Em setembro, manifestantes de Belo Horizonte pediram anistia aos que foram presos injustamente por suposta participação nos atos de 8 de janeiro de 2023.| Foto: Cristiane Miranda/Gazeta do Povo
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“Falta aos melhores convicção, enquanto os piores/ Estão cheios de ardor apaixonado.”
(W. B. Yeats)

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Nada hoje é mais importante para o Brasil do que acabar com o pesadelo dos presos e exilados políticos do 8 de janeiro. Neste domingo (1º de dezembro), a Igreja Católica celebrou o início do período do Advento, em que aguardamos o nascimento de Jesus Cristo, Filho de Deus que se fez homem. É um tempo de esperança e compaixão.

Não apenas os cristãos, mas qualquer pessoa razoavelmente sensata — que ainda tenha um coração de carne e não esteja totalmente dominada pela cegueira política — sabe que os brasileiros presos no dia 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes (ou no dia 9 de janeiro no QG de Brasília) não tinham a menor condição de praticar um golpe de estado. É o chamado crime impossível. 

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Elas estavam lá porque foram iludidas. Acreditaram que algo aconteceria no sentido de reverter o golpe político-revolucionário das eleições de 2022. Elas protestavam contra esse golpe, o único golpe que realmente existiu; alguns irresponsáveis alimentaram-lhes as esperanças (“Vamos inflamar as massas!”); e o silêncio ambíguo do líder em quem mais acreditavam ainda lhes parecia dizer alguma coisa. Nada mais que isso. Não há crime em ser vítima de uma ilusão.

Faço aqui um apelo a todos os políticos de direita e de centro, independentemente de partidos, simpatias e ambições: 

Libertem essas pessoas! 

Vocês podem fazer isso e, no fundo, sabem que é a atitude mais justa a ser tomada. Não caiam no discurso da esquerda, que hoje pode lhes oferecer migalhas de poder, mas amanhã não terá o menor escrúpulo em destruí-los impiedosamente. 

Aprovam o projeto para anistia das vítimas do 8 de janeiro. Salvem a vida desses homens e mulheres de bem, que, em sua esmagadora maioria, jamais cometeram e nem virão a cometer nenhum crime na vida; que em sua esmagadora maioria jamais tiveram a pretensão de se beneficiar com posições de poder.

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Pessoas que, em sua esmagadora maioria, não tinham a mínima ideia do que estava acontecendo naquela fatídica tarde de domingo (como se fossem uma multidão de Fabricios Del Dongos perdidos numa Batalha de Waterloo sem glória e sem heroísmo); que em sua esmagadora maioria só queriam levar uma vida de trabalho, paz e tranquilidade com suas famílias, sem serem roubados e perseguidos (como estão sendo) pelo governo de turno. 

São pessoas que, em sua esmagadora maioria, poderiam ser o nosso pai, mãe, filho, filha, irmão, irmã, o nosso próximo, o nosso igual e nós mesmos.

Ao salvar a vida dessas pessoas, impedimos o colapso total do país. Porque o destino dos presos do 8 de janeiro será o nosso destino — e a sua ruína será a ruína de toda a nação

Dias atrás, a jornalista Karina Michelin leu uma carta do meu amigo Gilberto Ackermann, condenado a 16 anos de prisão por se esconder das bombas em um prédio público — e eu simplesmente não consigo entender por que ele e outros 60 brasileiros exilados na Argentina precisam se refugiar em lugares inóspitos como animais raivosos. Gilberto disse com todas as letras:

— Clezão morreu na minha frente. E eu prefiro morrer a voltar para o inferno daquela prisão.

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Não é possível que vocês, deputados e senadores eleitos por homens e mulheres de bem, permaneçam impassíveis diante desse sofrimento indizível e excruciante. 

Quantas mortes inocentes serão necessárias para vocês entenderem que essa história já foi longe demais? Quanto sangue brasileiro terá de ser derramado para sustentar uma narrativa que vocês sabem ser apenas um engodo político? Quantas mães e filhos vão ter que padecer o martírio de seus entes queridos?

É preciso iniciar um movimento nacional pela anistia ampla, geral e irrestrita dos patriotas. Quanto aos políticos, vejam depois! O importante, agora, é dar liberdade a esses brasileiros comuns tragados pela Cidade de Caim.

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