A realidade brasileira encontra eco na literatura, que há muito antecipa a mentalidade dos tempos atuais marcada pela disposição de cometer crimes em nome de um projeto político. Foi assim em Crime e Castigo, Os Demônios e O Alienista, clássicos de diferentes autores que expõem uma mesma premissa: a inversão de valores observada em processos revolucionários, em que criminosos são libertados e inocentes são punidos.
No vídeo, o cronista Paulo Briguet faz um paralelo entre essas histórias e a atualidade com o caso de réus como os presos do 8 de Janeiro e Filipe Martins, ex-assessor presidencial detido sob acusação de ter realizado uma viagem internacional. Mesmo com provas de sua inocência, Martins passou seis meses detido e, após ser libertado, continua sendo tratado como criminoso. Uma clara distorção de realidades dentro da "juristocracia" em que vive o Brasil.
A saga de Filipe Martins e dos presos do 8 de Janeiro
Filipe Martins foi para a prisão em fevereiro deste ano e ficou detido preventivamente durante seis meses, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que alegou que ele havia tentado fugir do país em um voo presidencial no dia 30 de dezembro de 2022. Martins foi assessor da Presidência da República na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e é investigado de participar de uma suposta trama para um golpe de Estado.
Após a defesa apresentar diversas provas de que ele não saiu do Brasil e estava, na verdade, vivendo em Ponta Grossa, no interior do Paraná, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou parecer favorável à soltura.
No dia 9 de agosto deste ano, Moraes revogou a prisão e impôs uma série de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar à noite, proibição de sair da cidade e apresentação à Justiça toda segunda-feira. Ele também é impedido de usar as redes sociais, manifestar-se publicamente e manter contato com outros investigados.
Já os presos do 8 de Janeiro seguem em situação semelhante. São pais de família que não viram filhos nascerem e crescerem desde o episódio, além de adoecimentos frequentes entre réus e seus familiares.
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