Minhas férias escolares eram sempre na casa da vó, que morava no interior de São Paulo. Como a pequena Presidente Epitácio era — e ainda é — muito quente, nossa brincadeira do dia era ajudar a vó Délia a regar as plantas umas duas vezes ao dia. E, para uma criança ansiosa, a tarefa simples parecia ser muuuito longa. Dona Délia tinha muita planta espalhada pelo quintal. Latas de tinta, bacias antigas, potes de margarina, latas de conserva, tudo virava vaso. Até mesmo um carrinho de mão se transformou numa pequena plantação de morangos.
Sempre vi beleza em tudo aquilo e hoje consigo entender a importância estética do quintal da vó Délia. Ela, tão dedicada com as plantinhas, sempre gostou de cultivar o verde — mesmo que o quintal não tivesse um pelo menos centímetro quadrado de terra. As samambaias e flores do campo deixavam tudo mais leve, mais afável.
Hoje o quintal da vó ganhou status de décor vintage nas sacadas e nas varandas. O que era simples virou repaginado, upciclyng, hipster! Vamos deixar a tendência de lado. O que mesmo importa é a nostalgia que nos envolve com o verde singelo. Jogue uma cadeira de fio plástico, umas plantinhas na parede e lembre-se sempre: a casa precisa ter personalidade.