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Paulo Briguet

Paulo Briguet

“O Paulo Briguet é o Rubem Braga da presente geração. Não percam nunca as crônicas dele.” (Olavo de Carvalho, filósofo e escritor)

Na colônia penal

Daniel Silveira vai para o Gulag de Moraes

Imagem ilustrativa. (Foto: Isabella Mendes/Pexels)

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Em janeiro de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, o capitão do Exército russo Aleksandr Soljenítsin, condecorado por bravura em campo de batalha, enviou uma carta a seu amigo Nikolai Vitkevich, na qual fazia críticas a algumas decisões do ditador soviético Josef Stálin. Interceptada pela censura militar, a correspondência gerou um processo judicial contra Soljenítsin.

Em 9 de fevereiro, ele foi preso, interrogado e destituído de sua patente militar. Quatro meses mais tarde, um tribunal comunista o condenou a oito anos de prisão e trabalhos forçados por “agitação antissoviética”. 

Passou os anos de sua pena no famigerado Gulag, o sistema de campos de concentração do regime soviético. Mais tarde, Soljenítsin escreveria “Arquipélago Gulag”, obra que denuncia as atrocidades do regime comunista. Em 1970, o capitão preso por escrever uma carta recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.

Meus sete leitores já tiveram a oportunidade de recapitular a história do preso político Daniel Silveira, atualmente sequestrado pelo regime PT-STF.

Daniel teve sua vida destruída, seus bens confiscados, sua família perseguida e sua liberdade roubada, até a presente data, por 957 dias. O seu crime — que ensejou um teratológico “mandado de prisão em flagrante” — foi ter gravado um vídeo com críticas e ofensas aos ministros do STF, quando era deputado federal e tinha imunidade parlamentar.

Condenado a oito anos e nove meses de prisão curiosamente, uma sentença quase igual à de Soljenítsin —, Daniel já cumpriu 25% da pena e poderia progredir para o regime semiaberto. Ele também já pagou uma multa de R$ 230 mil (com doações de apoiadores, pois seus bens e os de sua família estão confiscados), passou pelo exame criminológico e teve sua conduta considerada “excelente” pelas autoridades prisionais.

Se fosse um assassino, um traficante, um estuprador, um pedófilo ou, é claro, um ladrão dos cofres públicos, Daniel já estaria livre, na companhia de sua esposa, suas filhas e sua mãe. Mas Daniel não é um criminoso como os anteriormente citados: ele é um inimigo de um Estado pessoalmente regido pelo imperador calvo. 

Como tal, ele não irá para sua família, mas para a Colônia Penal de Magé.

Por decisão de Alexandre de Moraes, Daniel Silveira será o primeiro preso da história a progredir de regime para o Gulag

Esse é um recado para todos nós, meus amados sete leitores. Quem desagradar o sistema hoje personificado não apenas no regime PT-STF, mas também nos próceres da direita permitida, como Tarcísio e Malafaia terá como destino o Gulag brasileiro. 

Na crônica anterior, sobre Daniel Silveira, eu iniciei o texto com uma citação do romance “O Processo”, de Franz Kafka. Concluo esta segunda crônica sobre o mesmo tema citando um trecho do conto “Na Colônia Penal”, publicado pelo genial autor tcheco em 1919:

“Nossa sentença não é severa. O comando que o condenado infringiu é escrito pelo rastelo em seu corpo. Este condenado, por exemplo [...] terá escrito em seu corpo: Honra a teus superiores!” 

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