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Paulo Briguet

Paulo Briguet

“O Paulo Briguet é o Rubem Braga da presente geração. Não percam nunca as crônicas dele.” (Olavo de Carvalho, filósofo e escritor)

Bashar al-Assad e companhia

Ditadores e censores merecem a lata de lixo da história

Um apoiador da oposição síria residente na Sérvia rasga um retrato de Bashar al-Asad enquanto celebra a tomada rebelde de Damasco na embaixada síria em Belgrado, Sérvia, 8 de dezembro de 2024. (Foto: Andrej Cukic/EFE/EPA)

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Ao receber a notícia da queda do ditador Bashar al-Assad, após 53 anos de regime autoritário na Síria, lembrei-me de uma famosa frase proferida pelo líder comunista Lev Trotsky em 25 de outubro de 1917, assim que os bolcheviques tomaram o poder na Rússia:

“Vocês são indivíduos isolados, dignos de piedade. Estão falidos; já representaram seu papel. Vão para o lugar que lhes cabe de agora em diante — a lata de lixo da história!”

Na ocasião, um vitorioso Trotsky se dirigia aos seus adversários políticos, logo após o golpe de estado que levou os comunistas russos ao poder. Nos meses e anos seguintes, tornar-se-ia bem claro o que significava, para os comunistas, jogar os inimigos políticos na “lata de lixo da história”. 

Só nos primeiros anos da revolução, os bolcheviques liderados por Lênin e Trotsky fecharam todos os jornais anticomunistas e colocaram na ilegalidade todos os partidos de oposição. Ainda iniciaram uma perseguição implacável aos dissidentes do regime que acabaria por provocar o genocídio de 150 milhões de seres humanos, vítimas do sistema político mais assassino de toda a história. 

A censura e a eliminação de adversários constituem não simples ocorrências, mas os princípios básicos do projeto de poder socialista. A propósito, o Partido Baath, ao qual pertence Bashar al-Assad, é uma organização política vinculada ao chamado socialismo árabe.

Ironicamente, doze anos depois de seu famoso discurso, Lev Trotsky foi expulso da União Soviética e acabaria sendo assassinado em 1940 a mando de seu arquirrival Josef Stálin. Trotsky também foi jogado na “lata de lixo da história”.

Esse é, de fato, o destino de todos os que fazem da destruição da sociedade civil e do agigantamento do Estado os seus principais objetivos no exercício do poder

Cedo ou tarde, os ditadores e censores acabarão sendo julgados por um justo juiz.

No Brasil, a prioridade do governo socialista de Lula não é a economia, nem a educação, nem a saúde, nem a segurança — mas a censura. Isso porque, para colocar em prática a agenda de destruição do país, é necessário a qualquer custo impedir a divulgação da realidade.

Na época em que era possível controlar a livre circulação das notícias por meio da classe jornalística majoritariamente esquerdista, os donos do poder podiam realizar os seus projetos sem grandes incômodos. 

Agora, quando o monopólio das informações não pertence mais à militância de redação, é preciso destruir as redes sociais e calar a oposição. Não dá mais para segurar a verdade e criar uma oposição fictícia, como aconteceu durante toda a famigerada Nova República.

Com a eleição de Donald Trump, o atual regime PT-STF acelerou o processo de controle social da informação através da censura. Na última semana, três altas autoridades da República — o ministro da Justiça, um membro do Supremo Soviete Federal e o chefe da Polícia do regime — fizeram declarações grotescas que apontam nesse sentido.

“Se da tribuna um deputado comete crime contra a honra, seja contra colega ou qualquer cidadão, ele não tem imunidade. Até porque isso inviabilizaria a convivência no Parlamento. O STF já consolidou essa jurisprudência, e os inquéritos da PF consideram esse entendimento. (...) Há limites para tudo, não há nenhum direito absoluto. Nem o direito à vida.”

Ao seu lado, o delegado-chefe da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, emendou:

“Imagina você chegar na tribuna e anunciar venda de cocaína, maconha, crianças... É razoável isso?”

Com essas afirmações bizarras, que não resistem à argumentação de um primeiranista de Direito, o ministro da Justiça e o chefe da PF simplesmente demonstraram que, para eles, o Artigo 53 da Constituição Federal deve ser jogado no lixo.

De quebra, o ministro petista relativizou um bem que não foi criado nem concedido por nenhum homem ou Estado, mas pelo próprio Deus — o direito à vida

No mesmo dia, durante a discussão do Marco Civil da internet — na verdade, um golpe de ativismo judicial para sepultar de vez a liberdade de expressão nas redes sociais — foi a vez de Dias Toffoli, o ex-advogado do PT transformado em ministro do STF, fazer uma comparação absolutamente desprovida de lógica elementar:

“Nós podemos entender que aquilo que aquele policial fez em São Paulo na ponte é uma liberdade de expressão? Se nós levarmos a liberdade de expressão ao absoluto, ele estaria protegido pela liberdade de expressão! (...) O marido que bate na mulher dentro de casa, isso é liberdade de expressão?”

Não foi por acaso que essas falas ocorreram no mesmo dia. Elas mostram a disposição do regime PT-STF em ignorar os limites da razoabilidade para estabelecer o império da censura no Brasil, blindando o governo Lula de todos os golpes que a realidade insiste em lhe desferir.

Felizmente, ainda há vozes no Parlamento capazes de enfrentar esse turbilhão de insanidades. É o caso do deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS). Na cara do ministro do PT e delegado-chefe da Stasi alexandrina, Van Hattem desafiou-os:

“Se estou fazendo um crime contra a honra, porque o seu chefe da Polícia Federal, diretor Andrei, não me prende agora em flagrante delito? Se é um crime contra a honra que estou cometendo, que me prenda. Mas isso não acontece, porque a covardia age nas sombras”.

Ante as declarações de Lewandowski, Andrei e Toffoli, um grupo de deputados decidiu criar a Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade de Expressão, presidida pela deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC). É um passo importante, mas precisamos de mais: é urgente criar um Movimento Nacional Contra a Censura, com a participação de amplos setores da sociedade civil.

Porque a censura deve ter o mesmo destino dos ditadores como Lênin, Trotsky, Stálin e Assad: a lata de lixo de história!

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Conteúdo editado por: Aline Menezes

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