técnicas dessas empresas interessadas. Então, os primeiros sinais são muito positivos para que realmente tenha um interesse grande, que vai se traduzir numa alta competitividade e, possivelmente, numa elevação razoável deste preço mínimo”, diz, citando haver entre os interessados as grandes operadoras que já atuam no país, além de operadoras de infraestrutura e fundos de investimento nacionais e internacionais.

Slaviero também refuta a crítica de que o processo esteja sendo tratado com pressa e urgência. “Não tem urgência. Esse processo começou a ser discutido em 2017, quando o Conselho de Administração avaliou que a Copel deveria fazer esse desinvestimento. Ele ganhou força em 2019, com a chegada desta administração e a definição de suas diretrizes para a Copel. Então, já estamos há mais de 18 meses neste trabalho, estudos, avaliação, interação com o Tribunal de Contas, interação com a Aneel. É um processo que já está bastante maduro”, disse. Segundo Slaviero, como representante do acionista majoritário, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior, definiu a estratégia de a empresa voltar-se exclusivamente para a geração, transmissão distribuição e comercialização de energia, fazendo o desinvestimento de outros negócios para concentrar recursos na melhoria da infraestrutura energética do estado.

A orientação do governador e a mudança no mercado de internet são as justificativas de Slaviero para o desinvestimento na empresa de telecomunicações, mesmo ela sendo lucrativa e bem avaliada pelos consumidores.  “O negócio de telecomunicações foi uma coisa muito importante para o desenvolvimento do Paraná em infraestrutura. Temos muito orgulho da Copel Telecom, porque ela nasceu nas costelas da Copel. Era um departamento, na década de 1990, com o objetivo de interligar as usinas e subestações da Copel, mas foi ganhando tanto corpo que, a partir de 2010, foi oferecida para a população inteira”, reconhece. “Mas essa realidade mudou, a Copel já teve 65% de share da internet no Paraná, hoje tem ao redor de 22%, porque se tem uma amplitude de competidores, desde aqueles pequenos provedores, como os grandes players nacionais e internacionais. Então, esse negócio virou um negócio para capital intensivo, para escala, para serviços multiplataformas, de alta concorrência, num ambiente hostil para uma empresa estatal. Tanto que a Copel é a última estatal de telecomunicações do Brasil a ser privatizada”, argumenta, citando que a companhia já não consegue ser tão competitiva quanto seus concorrentes e que, mesmo tendo uma rede de 36 mil km de fibra ótica, necessitaria de investimentos muito altos para ampliar suas linhas, e manter-se entre os principais operadores de internet do estado. “Por isso que acreditamos que além de ser bom para a Copel, o desinvestimento será bom, também, para os consumidores, pois os contratos seguirão vigentes e eles têm a perspectiva de ter o serviço com preço mais acessível. E o recurso que arrecadarmos com o leilão será investido para melhorar nossa infraestrutura de energia e ampliar nossa capacidade de geração”, conclui.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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