“Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai.”
(1 Jo 2,15)
Na saída da missa, sou abordado por um de meus sete leitores. Ao lado dele, está um garoto de 17 anos.
— Briguet, que conselho você daria ao meu filho que vai entrar na universidade agora?
Olho bem para o rapaz: magro, alto, tímido e simpático. Usa um crucifixo de metal. Poderia ser meu filho (o Pedro é só um pouco mais novo que ele); mas também poderia ser aquele menino ainda adolescente que chegou a Londrina 36 anos atrás e desceu no ponto de ônibus errado em seu primeiro dia na universidade.
Volto-me para o garoto. Coloco a mão no seu ombro esquerdo e digo calmamente:
— Meu jovem, prepare-se. A sua fé vai ser testada.
Em 1989, quando entrei na UEL, já tinha perdido a fé. Dizia a todos não acreditar em nada. Rosângela, minha colega de turma, nunca tinha visto um ateu antes de me conhecer. Ela jamais poderia imaginar que nos casaríamos na Igreja 18 anos depois.
Na missa do dia seguinte, encontro novamente meu leitor e o seu calouro da universidade. Para minha surpresa, é o rapaz quem faz a leitura do dia. Ele lê uma passagem do Livro de Jonas:
“E foi dirigida segunda vez a Jonas a palavra do Senhor, a qual dizia:
‘Levanta-te e vai à grande cidade de Nínive, e prega nela a pregação que eu te ordeno’.
Jonas levantou-se e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Ora, Nínive era uma grande cidade, que exigia três dias de caminhada.
Jonas começou a entrar na cidade, andando por ela um dia, e clamava, dizendo: ‘Daqui a quarenta dias Nínive será destruída!’”
Como se vê, a missão de Jonas era profetizar a destruição de Nínive, uma cidade corrompida pelo pecado e pela impiedade. Era uma tarefa tão difícil e perigosa que, a princípio, Jonas tentou fugir, embarcando em uma viagem para o outro lado do mundo. Acabou sendo engolido por um grande peixe, passando três dias e três noites em seu ventre, até ser expelido em uma praia e concluir que não havia escapatória: teria de enfrentar Nínive.
O mais surpreendente é que Jonas foi bem-sucedido em sua missão. Ele conseguiu fazer com que os ninivitas se arrependessem de seus pecados e fizessem penitência, evitando assim a destruição da grande cidade.
A universidade pública hoje é Nínive: um lugar completamente afastado das coisas de Deus.
A mentalidade revolucionária, a ideologia, o vício, o pecado, o materialismo, o hedonismo e a perversa cultura identitária devoraram quase toda a instituição
Restam alguns dissidentes, cada vez mais acuados e perseguidos. Mas é justamente aí, nesses focos de resistência obstinada, que o meu jovem amigo deve depositar suas esperanças e sua atenção.
Irmãozinho, você deve fazer tudo aquilo que eu não fiz no meu período universitário. Tenha uma vida de oração, leia a Bíblia, estude a vida e a obra dos santos, reze o Santo Rosário (comece agora com o Frei Gilson), frequente os sacramentos, observe os dez mandamentos, faça confissões semanais, vá à missa e comungue todos os dias.
Então, um dia, depois de ter passado por um período de silêncio e recolhimento (equivalentes aos três dias e três noites em que Jonas passou no ventre da baleia), você se sentirá forte e capaz de pregar a conversão em Nínive. Não será hoje, não será amanhã, mas esse dia vai chegar e determinará o curso da sua vida.
Não se afaste de Deus, não deixe nunca de pedir a proteção de Jesus e de Sua Santa Mãe. Não ame as coisas do mundo como eu amei. Não espere chegar aos 30 anos para se ver diante de uma igreja incendiada e dizer que aquele templo destruído é a sua alma — como aconteceu comigo. Abra o seu coração para a Verdade, e tudo lhe será acrescentado.
Boa sorte, meu jovem Jonas. Deus está com você.
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