O Briguet Sem Medo desta quarta (4) vai falar sobre os padres citados pela Polícia Federal na operação Contragolpe, em que militares e antigos auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro foram presos e sofreram busca e apreensão por, supostamente, terem planejado assassinar, logo após as eleições, o então presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o então vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Não existe direita nem conservador: só extrema-direita e ultraconservador
Para a mídia brasileira não existe conservador, existe ultraconservador. Não existe direita, existe extrema-direita. É sempre assim. A mídia colaboracionista do regime sempre desqualifica a direita como se ela fosse algo que não pertence à esfera da normalidade. É sempre assim. Sempre que a direita ou o conservadorismo são mencionados. É a nova narrativa. Eles precisam criar a ilusão de que existe uma rede, um funcionamento dentro da igreja, uma rede destinada a solapar a democracia. A tese é essa: um núcleo religioso trabalhando contra a democracia. Essa é a tese da esquerda brasileira.
Quem são esses padres ultraconservadores citados no relatório da Polícia Federal? Vamos lembrar que um deles foi indiciado: o padre José Eduardo. Não existe o menor vestígio de crime no que o padre fez. A mensagem que eles chamam de oração do golpe, na verdade, é uma mensagem a militares que iam participar daquela comissão que apurou as eleições de 2022, apenas isso.
Outros três padres foram citados. O padre Padre Genésio, que é de Anápolis, o Padre Paulo Ricardo, que é da diocese de Cuiabá e o Frei Gilson. Frei Gilson reúne milhões de pessoas nas suas transmissões ao vivo. Às quatro da manhã ele consegue reunir quase um milhão de pessoas para rezar o rosário com ele. Juntos eles têm quase dez milhões de seguidores nas redes sociais para falar da Bíblia. Deve incomodar muito porque ele são um sucesso de público.
O livro “Catecismo da Igreja Católica” é outra arma que os padres utilizam. Eles também são acusados na mídia de serem ativistas contra o aborto. Graves delitos cometidos pelos quatro padres citados no relatório da Stasi Alexandrina.
O Frei Gilson fez uma coisa gravíssima: gravou um especial com a Brasil Paralelo. Como é que é possível isso? Um padre gravar um especial com a maior produtora de vídeos de conteúdo audiovisual do Brasil. O padre Paulo Ricardo, por sua vez, além de fazer os seus cursos, as suas palestras, as suas aulas, de ser um padre que está formando uma nova geração de padres, é acusado de ser amigo de Olavo de Carvalho. Olha só, esse é o crime do padre Paulo. E o crime do padre José Eduardo é ser amigo do Filipe Martins.
O Brasil pode virar a Nicarágua
Todos os governos revolucionários da história desde a revolução francesa até perseguem a igreja, perseguem os padres. Revolução Francesa, Revolução Cubana, Revolução Russa, Revolução Mexicana, Revolução Chinesa, todos os processos revolucionários ao longo da história perseguiram a igreja e o caso mais recente e mais terrível é o da Nicarágua, onde os padres estão sendo perseguidos, presos, bispos já foram presos, pessoas perseguidas unicamente pela sua fé. Estão sendo perseguidas pelo governo comunista da Nicarágua. Na Revolução Russa foi assim. Lenin, Trotsky e Stálin perseguiram a Igreja. Mao Tse-Tung perseguiu a Igreja. Xi Jinping persegue a igreja hoje. Fidel Castro perseguiu a Igreja. Che Guevara perseguiu a Igreja. Ao longo da história, a perseguição sempre aconteceu. E é natural que eles persigam os padres, porque os padres sabem que a solução, que a redenção de um país não será feita pela via política. A redenção do Brasil será espiritual, não será uma revolução, será uma ressurreição. E é isso que o sistema não pode permitir.
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Uma análise sem amarras sobre os fatos da política e do cotidiano em formato de crônica, com o jornalista Paulo Briguet. Todas as quartas e domingos, às 20h, no site da Gazeta do Povo, nos aplicativos de Android e Iphone e no canal do YouTube.
