“Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.” (Mt 10, 22)
O Ministério Público da Bahia marcou, para o próximo dia 27 de janeiro, uma audiência pública para discutir a denúncia de racismo religioso contra a cantora Claudia Leitte. O “crime” de Claudia consistiu em trocar um verso da canção “Caranguejo”, substituindo a frase “saudando a rainha Iemanjá” por “eu canto meu Rei Yeshua”, que é o nome de Jesus em aramaico. A denúncia foi formalizada pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro).
O nome de Jesus (forma latina de Yeshua) não foi dado por nenhum ser humano, mas por um anjo de Deus. Conforme o Evangelho de São Lucas, o anjo dirigiu as seguintes palavras a Maria, uma jovem de Nazaré:
“Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”. (Lc 1, 30-33)
Mais tarde, quando Maria e José apresentaram Jesus no Templo de Jerusalém, um homem justo e piedoso chamado Simeão profetizou que o nome daquele menino seria motivo de grandes conflitos:
“Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma”. (Lc 2, 34-35).
O próprio Jesus, em sua vida pública, afirmou que o seu nome causaria perseguição e ódio contra os fiéis:
“Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infame por causa do Filho do Homem!” (Lc 6, 22)
No último dia 3 de janeiro, a Igreja comemorou a Festa do Santíssimo Nome de Jesus, instituída oficialmente em 1530. A festa coincide com a data da circuncisão de Jesus, quando os judeus tinham por hábito escolher o nome dos recém-nascidos. São Bernardino de Siena, que possuía grande amor pelo nome de Jesus, afirmava:
“Este é aquele santíssimo nome desejado pelos patriarcas, esperado com ansiedade, suplicado com gemidos, invocado com suspiros, requerido com lágrimas, dado ao chegar à plenitude da graça”.
A cantora Claudia Leitte, que se tornou evangélica em 2014, tem em seu coração esse amor pelo nome de Jesus, compartilhado por todo o povo cristão.
Por qual motivo ela deve ser impedida de manifestar a sua fé publicamente, por meio da sua voz e do seu trabalho? Por que o MP da Bahia insiste em transformar uma licença poética em crime? Por meio de quais malabarismos retóricos se pode confundir a troca de um verso em uma canção não-religiosa com a prática de um crime?
Onde estão a liberdade artística e a liberdade religiosa — o tempo delas também acabou, como disse o Flávio Dino sobre a liberdade de expressão? Se o simples fato de propagar a fé cristã ofende as outras crenças, quanto tempo levará para que padres e pastores comecem a ser presos?
O Cristianismo é a base da nossa civilização e a fonte maior de nosso ordenamento legal.
Ao criminalizar o uso do nome de Jesus, o Ministério Público da Bahia ofende a fé da maioria dos brasileiros e utiliza a máquina pública para uma aberta perseguição religiosa
O mais bizarro é que esse espetáculo ideológico esteja sendo montado no estado mais violento e inseguro do país, onde o poder público tem inúmeros problemas realmente sérios a enfrentar, a começar pelo número de homicídios.
No dia 27 de janeiro, data da audiência pública marcada pelo MP-BA, a Igreja comemora o dia de Santa Ângela Mérici (1470-1540), cuja última palavra antes da vida eterna foi justamente o nome de Jesus.
O mais irônico é que tudo isso acontecerá na cidade que leva o nome de Salvador. Espero que o nome da capital também não venha a ser considerado ofensivo.
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