Sem recorrer a nenhum jargão da área, a empresária Andrezza Furaso prova que entende mais de empreendedorismo do que muito administrador diplomado. Isso porque, mesmo sendo dentista, ela olhou para um público “esquecido” pelas clínicas estéticas e hoje consegue faturar, somente em uma de suas seis lojas, mais de R$ 650 mil por mês. A fórmula da rede de clínicas Royal Face é uma só: oferecer ao público B, C e D tratamentos que essas mulheres acreditavam ser acessíveis apenas as atrizes que assistem na televisão.
O crescimento da marca chega a ser agressivo. Em um ano a clínica curitibana - antes batizada apenas com o sobrenome da empresária -, abriu outras cinco filiais e deve inaugurar, no próximo mês, outras 20. Até o final de 2019 a meta é “cortar a fita” de mais 30 unidades, fechando um conglomerado de 50 lojas.
“Eu olhei para um público que ninguém estava vendo, mulheres de 35 a 60 anos, que agora querem investir o dinheiro em si mesmas”, conta Andrezza.
“O que eu considero os segredos do sucesso são as formas de pagamento e o cuidado que tivemos de decorar, produzir todos os ambientes, fornecer um atendimento classe A para essas pessoas. Eu ganho no volume de vendas”, explica.
A jogada parece simples, mas envolve uma operação financeira refinada. Contando que seu público tinha dificuldade em pagar à vista intervenções estéticas, Andrezza apostou no parcelamento em até 12 vezes de qualquer procedimento. Mais do que isso, vendo que o limite de crédito ou a falta de cartão poderiam ser impeditivos, ela procurou a parceria de uma financeira e lançou o “carnê da beleza”, uma modalidade de pagamento mensal que não comprometeria o limite familiar.
Além das opções de pagamento, outra aposta arriscada da empresa é em trabalhar com preços muito abaixo do que o mercado tradicional cobraria. O lifting facial não cirúrgico, feito com fios de sustentação, por exemplo, é comercializado a partir de R$ 150 na loja, enquanto os preços praticados no mercado podem chegar até R$ 3 mil por unidade. Outro queridinho, o botox, custa na Royal Face R$ 790, quando a média é de R$ 1,2 mil.
“Construí esse negócio durante toda a crise econômica, olhando as coisas de forma otimista. Eu tenho para mim que estamos trabalhando incansavelmente para dar o nosso melhor, por isso olho o futuro desse negócio com crescimento, da estrutura, dos clientes e das unidades”, pontua.
Nos planos da marca está o lançamento de um call center, específico para atender franqueados e clientes, além da criação de uma importadora própria, para reduzir os custos de aquisição de produtos, sobretudo coreanos, país considerado uma das mecas do mercado de beleza.
Marketing
Quando se trata de beleza, não basta apresentar uma clínica luxuosa, cobrar preços acessíveis e treinar os funcionários ao extremo. Também não são suficiente as viagens constantes a Coreia do Sul, local onde a empresária vai em busca de referências profissionais e de marcas.
Para Fusaro, o que realmente está impactando sua clientela é a presença de marketing e nas redes sociais.
“Estamos falando com mulheres que muitas vezes acabaram de entrar no Instagram ou Facebook e não estavam se encontrando nas imagens super produzidas de meninas de 25 anos”, explicou. “São mulheres que querem ver uma beleza alcançável, querem se ver nas imagens”, explicou.
Por isso a estratégia da marca passa por mostrar as rugas, papadas e outras vilãs de forma natural. “Elas querem se ver ali. São mulheres que usaram o cartão para cuidar da família e de todo mundo, chegaram aos 60 anos e olharam no espelho percebendo que não haviam cuidado de si mesmas”, resume. “Elas decidiram que o melhor investimento é em si mesmo”, finaliza.