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Com a queda no volume de passageiros causada pela pandemia de Covid-19, muitas viações encontraram na entrega de produtos uma solução para manter receita e evitar que as contas entrassem no vermelho. No Paraná, as duas maiores -- Princesa do Campos e Garcia – intensificaram sua aposta em seus braços de logística.
"[Nossa receita] Sempre foi 60/40. 60% [de receita com o braço de transporte de] passageiros, 40% com encomendas. Com a pandemia, isso inverteu. 40% ficou no passageiro e 60% nas encomendas. A gente acredita que com a retomada tende a ficar 50% a 50%", afirma Gilson Barreto, CEO da Expresso Princesa dos Campos, de Ponta Grossa.
A empresa paranaense viu seu serviço de entregas crescer a uma ordem de 13% no ano passado, auge da pandemia, e projeta uma nova alta entre 13% e 15% em 2021. O resultado ajudou a companhia a passar, sem grande susto, pelo período mais crítico da história para as viações. "Como empresa, hoje a gente pode dizer que estamos 100% com as nossas contas em dia. Todas as nossas certidões negativas estão em dia. Estamos permitidos a participar de licitações. Para se ter ideia, tem municípios que entramos para participar de licitações e que somente a Princesa dos Campos conseguiu se inscrever", aponta Barreto.
A Princesa dos Campos atua com entrega de encomendas para empresas (não atende serviço de e-commerce) há 36 anos. Hoje, sua estrutura conta com mais de 600 veículos transportando produtos de São Paulo ao Rio Grande do Sul. As entregas são diárias e emergenciais. No Paraná, por exemplo, a Princesa tem serviço de entregas em menos de 20 horas.
"Até 2025 pretendemos expandir para outras regiões do país. Temos um plano bem arrojado de crescer a nossa operação de encomendas. A gente quer fechar a região Sudeste, depois avançar para Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Já fizemos estudos para isso", diz o CEO, que não revela dados absolutos de faturamento.
A Viação Garcia - Brasil Sul, de Londrina, também se apoiou, embora de forma mais discreta, em seu braço de entregas. O serviço também não é novo, mas ficou em evidência por conta da pandemia. A empresa chegou a ter quebra de 90% de suas operações de transporte de passageiros e, ainda hoje, o faturamento ainda é de 60% em relação ao período pré-pandemia.
“O serviço de encomendas na Viação Garcia sempre existiu. A marca H24, por exemplo, que foi colocada em evidência nesse momento por conta do crescimento pela procura de serviços de despacho de mercadorias, foi criada em 1990 e ficou muito conhecida por oferecer entregas de encomendas no prazo de 24 horas", disse por nota o vice-presidente da companhia, Estefano Boiko Junior.
"O crescimento do e-commerce, que depende da logística de entrega, está sendo uma oportunidade de mercado. Não vemos como alternativa [à queda no transporte de passageiros] e, sim, como um nicho de negócio que está em crescimento. Hoje já representa mais de 10% do faturamento do grupo”, aponta o vice-presidente.
Na Garcia, o braço de entrega atua nas regiões Sul e Sudeste e tem uma frota de 120 veículos.